“Educação gera conhecimento. Conhecimento gera sabedoria. Só um povo sábio pode mudar seu destino”. Deparei-me com esta frase de Samuel Lima há alguns dias e passei a refletir sobre. Em primeiro lugar não é necessário dar muitas voltas para dar de cara com o caos que se instalou no cenário político brasileiro. Deste modo, torna-se claro que não estaríamos nesta vergonhosa conjuntura, se fossemos um povo sábio.
A sabedoria, muito além do conhecimento, é manifestada através da humildade e respeito ao próximo. Uma pessoa sábia jamais é arrogante. Caso contrário é apenas uma pessoa inteligente, munida de conhecimento. E, certamente, não haveria conhecimento ou sabedoria sem um mestre que se põe a ensinar.
Chegamos a esse ponto socioeconômico, pois provavelmente aclamamos àqueles que não são dignos de nossa admiração, tampouco de nosso respeito. Fácil é defender políticos desse ou daquele partido e esquecer do professor que na terceira série lhe ensinou a tabuada. Ou mesmo, do professor que se dispõe a paciente e generosamente ensinar seus filhos. E ressalto a palavra ensinar, não educar.
Mas a questão não é tão simples e a história é bem mais antiga que a crise. A questão é cultural. E nada mais que isso. Lastimo por estrear minha coluna cultural no momento em que presenciamos um governo chacinar o Ministério da Cultura. Um assassinato aos direitos dos artistas, dos poetas, professores, circenses, comunidade LGBT, negros, índios, mulheres, entre tantos outros.
Um Brasil sonhador, criativo, que com o próprio improviso é capaz de ir além e mais um pouco assiste com desgosto a extinção de uma pasta tão importante para o progresso da população e história de sua identidade. A fusão entre o MinC (Ministério da Cultura) e MEC (Ministério da Educação), é o desmoronamento de um projeto moderno de desenvolvimento do país. Sinto que o Brasil está caminhando em marcha ré, tão retrógrado quanto os anos que antecederam 1985 - quando nasceu o MinC.
O Brasil dos 27 estados, do povo misógino, do samba, do carnaval, das praias e da caipirinha, hoje, não passa de belos cenários para milhões de trabalhadores coadjuvantes insatisfeitos e exaustos pela luta cotidiana, pelo grito oprimido por decretos absurdos.
A educação como prioridade só se dará quando a cultura do ensino for valorizada, quando a diversidade for respeitada por todos. Assim, portas e caminhos se abrirão e cada ser, em sua singularidade irá evoluir constantemente. Um povo com ciência, digno de sabedoria, só mudará o destino quando aprender a respeitar tudo aquilo que gira bem mais distante do seu próprio umbigo.
Quando a valorização da educação e da cultura for um princípio básico em nosso país, então sim, teremos um povo sábio pronto para mudar seu futuro.