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GERAL

Autismo: O grande desafio ainda é o conhecimento, afirma especialista

Aproximadamente 45 crianças e jovens possuem autismo em Toledo. A professora em educação especial, Glaucimara Pires Olveira – pesquisadora na área de deficiência intelectual – explica que o autismo é caracterizado pelo comprometimento nas áreas de socialização, linguagem e comportamento.  A Associação dos Familiares e Amigos dos Autistas Vida completa, nesta quarta-feira, dia 05 de setembro, dois anos de atividade na cidade. A Associação atende famílias, visita as residências, firma parceria com universidades e apresenta deveres e direitos ao familiar de um autista. A coordenadora, Tânia Salete, afirma que o desenvolvimento da associação ainda é lento, mas o grupo não desiste e sempre busca apoiar as famílias. Diante disso, com o objetivo de informar os profissionais que atuam diretamente com autistas, preferencialmente os educadores, a Associação organizou uma palestra de esclarecimento sobre  o assunto, mas principalmente, como o educador deve realizar o trabalho em classe.

03/09/2012 - 06:54


Glaucimara explica que  “desde criança, observamos o comportamento de um autista com relação a interação social, a linguagem e a forma como ela interage com o meio. Com isso, conseguimos perceber algumas pautas de autismo”.
A coordenadora da Associação, Tânia Salete, lembra que
a primeira reação da família perante o resultado do diagnóstico de um médico é negar a doença. Ela disse que muitas vezes a família prefere esconder este diagnóstico a consultar outros profissionais. Tânia destaca que o tempo para um autista é precioso, por isso, o quanto antes começar o trabalho com a criança, melhor é o resultado no futuro. “A demora no começo do tratamento pode dificultar o desenvolvimento do autista, pois quando é um grau de autismo leve, a criança tem a possibilidade de chegar aos 95% de uma pessoa dita normal. Por sua vez, quando o tratamento começa tardio é menor o seu desenvolvimento. Por isso, a importância de esclarecer o assunto a família, porque ter um ente familiar com autismo não é vergonha. Isto acontece em qualquer família ou classe social”.
Tânia lamenta que o autismo não tem cura. “Só há o acompanhamento diário com terapias. Em alguns casos são usados medicamentos e o amor da família e o saber lidar com o autista. Você tem que procurar trabalhar e incentivar e sempre procurar dar muito carinho e ter paciência”.
Aprendizagem
Hoje com a perspectiva da inclusão, o autista está na educação especial em escolas de ensino regular. “Os alunos tem - além do serviço de apoio especializado na sala de recursos - o professor de apoio em sala de aula. É preciso que o educador entenda como a área está organizada e quais são as características do aluno com autismo. Hoje se tem uma discussão sobre a Síndrome de Asperger que é um transtorno do desenvolvimento muito próximo ao autismo e que de certa forma confunde bastante o diagnóstico”.
Ao ser diagnosticado o autismo na criança, a aprendizagem deve ser diferenciada. Glaucimara comenta que o autista precisa de um apoio maior por ter  uma deficiência intelectual associado. Por sua vez, a Síndrome de Asperger, um espectro do autismo por alguns autores, nós vamos ter não associado a uma deficiência intelectual, mas sim, teremos a alteração social um pouco mais comprometida. “O comportamento do autismo do hasper é mais diferenciado. Como a criança entra muito cedo na educação infantil, as primeiras pautas de autismo são observadas na escola. Neste contexto, o professor tem um papel fundamental para o seu desenvolvimento. Ele deve tratar o autista  criança ou o jovem conforme a sua faixa etária. É preciso deixar que a criança ou o adolescente tenha mais autonomia na sua vida comum. É necessário dar um tempo para que ele conheça todos os conteúdos e dentro de suas condições conquiste o seu espaço”.
A profissional destaca que o educador deve entender que as pessoas estão inseridas em um contexto social heterogêneo e que ele não terá mais somente aquele aluno padrão. “Na escola há alunos com todas as situações de ensino e aprendizagem. O autista faz parte deste quadro, talvez ele não responda ao professor conforme os outros alunos, mas tem condições de aprender e ter a vida o mais comum  e que possa colocar em seu contexto da cidadania o mais adequado possível”.
Segundo a pesquisadora, a principal indagação do professor é como diagnosticar um aluno autista e como intervir pedagogicamente. Glaucimara lembra que a criança ou o adolescente autista estão inseridos em um contexto escolar, mas sobretudo, em um ambiente cidadão. “Ela precisa do acompanhamento da familia, escola, especialidades e outras atividades que possam auxiliar o seu desenvovimento”.
Ela acrescenta que o autista clássico demanda de um tempo maior para se alfabetizar e dar conta dos conteúdos. "O importante a ser destacado é que o sujeito na escola, além do conteúdo, esta aprendendo - a partir da socialização - interagir em diversos contextos. Para podermos trabalhar a inclusão precisamos conhecer o que estamos abordando enquanto características, conceitos, que aluno é este, que prática pedagógica adequada de ser realizada, entre outros fatores”.
Preconceito
Conforme a profissional, de forma geral, o preconceito existe com relação a toda e qualquer criança, adolescente ou adulto que apresente algum tipo de deficiência e o autismo faz parte deste quadro. “É um tema novo na formação dos professores e, por isso, a discussão ainda é deficiente. Muitas vezes, o desconhecimento impede de avançar. As famílias tentam proteger este autista e muitas não sabem existe a possibilidade de fazer a adaptação em sala de aula e na família, mas para isso precisamos conhecê-lo”.
Desafios
Glaucimara enfatiza que o grande desafio para a rede é a do conhecimento. “A sociedade precisa conhecer estas pessoas dentro de suas características quando da necessidade delas exercitarem a sua cidadania a partir da inclusão, seja na educação, social ou mercado de trabalho”.
Para ela, o mercado de trabalho precisa começar a se preparar para receber o jovem ou o adulto autista. “Precisamos agir para que a preparação aconteça, mas é necessário que as pessoas se exponham neste mercado de trabalho”.

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