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O amor é a sua religião?

A gratidão pelos pequenos acontecimentos é sucedida por um maravilhoso impacto chamado paz. E cá entre nós, paz não é aquela coisa gigante que desejamos para o mundo, paz é desejar sinceramente que o seu irmão, com todas as suas diferenças, seja tão feliz quanto você.

16/08/2016 - 16:42
Fran Baumgarten

Fran Baumgarten

Fran Baumgarten é uma comunicadora por natureza. Estudou Jornalismo, mas hoje se dedica ao Marketing. Usa o bom humor, que lhe é próprio, para traduzir o mundo a sua volta. Mas é o senso crítico que a faz ir além. Atualmente é colunista de Cultura na Casa de Notícias e nas horas vagas, o que a imaginação lhe permite ser.


Vamos amar o próximo? Vamos! Mas eu só vou amar os pobres brancos, os refugiados sírios e os homossexuais (desde que não se agarrem na minha frente). Com preto eu não me misturo não, e também não gosto de gordos, nada contra, só não gosto.

Errado. Muito errado! E se o seu ideal de religião consiste em pagar o dízimo da igreja e jejuar enquanto você recusa um “bom dia” para o seu vizinho, ou fala mal do colega com o corpo tatuado, também está muito errado. Amar o próximo como a si mesmo é um ato louvável, porém, exige um constante esforço e autocontrole colossal.

Reconheçamos que este gesto tão nobre de ver o outro como semelhante nunca será tarefa fácil, pois não fomos educados para isso. Ensinaram-nos que somos diferentes e nos fazem, desde pequenos, acreditar que a diferença social, racial ou de gênero é algo valoroso. As meninas aprendem que devem brincar de boneca e de casinha para ensaiar um possível futuro, pois tendem a ser somente frágeis. Os meninos aprendem a brincar com soldadinhos de guerra, a conduzir seus carrinhos e a ser um homem corajoso. A criança negra da favela aprende que tem que estudar para ser alguém na vida, enquanto a criança branca de classe média alta aprende que precisa estudar para não acabar na favela. Tudo bem, todos queremos vencer na vida não é mesmo?

Esqueceram de nos ensinar que neste percurso natural chamado vida, ninguém vence sem amor. E vai por mim, vencer não significa ter uma conta bancária recheada de notas de cem. E muito menos amar significa idolatrar todo mundo.

Amor se vê nos mais modestos e pequenos gestos. Naqueles que podem não nos custar nada, ou podem nos custar muito. Mas que no final das contas vai acalentar nosso coração e nos surpreender com um sorriso sincero antes de dormir.

Sabe onde eu não vejo amor? No pastor que cobra aquele penoso 10% do salário dos fiéis todo mês, mas desfila com a família em um carro do ano, quando sustentado apenas pelo “salário de pastor”. Ou aquela imensidão de ouro na igreja católica, sabe? Reflito sobre quantos pobres poderiam ser alimentados com um dos pilares de mármore que enfeitam o altar. Sabe aquele pai de família que trai a esposa e sequer considera que isso a destrói por dentro e fere muito o coração de seus filhos, e que, provavelmente, essa ferida nunca vai cicatrizar? E aquele machão homofóbico que tem pavor de ver dois homens de mãos dadas na rua, mas adora um vídeo pornográfico de duas mulheres? Poderia mencionar ainda, aquele indivíduo que lê a Bíblia todas as noites ao deitar-se, mas que acorda maldizendo tudo ao seu redor, inclusive o fato de ter de acordar cedo.

Eu não sou a boa samaritana da cidade, nem você tem a obrigação de merecer um prêmio Nobel da Paz. Ninguém nos disse que tínhamos que ser assim. Mas nós podemos. Se me der licença, gostaria de frisar que a gratidão pelos pequenos acontecimentos é sucedida por um maravilhoso impacto chamado paz. E cá entre nós, paz não é aquela coisa gigante que desejamos para o mundo, paz é desejar sinceramente que o seu irmão, com todas as suas diferenças, seja tão feliz quanto você.

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