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GERAL

Eventos astronômicos deixam Toledo mais perto do Espaço

Segue nesta quinta-feira (19) o 29º Encontro Regional de Ensino de Astronomia (EREA) que vai acontecer em Toledo. Simultaneamente, acontece também o quarto Curso de Formação Continuada em Astronomia (FOCAR). Os dois eventos são realizados no Campus da PUC e vai até o próximo dia 21 de julho. A programação vai contar ainda com a participação do astronauta Marcos Pontes, primeiro brasileiro a ir ao espaço. Outras autoridades do campo de astronomia estarão presentes, como o professor e astrônomo, Dr. João Batista Canalle, que é coordenador nacional da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA).

19/07/2012 - 11:12


O EREA é justamente realizada pela OBA e pelo Núcleo Regional em Educação (NRE) e tem objetivo de chamar a atenção de escolas públicas, professores e alunos para a astronomia. Em todo o país, mais de 4 mil escolas participam das Olimpíadas de Astronomia. Até o momento, segundo Canalle estão inscritas em torno de 780 mil alunos. Ano passado foram 803 alunos participantes. São distribuídas 30 mil medalhas.
O evento que acontece em Toledo, ao todo são sete palestras e oito oficinas com atividades como montagem de foguetes artesanais, construção de relógios de sol e observação noturna com lunetas. Além disso, a atração principal será a palestra com o astronauta Marcos Pontes no Teatro Municipal de Toledo, única atividade que não acontecerá no campus da PUC.
Olimpiada Brasileira de astronomia
O professor Canalle recebeu a reportagem da Casa de Notícias para comentar o evento, a importância do ensino científico nas escolas e porque é necessário se investir em pesquisa de astronomia. Ele é Doutor em Astro Física pela USP e percorre o Brasil promovendo os encontros regionais de astronomia com o objetivo de melhorar os conhecimentos de professores do ensino fundamental e médio no tema.
Para uma escola participar basta demonstrar interesse ao OBA. A instituição então encaminha as provas e os materiais necessários para fazer os testes com os alunos nas escolas. Há somente um fase na Olimpíada, as atividades que acontecem na própria escola. A OBA incentiva que não se obrigue nenhum aluno a fazer os testes. No final as medalhas são distribuídas para os melhores alunos. Nenhuma outra Olimpíada de conhecimentos distribuí tantas medalhas garante o professor. "Quem recebe uma medalha nunca esquece, por tanto fica esse símbolo para os alunos", explica.
Astronauta Brasileiro
"Marcos Pontes é nosso herói brasileiro", é esse adjetivo que o Professor Canalle dá ao único astronauta brasileiro que foi ao espaço. O professor reconhece que ainda, tecnologicamente, o Brasil não se valeu de muitos frutos com a viagem de Pontes. Afinal, Pontes que foi treinado pelos americanos da NASA, por tanto, sabia muito dos equipamentos americanos, foi enviado a Estação Espacial Internacional em um cosmonave russa. Alias, ele não foi comandando um foguete brasileiro.
Mas, para o Professor Canalle, o exemplo que o astronauta dá para as pessoas é seu principal legado. Pontes que estudou em escola pública e se formou no Instituto Tecnológico Aeronáutico (ITA), e escola de engenharia de maior renome no Brasil foi admitido através de concurso público para o cargo de astronauta brasileiro. Mesmo com a polêmica de quando ele pediu baixa da Aeronáutica aos 43 anos, depois de ter ido ao espaço patrocinado pelo governo brasileiro, o que fez muitos políticos de oposição ao governo Lula, que na época patrocinou a epopéia de Pontes, em todos os lugares que o astronauta brasileiro vai é referenciado. "Toda vez que Marcos Pontes adentra para fazer a sua palestra ele é aplaudido, e quando termina é aplaudido ainda mais", lembra Canalle. Das 29 edições dos encontros regionais de astronomia, Pontes participou de oito. "A ida dele ao espaço mostrou a ambição do Brasil neste campo, e incentiva milhões de jovens a seguir nas carreiras tecnológicas. Certamente no futuro teremos outros astronautas que vão lembrar o exemplo do Marcos Pontes", garante o Professor.
Suas experiências como astronauta e polêmica decisão serão contadas na palestra de sexta-feira, as 19h, no teatro municipal.
Astronomia de gente grande
O Brasil pode não ser o país dos astrônomos, tampouco dos cientistas. Mas astronomia no Brasil tem início já no tempo do império, com Dom Pedro II. Na década de 70, foram instalados observatórios em Minas gerais e mais recentemente, o Brasil investe em convênios para ter acesso a telescópios em outros países. No Chile, observatórios no alto dos Andes estão, segundo Canalle a disposição dos brasileiros, e ainda mais convênios com observatórios europeus estão para ser assinados.
Outro garantia dada pelo professor é a estrutura acadêmica no campo científico. Segundo o Professor o país dispõe de satisfatórias bibliotecas e computadores para fazer os cálculos complexos que a ciência necessita. Mas ao ser questionado o porque tantas pessoas preferem se tornar administradores ou advogados no país do futebol, e não engenheiros ou físicos como sonham outros povos, como coreanos ou chineses, Canalle também se pergunta, e parece não saber a resposta. Mas basta uma reflexão para perceber que há luz no fim do túnel, ou melhor, um rastro de foguete. 
"É difícil ver o aluno estudando alguma coisa, mas quando ele quer fazer um foguete não tem quem o detenha". Então, talvez seja essa a resposta para fazer que as ciências sejam mais valorizadas no país. Incentivar o lúdico, transformar a matemática em uma brincadeira olímpica, onde todos ganham medalhas, todos aprendem a fazer foguetes de garrafas pet, para que no futuro, mais Marcos Pontes explorem a escuridão do espaço. Mas dessa vez, que seja com um foguete brasileiro. Um foguete de verdade.

Por Maurício de Olinda

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