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A PRIMEIRA DAMA

Parabéns Dilma Rousseff!! Parabéns a todas as mulheres eleitoras, eleitas ou não, por todas as suas vitórias!! Que a plena igualdade alcançada no comando da Nação se irradie por todos os aspectos de suas vidas e que possamos alcançar uma sociedade mais igual!

31/10/2010 - 21:12


Conforme já coloquei em colunas anteriores, a presença de uma mulher com chances significativas de vitória, agora consumada, é um sinal indescritível da maturidade da democracia brasileira. Assim como o é, apesar da pobreza da propaganda eleitoral, a realização de sucessivos pleitos em conformidade com o que diz a lei e com um razoável nível de discussão pela população.

Transpor esta vitória para todos os aspectos da vida nacional e da vida cotidiana das mulheres será, com certeza, um dos maiores desafios que o próximo governo, e que a sociedade como um todo, terão pela frente!

Que esperar deste novo governo, e que perspectivas este terá pela frente?

Em primeiro lugar, continuando os comentários das colunas anteriores sobre a política nacional, cumpre observar que Dilma Rousseff, conforme sua campanha já anunciava, deverá ter amplo apoio do Congresso, o que é outra novidade bastante significativa. Dentro da tradição do presidencialismo brasileiro e latinoamericano após as redemocratizações, que são conceituados como presidencialismos de coalizão, o amplo espectro de apoio que os candidatos tinham que buscar, sempre foi considerado um fator de instabilidade, e o caso brasileiro revelou-se uma rara exceção calcando suas forças não apenas na figura presidencial, como também em alguns filtros estabelecidos pelos partidos e pelo Congresso Nacional.

Porém, via de regra nestes casos, o presidente se vê obrigado a fazer amplas concessões no programa de governo sufragado nas urnas ao compor sua equipe de trabalho e dialogar com o Legislativo, o que, quase sempre, traz dissabores a ele e instabilidade ao sistema político.

Pelo número de governadores e congressistas eleitos, Dilma Rousseff inicia seu mandato numa situação privilegiada, portanto, o que leva a crer que deverá ter, ao menos inicialmente um “mar de almirante” para seu governo. Cabendo apenas à sua habilidade e à de sua equipe que ele continue.

Entretanto, nada mais empobrecedor para a democracia que um Congresso omisso ou inoperante. Caberá à oposição e ao PSDB, que desponta como o principal partido a liderá-la que revejam seu conteúdo programático e/ou sua postura política. Entendo que tal postura será salutar para que tanto o programa político do governo quanto da oposição sejam melhor compreendidos quanto discutidos por toda a população.

Esta será a chance de ambos repararem o maior erro de toda esta campanha, já que quase nada se falou a respeito do câmbio e de outras reformas eleitorais que o país tanto necessita, e tampouco do papel do Estado na economia, das relações deste com a sociedade, etc.

Entretanto, ao eleger Dilma Rousseff, ainda que por uma margem de apenas onze por cento dos votos, o eleitor sufragou os modelos de Estado, de política econômica, etc. que quer vigentes pelos próximos quatro anos, ou seja, demanda a continuidade do iniciado por Lula, com um protagonismo bastante grande do setor público como investidor, (sendo que a ênfase dos tucanos é maior na arena regulatória), sobretudo na questão da infra-estrutura, um apoio mais firme a movimentos sociais de esquerda (que não é a tônica do PSDB) e uma política econômica calcada em induzir o consumo popular (quando já se fala também na preocupação com a poupança), em promover políticas de igualdade.

Em seu primeiro pronunciamento após a eleição, a futura presidente alinhavou pontos de seu programa que tocam as áreas de igualdade de gênero, comprometendo-se a ampliar o que já está feito e mostrou diretrizes de como entende que deverão ser as ações do Estado, aproximando-se inclusive de posições tucanas no que diz respeito às Agências Reguladoras. Mencionou também a necessidade de rever a política cambial e de incentivar as poupanças privada e pública. Tocou também na questão do empreendedorismo na sociedade e da meritocracia no serviço público, enfim, delineou seu programa de governo.

Este é, entretanto, apenas o início de um debate que deveria estar sendo travado há mais tempo, e oxalá nossa futura comandante e sua equipe tenham savoir faire, e condições de levarem o Brasil para os rumos que, de maneira superficial expuseram na campanha e no primeiro pronunciamento, e que nossas elites políticas compreendam que não merecemos um espetáculo tão deprimente como o que protagonizaram nos últimos meses.

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