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CULTURA

Morre o jornalista e escritor, Carlos Heitor Cony

Cony esteve em Toledo em 2004, para proferir palestra sobre os 40 anos do Golpe Militar

06/01/2018 - 18:00


O jornalista e escritor Carlos Heitor Cony nos deixou, na noite de sexta-feira (5), e como ele mesmo dizia nada do que vai para abaixo da terra teria a ver com o que ele era, ou representou. Cony tinha 91 anos e estava internado desde 26 de dezembro no Hospital Samaritano, no Rio. Em 1º de janeiro, foi submetido a uma cirurgia no intestino e teve complicações. A causa da morte foi falência de órgãos.

Cony era o quinto ocupante da cadeira nº 3 da Academia Brasileira de Letras (ABL) e, atualmente, era colunista do jornal Folha de São Paulo. O escritor refutava o título de imortal, dado aos membros da Academia.

Com uma longa carreira de jornalista, iniciada ainda nos anos 1950, e atuação nos principais jornais e revistas do país ao longo das últimas décadas, Cony era considerado um dos maiores escritores brasileiros vivos. Ganhou diversos prêmios e, desde 2000, era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL).

É autor de 17 romances, como "O ventre" (1958), "A verdade de cada dia", "Tijolo de segurança" e "Pilatos" (1973), uma de suas obras-primas. Depois deste último, passou mais de 20 anos sem publicar nenhum outro romance, quando lançou "Quase memória" (1995). A obra, que vendeu mais 400 mil exemplares, rendeu o Prêmio Jabuti.

Cony também escreveu coletâneas de crônicas, volumes de contos, ensaios biográficos, obras infantojuvenis, adaptações e criou novelas para a TV. Foi comentarista de rádio, função que exerceu até o fim da vida, na CBN.

Carlos Heitor Cony esteve em Toledo, em 2004 a convite dos alunos de terceiro período do curso de Jornalismo, para palestrar sobre os 40 anos do Golpe. A jornalista Selma Becker, na época integrava a equipe organizadora do Evento. “Na época discutir este tema, ainda provoca certo desconforto em alguns setores, mas mesmo assim o evento foi um sucesso, mais de mil pessoas lotaram o Teatro Municipal”.

A jornalista recorda a palestra como uma intervenção lúcida e equilibrada para refletir sobre o Golpe Militar, 40 anos depois. “Recordo-me que durante a coletiva para imprensa e também durante a palestra, Cony foi enfático ao afirmar que não se tratava de atos em comemoração, pois o que aconteceu foi um golpe e não uma revolução. Por isso a necessidade de se manter viva a memória. Ele destacou que durante os governos militares houve um desenvolvimento econômico grande, mas a um preço moral muito elevado e que nenhum desenvolvimento poderia custar à liberdade e a vida das pessoas”, lembra Selma Becker.

Carlos Heitor Cony não era apaixonado por títulos, condecorações ou homenagens. “O que lemos hoje na imprensa nacional é que Cony não desejava homenagens ou anúncio de sua morte, este desejo reflete a trajetória dele. Quando preparamos o cerimonial do evento ele não fazia questão que enfatizássemos que era imortal da Academia Brasileira de Letras. Era um homem simples, muito culto. Um grande intelectual que tive a oportunidade de conhecer. Na época, eu e o jornalista Robinson Nogueira (já falecido), fomos buscá-lo e levá-lo ao aeroporto em Foz do Iguaçu, foram horas que nos marcaram muito, pela grandeza e simplicidade deste grande jornalista e escritor”. Selma Becker

Para a jornalista dizer que perdemos o Cony nada tem a ver com o que ele acreditava. “Cony se preocupava com a falta de memória do povo brasileiro. Ele nos dizia que a memória é o que nos ensina, nos educa... Então acredito que a melhor homenagem que podemos fazer a Cony é não deixar a sociedade perder a memória, inclusive a memória de quem foi Carlos Heitor Cony, o escritor, jornalista e cidadão”, defende Selma Becker.

Da Redação, com informações de Agências

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