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OPINIÃO: Ninguém falou delas até agora

Acompanhando os debates que se sucederam à eleição de Dilma Rousseff no domingo passado é possível observar que a maioria deles tem se centrado na composição do futuro ministério, nos desafios que a futura presidente terá de enfrentar num espaço curto de tempo e no legado da era Lula.

08/11/2010 - 07:02


A maioria das análises está centrada nos aspectos econômicos e não obstante a importância deste, gostaria de chamar a atenção do leitor para dois outros aspectos da nossa futura agenda política que considero fundamentais e que não vi serem discutidos ainda: nossa política externa e nossa política de defesa.

Explico: os desafios na área econômica são imensos: temos de lidar com o cambio, com a necessidade de investimentos para o nosso desenvolvimento, etc. Temos uma economia que é, basicamente exportadora de umas três ou quatro commodities, e conforme algumas análises publicadas nos veículos de comunicação de circulação nacional, se o mercado externo foi favorável ao presidente Lula, poderá não ser tão favorável assim ao futuro governo. O que é que este pretende fazer com relação a isto? Alguém sabe? Discutiu-se com a sociedade algo a respeito?

O governo Lula se pautou nesta área por priorizar o diálogo com nossos vizinhos do Cone Sul e com a África, numa diretriz bastante acertada, creio de buscar parcerias que nos abram outras perspectivas além do eixo América do Norte – Europa. Buscando um papel de maior destaque nas questões geopolíticas internacionais.

Entretanto, há nesta área desafios que ainda não foram superados: o primeiro, com relação à América Latina, será lidar com as instabilidades políticas e disabores na região, o segundo será integrar nossos vizinhos ao nosso processo de desenvolvimento, o que, para ser feito em bases democráticas e justas, requer que dialoguemos com eles se eles querem integrar-se a este processo e como o desejam o fazer.

Para isto é necessário que o Estado esteja devidamente aparelhado, ou seja, de um lado, é preciso acompanhar com cuidado a escolha do Ministro das Relações Exteriores, de outro verificar e cobrar o aparelhamento adequado do Itamaraty e as políticas desenvolvidas pelo órgão.

A política de defesa deve somar-se a estas preocupações por causa de sua dupla implicação. De um lado, é preciso observar que, tivemos no passado uma indústria bélica bem desenvolvida e que foi capaz de irradiar tecnologia e desenvolvimento, e de nos permitir um papel de destaque neste cenário nos anos oitenta. Cito como exemplos a Embraer e a Engesa, e deixo a triste nota de que esta indústria foi desarticulada nos anos 90, e que apenas muito recentemente se está ventilando sua retomada.

O outro aspecto desta questão é que, se buscamos um papel de destaque no cenário político internacional nossas posições diplomáticas devem ser sustentadas por uma capacidade, ainda que simbólica, de imposição, o que requer que pensemos o reaparelhamento de nossas Forças Armadas e também o papel que estas deverão ter como parte de nossa estratégia de desenvolvimento e de nossa inserção no mundo.

Manter um olhar atento e discutirmos estas questões será tão essencial quanto discutirmos a necessidade (ou não) de um ajuste fiscal, de reformas na Previdência, etc.

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