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OPINIÃO: Partícula de Deus

No livro de Dan Brown, Anjos e Demônios, o professor Robert Langdon se envolve em uma polêmica disputa de poder entre a Igreja e a Ciência. Um tubo contendo antimatéria é roubado do CERN (laboratório de física de partículas), colocado sob a Basílica de São Pedro, no Vaticano, em Roma, sede da Igreja Católica, para servir em um atentado orquestrado supostamente pelos Illuminatti. Ficções à parte, o CERN existe, o Vaticano existe e a antimatéria..também! Não é um tema de ficção cientifica, mas uma realidade do Universo.

25/11/2010 - 20:29


Antimatéria é o oposto da matéria normal, da qual é feita a maior parte do nosso universo. Até pouco tempo, a presença da antimatéria no nosso universo era considerada apenas uma teoria. Em 1928, o físico britânico Paul Dirac revisou a famosa equação de Einstein, E=mc2 e concluiu que Einstein não considerou que o "m" na equação - massa - poderia ter propriedades tanto negativas como positivas. A equação de Dirac (E = ±mc2) permitiu considerar a existência de antipartículas no nosso universo. Cientistas, desde então, provaram que existem várias antipartículas: pósitrons (elétrons com uma carga positiva ao invés de negativa); antiprótons (prótons que possuem uma carga negativa ao invés da carga positiva); antiátomos (emparelhando pósitrons e antiprótons). Cientistas do CERN, a Organização Européia para a Pesquisa Nuclear, criaram o primeiro antiátomo; nove átomos de anti-hidrogênio foram criados, cada um durando apenas 40 nanosegundos; já em 1998, pesquisadores do CERN estavam impulsionando a produção de átomos de anti-hidrogênio para 2.000/h. Agora, uma equipe internacional de cientistas conseguiu pela primeira vez capturar e “prender” átomos de antihidrogênio (revista Nature, publicação online em 17 de novembro de 2010, com o título Trapped antihydrogen). Foram aprisionados 38 átomos de antihidrogênio no "tanque de antimatéria" criado pelos cientistas, cada um deles ficando retido por mais de um décimo de segundo. O resultado foi obtido depois de 335 rodadas do experimento, misturando 10 milhões de antiprótons e 700 milhões de antipósitrons. Até o momento, podia-se criar antimatéria, mas não armazená-la. Esta quantidade de antimateria não tem a capacidade ainda de se tornar um perigoso explosivo ou uma fonte de energia, mas servirá para estudos sobre a origem e composição atual do Universo. Esta descoberta nos leva em seguida ao Grande Colisor de Hádrons (LHC, em inglês), situado na fronteira franco-suíca, que busca entre outros experimentos, averiguar a existencia do bóson de Higgs – a partícula primordial que teria surgido bilionesimos de segundo após o Big Bang e originado tudo que existe no universo. Sua descoberta seria um importante passo para a Ciência. Neste caso, surgiu também uma polêmica: no livro do físico Leon Lederman (prêmio Nobel de Física em 1988) surgiu o termo “Particula de Deus” para o bóson de Higgis. Divulgado exaustivamente, surgiram reações da comunidade religiosa do mundo inteiro, a respeito da pretensão da Ciência em explicar o Universo sem Deus. Contudo, é um engano pensar assim, pois o bóson de Higgs não irá explicar tudo na vida, pelo contrário, poderão surgir mais perguntas do que respostas. Este confronto Ciência x Religião lembra tempos obscuros no qual o pensar poderia ser uma sentença de morte. Em pleno século XXI, Ciência e Religião não precisam concordar em tudo, mas podem se respeitar. Seja como for, o maior respeito deverá ser sempre à vida humana. O Criador provavelmente aprovaria isto.

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