O professor Ricardo Mercadante explica que a escama é formada por colágeno e um resíduo mineral a base de cálcio. Logo, na primeira fase da pesquisa, é preciso quantificar cada componente. Ele complementa que em um segundo momento é necessário adaptar o processo de extração do colágeno. “Nós estamos separando o colágeno da matriz inorgânica, porque é preciso purificá-lo e deixá-lo em condição de uso seja para cosmético ou alimentício. Quanto mais puro ele ficar, quanto mais colágeno tiver, melhor é para usos refinados”.
Mercadante comenta que dependendo da qualidade do colágeno é possível desenvolver diversos tipos de aplicações. “Quanto mais puro for o colágeno, melhor ele é para a area de comésticos e fins de alimentação. Quanto menos puro pode ser utilizado para fins industriais, como película de filme em papel para absorção de tinta ou cabeça de fósforo. O foco principal é a comestica e, por isso, teremos que ter um grau de purificação muito alto”.
O professor fundamenta que atualmente, a escama de peixe é considerada um tipo resíduo e indústrias para não a descartarem no meio ambiente a trituram e misturam com farinha para formar uma ração animal. “O colágeno como suplemento alimentar é algo muito bom, porque ele é proteína pura”.
Se imaginar que um frigorífico possui uma produção semanal de duas toneladas de escama de peixe é possível retirar em torno de 100 quilos de colágeno por semana, o que equivale uma tonelada de gelatina. “Uma vez extraído o colágeno da escama, ele fica em forma de gelatina. No hidratante, o colágeno é parte da composição”.
Tipos
O pesquisador salienta que há em média 27 tipos diferentes de colágeno. “O organismo tem uma quantidade grande colágeno, mas dependendo da estrutura em que ele está é classificado como um tipo”.
Mercadante lembra que a técnica de extração é responsável por produzir tipos diferentes de colágenos. “A composição química é a mesma, somente a estrutura que muda. Quando falamos em melhor ou pior em termo de colágeno significa ser mais puro ou menos puro”.
Tecnologia
Para o professor é uma tendência mundial transformar aquilo que é considerado lixo em matéria-prima. Desta maneira, ampliando a quantidade de aproveitamento dos produtos que antes eram descartados no ambiente.
Mercadante lembra que o principal foco do trabalho não é a caracterização da escama, e sim, ao final da pesquisa (pode ser uma sequência de projetos) criar uma micro-usina de preparo deste colágeno. Ele justifica que não adianta desenvolver uma tecnologia se a população não conseguir usá-la. “Desenvolvimento de tecnologia não é o que se faz, mas é o que se usa, porque se você desenvolve e não tem acesso não é desenvolvimento. Pretendemos elaborar um processo de alta tecnologia e baixo custo para que possa ser difundido e não ficar no trabalho teórico, mas gerar rentabilidade”.
A acadêmica, Isadora, complementa que a pesquisa pode solucionar o descarte da escama de tilápia e também auxiliar na geração de renda de algumas pessoas. “Durante o processo acontece fatores inacreditáveis. A extração do colágeno no método de ferver é extremamente interessante”.
GERAL
Desenvolvimento de tecnologia não é o que se faz, mas é o que se usa, afirma Mercadante
Aproximadamente 25% de toda a proteína do organismo humano é formada por colágeno. Ele proporciona sustentação às células, mantendo-as unidas, sendo o principal componente proteíco de órgãos como a pele, ossos, cartilagens, ligamentos e tendões. A substância pode ser encontrada em alimentos ricos em proteínas e aminoácidos, mas para isso, o cidadão deve manter uma dieta balanceada. Atualmente, o colágeno está disponível no mercado em forma de cápsula ou em pó. Ele ainda está presente em hidratantes, principalmente nos antienvelhecimentos. Diante destas informações, o professor de química da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo, Ricardo Mercadante e a acadêmica Isadora de Oliveira estão pesquisando a presença de colágeno em escamas de tilápias. Diversos frigoríficos descartam sem qualquer critério o material no meio ambiente. A pesquisa pode ser uma solução para transformar um resíduo em um novo produto: hidratantes com colágeno da escama de tilápia.
Mais lidas
- 1Primeira Conferência Municipal de Igualdade Racial de Toledo reúne lideranças e fortalece políticas públicas
- 2Estudantes do ensino médio vão representar o Brasil em Olimpíadas de Astronomia e Astrofísica
- 3Uma semana que atravessou a cozinha, a arte e a política: migrantes protagonizam jornada histórica em Toledo
- 4Abertura do II Simpósio de Pesquisa da FAG Toledo contará com cinco mesas temáticas
- 5Agência lançará “Diagnóstico Territorial Trabalho, Emprego e Renda”
Últimas notícias
- 1Dia Internacional das Cooperativas: Roberto Rodrigues aponta cooperativismo como solução para desafios globais
- 2Boletim semanal informativo da dengue é divulgado pela Saúde em Toledo
- 3Agência lançará “Diagnóstico Territorial Trabalho, Emprego e Renda”
- 4Uma semana que atravessou a cozinha, a arte e a política: migrantes protagonizam jornada histórica em Toledo
- 5Vídeo da Escola São Luiz concorre em concurso do Convênio Linha Ecológica