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OPINIÃO: (IN)TOLERÂNCIA

Alguns acontecimentos recentes tem chamado a atenção por sua violência, e também por seu significado: circulou na internet há um tempo atrás um manifesto sugerindo que se matassem certas pessoas tidas como preguiçosas e vagabundas, no Rio de Janeiro, jovens foram baleados e em São Paulo, outros agredidos. Em todos os casos, um motivo comum: o preconceito. Chama a atenção o fato de que todos estes atos foram praticados por jovens e dois deles contra jovens.

23/11/2010 - 14:28


É natural que grupos mais exaltados encontrem na violência uma forma de expressão. Não é natural, contudo, que a sociedade a aceite impunemente, esta é, na verdade, a contra-marcha da história, pois, o que tem sido característico da política nos últimos tempos é que os cidadãos se reconheçam cada vez mais como portadores de múltiplos direitos: culturais, de opção sexual, etc.,e o grande desafio para a política tem sido o de incorporar estes direitos ao arcabouço já existente, e ao mesmo tempo buscar mecanismos que permitam que os mais conservadores mantenham e expressem suas posições. A professora Celi Pinto, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, num livro intitulado Teorias da Democracia coloca que a grande questão para esta postura é: como tolerar os intolerantes? A autora argumenta com propriedade que a única solução possível é que estes sejam enquadrados nos limites legais, ou seja, não sejam tolerados.

Entendo que outra questão que se coloca é: qual o caminho a ser percorrido rumo à tolerância? A maioria dos comentários que li a respeito dos fatos que elenquei são indignados e quase sempre buscam responsabilizar ou a família quando a ação é tomada por jovens de classe média, ou de uma maneira geral, a “educação” dada aos jovens. Claro que a família e todas as instâncias educativas devem ensinar o respeito e têm ocorrido alguns esforços neste sentido, como a inclusão de componentes de história da África no currículo, ou a adoção de medidas que visam facilitar o acesso físico aos prédios públicos, dentre eles os escolares.

Ao mesmo tempo, tem sido crescente e veemente a repulsão aos atos de violência contra homossexuais, negros, etc. É necessário que assim seja, e que as punições sirvam de exemplo, muito embora existam falhas nesta área, ou alguém se lembra do que ocorreu com os jovens de Brasília que atearam fogo ao índio Galdino?

Há, entretanto, um aspecto que quero destacar: não basta educar apenas pelos componentes curriculares, em casa ou pela punição. É preciso que busquemos e que valorizemos todos os mecanismos de expressão de posições e de defesa de direitos. Há, portanto, um desafio: educar não apenas a juventude, mas a sociedade como um todo para participar não de atos de violência, mas para que aprenda e valorize formas pacíficas de expressar suas posições e suportem o direito dos outros mesmo em radical oposição ao seu pensamento, o que requer compreender as possibilidades de expressão de posições e direitos no mundo moderno (chats, fóruns, conselhos, observatórios, partidos, Assembléias Legislativas, Poder Judiciário, etc.), e que, ao mesmo tempo, se busquem formas de fazer com que estas mesmas formas sejam efetivas. Ou seja, fazer política, participar, cobrar, exigir, fiscalizar, propor é passo fundamental para a garantia de direitos e para a tolerância. Eis aí um belo desafio! Feito isto, aí sim, se poderá dizer que o que não dá, é para tolerar os intolerantes!

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