1144x150 %284%29

COOPERATIVISMO

A economia pode surpreender positivamente, mas há desafios a serem enfrentados

A convite da Sicredi Progresso PR/SP, Ricardo Amorim apresentou dois cenários econômicos que desafiam o setor produtivo

14/06/2018 - 19:58


O ciclo de recuperação econômica pode surpreender, mas alguns elementos nacionais e internacionais deixam o ritmo em suspensão, mas ainda assim, a palavra de ordem é conservadorismo no curto prazo sem deixar para trás a eficiência, a competitividade e a agilidade, porque a expectativa pode ser positiva e quem estiver mais preparado acompanhará o novo ciclo de crescimento. O interior do país e o cooperativismo são os mais favoráveis a tendência virtuosa. Esta é a análise do economista Ricardo Amorim, em palestra proferida na noite de quarta-feira (13), a convite da Sicredi Progresso PR/SP.

O Teatro Municipal de Toledo estava lotado de cooperados, parceiros e empresários. O objetivo era conhecer a análise do economista e consultor Ricardo Amorim.  Ele é considerado o economista mais influente do Brasil, segundo a Forbes Magazine; e maior influenciador do Linkedin/BR. O único brasileiro incluído na lista dos mais importantes e melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner.

Ricardo Amorim diz que a economia vive de ciclos e que o Brasil vinha numa fase ascendente de recuperação econômica. O consultor aponta como indicativo de sustentação da sua tese que a indústria obteve o maior crescimento dos últimos cinco anos, 8,9%.  O mercado imobiliário dobrou as vendas neste ano, e em 2017 já tinha crescido 40%.  O PIB, no ano passado, cresceu 1% contra 0,4% previsto pelos economistas. Isto tudo, apesar do cenário político enfrentado no país.

A grande pergunta que paira, segundo Amorim, é se este crescimento se sustenta após os últimos acontecimentos nacionais e internacionais. “Já superamos diversos fatores, mas há ainda três fatores que jogam contra: o cenário externo que não é tão favorável devido à alta de juros nos Estados Unidos e, consequentemente, a alta do dólar; o processo eleitoral que leva a incerteza e tende a retrair os investimentos e, por último, as consequência da greve dos caminhoneiros. Ela sozinha vai roubar 1 p.p. do crescimento brasileiro, neste ano”.

Para o economista diante destes impasses o ideal é observar o cenário e se preparar para as duas possibilidades. “No cenário de estagnação a recomendação aos empresários, no curto prazo, é adotar um comportamento conservador e cuidar com muito carinho do caixa, porque se tivermos outras manifestações que parem o país de novo, quem não tiver caixa pode ter problemas. Por outro lado, se o emprego continuar crescendo e o consumo crescer, as empresas que não conseguirem dar respostas rápidas – vão ficar para trás dos concorrentes. A palavra de ordem é agilidade e capacidade de resposta para os dois lados”, orienta Ricardo Amorim.

O economista aponta três pontos como base de apoio para a economia estar em equilíbrio: contas externas, inflação e contas públicas. Para ele os dois primeiros estão superados, o desafio é o terceiro. “Precisamos fazer uma reforma tributária que simplifique e reduza a carga. E só tem um jeito para fazer isso: cortar os gastos públicos substancialmente”.

Cooperativismo e a força do interior

Ricardo Amorim destaca que o interior do Brasil, apesar da crise, vive um cenário mais favorável. Desde 2002 o crescimento médio das cidades do interior foi maior do que das capitais. E essa tendência deve continuar pela demanda mundial de alimentos, a força do agronegócio e a ascensão social das pessoas, que consequentemente, ingressam no mercado de consumo. “A China é o principal motor disso, mas não é o único. Só no Brasil de 2004 a 2010 foram 50 milhões de pessoas que entraram na classe média acima. No caso brasileiro, nos quatro anos seguintes, 20 milhões caíram de volta, mas no resto do mundo elas continuaram a subir. Na Indonésia, no mesmo período 70 milhões de pessoas ascenderam de classe, a Índia foram 110 milhões, na China foram 240 milhões”.

A expectativa é que, se o Brasil superar as adversidades do cenário nacional e internacional e seguir a tendência de crescimento econômico, o interior do país deve crescer muito, mas se ainda assim a resposta econômica nacional retardar, ainda terá um crescimento médio acima das grandes cidades.

Junto com esta realidade o cooperativismo vai surpreender o país ainda mais. “O setor público apesar de ter um papel distributivo na economia, ele não consegue ser gerador de renda.  Já o setor privado tem que ser competitivo e produtivo, se não quebra, portanto, o que é gerado tende a ser concentrado por quem tem o capital. Por outro lado, as cooperativas têm que ser ao mesmo tempo competitivas e produtivas, pois estão competindo com as empresas. E é esta eficiência que é a sua vantagem em relação ao setor público, já que o dono das cooperativas são os cooperados – pois tem o fator social embutido na forma de organização, o que as empresas não necessariamente tenham”, avalia Amorim.

As cooperativas financeiras tendem a ganhar uma fatia maior do mercado financeiro, ampliando a tendência dos últimos 15 anos. “O mercado é dominado por quatro grupos de instituições financeiras: os bancos estrangeiros que nos últimos anos tem saído do Brasil, como o Citibank e o HSBC. Os bancos públicos: BNDES, BB e Caixa todos possuem a mesma característica: ao longo do último ciclo econômico, quando a economia deu sinais de piora entre 2013 e 2014, por decisão política do governo, passou-se a dar mais crédito. Isso levou os bancos públicos a uma situação em que eles não têm hoje o mesmo potencial de expansão de crédito. Sobraram dois lugares para expansão: bancos privados nacionais, desde que haja um cenário mais favorável, e no outro lado, as cooperativas financeiras que tem mais espaço para crescer e estão mais próximos dos setores. Então não tenho dúvidas de que daqui a dez anos a participação não vai ser 10%, e sim bem maior do que isso”.  

A Sicredi Progresso PR/SP sabe deste potencial e por isso tem apostado na eficiência. O resultado é o crescimento em todas as frentes da cooperativa. “O que Ricardo Amorim traz para nós, nesta noite, é uma análise que já observamos com cuidado e por isso sempre orientamos os nossos cooperados. Mesmo se o cenário nacional requer mais atenção, no interior do Brasil e no cooperativismo está a força que sustenta a reação econômica, e com certeza, com a coragem e responsabilidade do setor produtivo e do modelo econômico cooperado vamos ajudar o Brasil superar os desafios e retomar este ciclo virtuoso de crescimento”, apostou o presidente da Sicredi Progresso PR/SP, Cirio Kunzler.

Sem nome %281144 x 250 px%29