Ele pretendia reforçar a equipe para terminar a colheita e fazer vinho. “Não podemos deixar esta uva se perder. Vamos colher tudo e fazer vinho”, explicou ele, que assim como outros produtores cooperados está produzindo vinho na Vinícola Toledo. O restante da produção foi vendida diretamente ao consumidor, em feiras e supermercados locais.
Na pequena propriedade são 900 pés de uva Cabernet e outros 1.500 da variedade Isabel. Com variedades de vinho e de mesa, o produtor está satisfeito com os resultados e quer ampliar ainda mais a produção, investindo em outras frutas. “Só não aumentei ainda por falta de mão-de-obra. Ofereci parcerias, mas não consegui viabilizar”, contou ele, que pretende aproveitar os 12 mil metros de sua propriedade, hoje com soja, para o plantio de outras árvores frutíferas, como pêssego e maçã. “É preciso diversificar. Se não der bem a uva, tem a maçã ou o pêssego”, ensina. Como nas outras atividades agrícolas, ele acredita que na fruticultura a diversificação é importante para evitar surpresas, tanto na produção como na comercialização.
Orides abandonou a profissão de sapateiro para investir na produção de uvas. Em 2002 comprou uma área de terra e iniciou o plantio. A primeira colheita foi em 2005 e desde então os resultados tem sido positivos. Ele não se arrepende de ter trocado a atividade e de ter voltado ao contato com a terra. “Sempre gostei de trabalhar com a terra. Estar aqui é um paraíso”, disse ele, enquanto colhia alguns cachos de uva, debaixo do parreiral. Para ele, o serviço não é pesado como nas culturas tradicionais, debaixo do sol quente. Isso não significa, no entanto, folga. Embora mais na sombra, os cuidados com o parreiral são constantes, desde o preparo da terra, passando pelos tratos culturais, aplicação de defensivos agrícolas, poda e colheita.
O trabalho é feito por ele e seu sócio, Pedro Nunes, e reforçado no período da colheita com a contratação de ajudantes. Na segunda à tarde ele pretendia reforçar o grupo em cerca de 10 pessoas para concluir a colheita do parreiral e iniciar a produção do vinho.
Na propriedade, entre uva de mesa e para vinho, ele estima uma produção total de 24 mil quilos. Segundo ele, a colheita foi muito boa, com uvas de excelente qualidade tanto para mesa como para vinho, comercializadas em média a R4 2,75 quando diretamente para o consumidor, e a R$ 2,00 para supermercados. “É um preço muito bom que garante um rendimento superior a culturas tradicionais na mesma área. Um hectare de uva equivale a 10 hectares de soja”, explica ele, que não pretende abandonar a atividade tão cedo. Segundo ele, além do rendimento, a atividade lhe trouxe mais qualidade de vida, longe das preocupações de pagamentos e cobranças na antiga sapataria. Hoje, diz ele, a cada ano os consumidores aumentam, com a compra de uva diretamente na propriedade, e os interessados já vêm com o dinheiro certo e para pagamento à vista.
Em Toledo, além de Ourides, cerca de outros 34 produtores atuam na atividade. Destes 25 estão ligados à cooperativa de produtores, que realizam algumas atividades conjuntas, entre elas capacitação, apoio técnico, e produção de vinhos. Juntos eles somam uma área plantada de 40 hectares e colheram neste ano cerca de 500 toneladas de uva para mesa e vinhos. A produção total foi considerada excelente e de ótima qualidade.
Nova alternativa
Para o secretário municipal de Agropecuária do município de Toledo, Eloir Pape, a fruticultura é uma nova alternativa de renda para os pequenos produtores rurais. Além da uva, o município incentiva a produção de maçã como alternativa de renda. O programa foi implantado no ano passado com o apoio ao pequeno produtor para a implantação dos pomares. O município fornece assistência técnica e subsídio para a compra de mudas, arame, catracas e palanques para a implantação dos pomares. O projeto prevê para este ano a implantação de um sistema de seleção e armazenamento de maçã em câmara fria, visando a aquisição de quantidades mais expressivas. O município pretende adquirir frutas e sucos diretamente dos pequenos produtores rurais para abastecer os programas Compra Direta, que fornece alimentos para os restaurantes populares, e Merenda Escolar. Além disso, apóia os produtores em outras formas de comercialização, como na feira do produtor e outras.
Da Assessoria - Toledo
