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EDUCAÇÃO

As relações de poder na rede devem ser revistas, diz educadora

O Seminário Integrado de Enfrentamento às Drogas e Violência que discutiu os desafios da educação na contemporaneidade, questões como violência, disciplina e evasão escolar encerrou na tarde desta terça-feira (9), com a mesa redonda sobre políticas públicas.

09/11/2010 - 18:25


Para a educadora e assessora técnica do Ministério Público – PR, Ângela Mendonça o Seminário refletiu sobre a percepção de que a sociedade e as famílias mudaram, no entanto, as mudanças na escola são lentas e este descompasso aparece em forma de conflitos dentro da escola.

Ela destaca que a evasão escolar leva fatalmente ao caminho da violência. “Dados do Ministério da Justiça mostram que mais de 92% dos adolescentes privados de liberdade no Brasil, só cometeram atos infracionais de grande gravidade só depois que saíram da escola. Todo o esforço que pudermos fazer para que a escola seja um ambiente de qualidade na aprendizagem e na formação de pessoas devemos fazer. Toda a criança fora da escola perde a oportunidade de se tornar uma pessoa melhor”.

À tarde, o foco do debate na mesa redonda foi o papel das Redes no processo educativo. Ângela destaca que é preciso a escola romper com o modelo de instituição total. “Durante muitos anos no modelo de atendimento à criança e ao adolescente foi de instituição total, onde aquela criança com problema era retirada da família e mandada para o orfanato e este tinha que dar conta daquela criança sozinho. Muitas escolas ainda agem como grandes instituições totais. Acham que para o lado interno dos seus muros, as questões internas serão resolvidas”.

A assessora afirma que trabalhar em rede não é uma escolha da escola, mas é uma maneira de se fazer política pública e que cada ente (Estado, escola, família e sociedade civil organizada) deve agir de maneira articulada um para com o outro. “O primeiro desafio da escola é se reconhecer como rede, aceitar e dialogar com outras políticas. Na rede os entes tem uma relação igual. Se eu tomo uma relação de hierarquia dizendo que a minha verdade é verdade para aquele encaminhamento, daí não estou mais trabalhando em rede. A ideia não é passar um caso para o outro. A ideia é compartilhar soluções com o outro e isto precisamos aprender se não caímos em um reducionismo administrativo que não tem fim. Por isso o trabalho em rede pressupõe trabalho coletivo, articulação permanente, diálogo permanente e as decisões em relação ao caso devem ser tomados de maneira coletiva. Aí vem uma autorização de autoridade. As relações de poder na rede devem ser revistas”.

O Promotor de Justiça Sandres Sponholz, da Promotoria de Proteção à Educação lembra que segundo a Lei, a educação não é apenas um dever do Estado, mas de toda a sociedade. “Temos hoje uma dificuldade no momento de operacionalizar esta rede, isto porque certos segmentos apresentam deficiências, sejam técnicas, recursos humanos, ou limitação orçamentária. E aí temos estas tensões, no sentido de tentar transferir a responsabilidade, porque outro segmento tente suprir esta deficiência”.

O Promotor acredita que o dilema da escola é aliar a educação com a escolarização e o caminho é o diálogo e o envolvimento de todos os segmentos envolvidos neste processo. “A escola, hoje, é a figura central em relação às políticas de atendimento ao jovem, porque nós enxergamos na escola o futuro da sociedade, do município, do país, um elemento de suma importância para que tenhamos cidadãos. A escola está percebendo que não consegue mais sozinha cumprir com sua função e está chamando para a responsabilidade os demais órgãos. Acho isto extremamente positivo, porque assim conseguimos conciliar forças em torno de uma estrutura organizada, que é a estrutura de ensino”, finalizou Sandres.

Acompanhe a entrevista completa em vídeo e áudio.

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