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GERAL

SMED organizou o I Fórum Municipal da Diversidade

O evento aprofundou a discussão de temas relevantes no tocante à diversidade, do respeito para com o outro

20/11/2014 - 18:10


Os dias 18 e 19 de novembro ficaram marcados na história de Toledo. Nestas datas foi realizado o I Fórum Municipal da Diversidade. O evento aprofundou a discussão de temas relevantes no tocante à diversidade, do respeito para com o outro. A atividade foi realizada no Auditório Cândido de Oliveira, na Universidade Paranaense (Unipar) e organizada pela Secretaria Municipal da Educação (SMED). Participaram do evento sujeitos de vários movimentos ligados à diversidade. Na terça-feira (18) o Fórum foi aberto com uma apresentação de ‘Dança Africana e Afro-Brasileira’, com a participação dos alunos do Colégio Estadual Jardim Europa, orientados pelas professoras Cleide Pizzatto e Shirlei Bracht.

Segundo a secretária da SMED, Tania Elisete de Grandi, já existe nas escolas e centros municipais de educação infantil espaços pedagógicos onde é abordada a temática que tange diversidade, além de conteúdos trabalhados de forma transversal em disciplinas curriculares, mas com o Fórum, estas ferramentas poderão ser melhor aproveitadas. Para aprofundar a discussão, o evento contou com a participação de diversos estudiosos do assunto.

A psicóloga Thayz Conceição Cunha de Athayde explicou o dueto identidade de gênero versus orientação sexual. Segundo ela, os discursos nas escolas ainda continuam sendo patológicos, ou seja, tratando os assuntos de diversidade sexual como um problema clínico e a ideia trazida pela palestrante é de despatologizar a escola, desmistificar o discurso dos profissionais em relação às identidades de gênero e diversidade sexual.

Sobre o acolhimento ou procedimento que as escolas devem ter perante os alunos homossexuais, Thayz esclareceu que o primeiro passo é conversar com o aluno e deixar que ele exponha seus sentimentos para assim direcionar as ações da escola. “Caso a escola não saiba lidar com esse aluno, deve então procurar a Secretaria da Educação e pedir auxílio”, disse Thayz que tratou ainda sobre questões ligadas ao feminismo. “Algumas pessoas acreditam que feminismo é falar contra os homens e isso prejudica o entendimento do real significado dos estudos feministas”.

Outro palestrante, já na quarta-feira (19), foi o professor doutor Ariovaldo de Oliveira Santos, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Ele discutiu o tema ‘Trabalho Decente e Mundialização: Uma Via de Possibilidade Para a Inclusão Social?’. Ariovaldo disse que o capitalismo produz a degradação contínua da existência, a qual é mantida a partir do ponto de vista da exploração aceitável e digna, ou seja, por meio da criação do trabalho decente, no qual aumenta o poder de compra do trabalhador, que se contenta com esta condição, sustentando-a na “ilusão” da possibilidade da exigência do cumprimento de seus direitos, por parte do empregador. O evento também contou com a participação de representantes de comunidades quilombolas e movimentos negros.

Desembargadora

Uma presença no I Fórum Municipal da Diversidade foi marcante. Filha de um vaqueiro e de uma costureira e neta de escravo, a desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ – BA), Luislinda Dias de Valóis Santos, pode compartilhar um pouco de sua história. Ela afirmou ter sofrido, por diversas vezes, o preconceito racial, circunstância que lhe inspirou a buscar a judicatura. Formada em Teatro e Filosofia, antes de concluir a graduação em Direito, Luislinda foi procuradora-geral do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) e foi aprovada em um concurso para a Advocacia Geral da União (AGU).

Em sua fala, a desembargadora apontou a necessidade da presença dos sujeitos negros no cenário brasileiro, nos ministérios, nas administrações púbicas, na prática docente e assim por diante, além da exigência do Ministério das questões raciais do Brasil. Luislinda mencionou ainda que as cotas são necessárias para que o negro tenha a oportunidade de mostrar seu potencial. Luislinda foi autora da primeira sentença de condenação por racismo no país, em 1993.

Mesa de debates

Durante o Fórum foram realizadas diversas mesas de discussões. A que encerrou os trabalhos foi mediada pelo professor João Lopes que abriu os trabalhos passando a palavra para o preside o Centro de Direitos Humanos de Cascavel, Luiz Carlos Gaba, que afirmou que a diversidade enriquece as relações e quando se fala em direitos humanos deve-se respeitar o bem de todos. A palavra foi passada ao Wesller Nascimento que abordou conteúdo LGBT e em seguida o professor da Univel, Edilson Marques da Silva Miranda falou sobre questões históricas e mencionou a identidade negra, a qual muitas vezes é negada. Em seguida, a professora Ana Paula realizou uma fala alertando que não há possibilidade de falar pela pessoa com deficiência sem a presença dela. “De onde vem, de onde nasce a pessoa com deficiência”. Encerrando os assuntos da mesa foi passado o vídeo Camélias, e em seguida todos os participantes do fórum receberam uma muda de Camélia.

Avaliação

A secretária da Educação, Tania Elisete de Grandi, disse que o I Fórum Municipal da Diversidade representou um espaço de discussão e aprofundamento sobre uma abordagem já realizada nas escolas e centros municipais de educação infantil. “Fortalece o trabalho que já é desenvolvido. Trouxemos participantes que tem uma trajetória de vida nestes movimentos e a mudança, segundo eles, pode acontecer a partir da educação”. Tania ainda acrescentou que estas pessoas trouxeram sua bagagem, sua vivência para o Fórum.

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