O evento, no Olinda Park Hotel, reuniu cerca de 150 pessoas, entre professores, técnicos, profissionais de órgãos ambientais, produtores rurais, representantes das cooperativas e associações de suinocultores.
Segundo o vice-presidente do Oeste em Desenvolvimento, Elias Zydek, a produção de biogás e biofertilizante, além de ser um negócio lucrativo, elimina um gargalo importante das cadeias produtivas, que é a poluição ambiental gerada pelos dejetos.
O engenheiro ambiental Rafael Marques, do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), citou que a região Oeste do Estado tem potencial para produzir mais de 400 milhões de metros cúbicos de biogás por ano. Entretanto, utiliza apenas 10% dessa capacidade. “Nosso papel é incentivar essa exploração e mostrar qual a melhor alternativa para cada agricultor”, disse.
Marques acrescentou que na região mais da metade dos produtores são de pequeno porte, com até 1.400 suínos, o que inviabilizaria a produção de biogás. Porém, uma alternativa lucrativa seria comercializar o biofertilizante.
Hoje, a produção de biofertilizante é feita apenas para eliminar dejetos, de maneira amadora. Parte da produção é usada na propriedade e outra parte dividida entre os vizinhos, quando poderia ser um negócio lucrativo. “É necessário profissionalizar o negócio. Embalar, padronizar e vender.”
Nésio Camana, produtor de aves e leite em Matelândia, vende o esterco das galinhas para os vizinhos. “Eu sei que poderia agregar valor ao produto. É um negócio do futuro, pois hoje os fertilizantes são importados e caros, quando temos a matéria-prima para produzir um natural”, disse. E completou: “Estamos desperdiçando matéria-prima”.
Entretanto, o agrônomo da Embrapa Airton Kunz alertou que existe uma necessidade de balancear a composição dos dejetos, cuidando da alimentação do rebanho, manejo da água, condições de armazenamento e idade dos animais. “Quanto menos tempo de armazenagem, maior qualidade dos subprodutos. O ideal seria utiliza-los de hora e em hora, mas como não é possível, o adequado é colocar no biodigestor em no máximo sete dias”, explicou.
Energia
Durante o evento, Marques mostrou uma tabela sobre o tempo de retorno do investimento para produzir biogás. No caso de um suinocultor dono de mil cabeças de porcos, em geração isolada, o tempo para compensar o valor investido seria de 25 anos. Se ele fizer o mesmo investimento, mas distribuir a energia, o retorno cai para 6,2 anos.
Já para um produtor com 4.000 suínos, o retorno na geração isolada seria depois de 10 anos; ou 5,3 anos se optar por distribuir a energia na rede. Se houver parceria entre produtor e consumidor, com investimento compartilhado, esse tempo pode cair ainda mais.