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SAÚDE

Controle na venda de antibióticos visa acabar com a automedicação

No último dia 28, entrou em vigor a resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proíbe as farmácias a venderem antibióticos sem a apresentação da receita médica que deverá ser retida. Em Toledo, a vigilância sanitária realiza vistorias nos estabelecimentos e até este momento nenhuma irregularidade foi encontrada.

11/12/2010 - 16:28


A diretora em vigilância à saúde, Luciane Raquel Gromowski Alcará, explica que como toda ou qualquer legislação há sempre um burburinho e é isto que está acontecendo em Toledo. No entanto, a população não precisa se preocupar, porque em qualquer legislação da Anvisa há sempre um estudo científico; é aberto a consulta pública para que então possa vigorar. O motivo da mudança no sistema é o desenvolvimento da super bactéria, pois os antibióticos usados em excesso fortalecem alguns vírus ou bactérias e, por isso, estes medicamentos passam a ser controlados. “Estamos realizando vistorias em vários estabelecimentos da cidade. Orientamos os farmacêuticos para reterem a receita que já é válida, porém a escrituração no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados é a partir de abril de 2011. Até agora não recebemos denúncia e realmente eles estão atendendo a legislação”.

Usuários

Luciane conta que quando os usuários de um determinado antibiótico souberam desta alteração na legislação ficaram preocupados e fizeram grandes compras nas farmácias. “É comum da nossa cultura os brasileiros se automedicarem. Alguns foram nas farmácias antes do dia 28 de novembro e limparam o estoque da farmácia aproveitando que poderia comprar sem a receita. No entanto, estas pessoas precisam tomar cuidado, porque o antibiótico não é como um simples analgésico que pode tomar um hoje e outro amanhã. No antibiótico deve ser respeitada a sua posologia, por isso, da necessidade de ter um acompanhamento médico, porque quando tomado irregularmente ele causa resistência a determinados tipos de bactérias”.

A profissional acrescenta que o antibiótico de preferência do consumidor pode começar a não surtir efeito. Assim, ele precisará de medicamentos cada vez mais fortes, podendo chegar ao de uso restrito hospitalar.

Farmácia-Médico-Paciente

Para o farmacêutico, João Nogueira de Andrade, a regulamentação da Anvisa visa uma mudança cultural, mas um trabalho que deve ser realizado entre as pontas: Farmácia-Médico-Paciente. Para os farmacêuticos a regulamentação não vai interferir no trabalho, pois este profissional tem a função de orientar o paciente quanto ao uso de medicamento. “A nova resolução é justa. Quanto ao usuário ou paciente a nossa cultura fez com que a automedicação acontecesse até os dias atuais e a resolução quebra isso. A cultura faz com que o paciente tome uma vez o antibiótico, ele faz efeito. Numa segunda vez, o usuário pode só imaginar os sintomas e já procura a mesma medicação. Como não havia controle do receituário, chegava à farmácia e não tinha nada de errado entre o profissional vender o medicamento, mas agora a resolução vai moralizar o tratamento e vamos ganhar com isso”.

Barreiras

Nogueira explica que quando se rompe barreiras existe uma resistência muito grande. Por sua vez, o profissional precisa argumentar muito para fazer com que o usuário entenda que é necessário o receituário médico. “O paciente está acostumado a comprar o antibiótico, isto é incorreto e causa uma resistência bacteriana. É preciso saber se a infecção é por vírus ou bactéria antes de pensar em usar um antibiótico. A medida visa prevenir a resistência aos microorganismos, por isso a necessidade de mudar a cultura da automedicação”.

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