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SAÚDE

O desafio da saúde de Toledo é fortalecer a atenção básica, afirma diretora do mini-hospital

O paciente – ao dar entrada em uma unidade de saúde – é classificado, ou seja, ele recebe uma prioridade que determina o tempo alvo para o primeiro atendimento médico, o qual é baseado na situação clínica apresentada e não na ordem de chegada, isto chama-se classificação de risco em urgência e emergência - Protocolo de Manchester. O método consiste em identificar a queixa principal do paciente (motivo que o levou a procurar o serviço), definir a condição apresentada e identificar sintomas em cada nível de prioridade clínica. O protocolo começa a ser implantado no Mini-Hospital Dr. Jorge Nunes, no entanto, o procedimento ainda é desconhecido por alguns dos pacientes. Eles não sabem que o pré-atendimento é a classificação de risco e, por isso, alguns aguardam mais horas pelo atendimento em relação aos demais.

06/11/2012 - 17:12


A cidadã, Ivanilda dos Santos Rocha, ao ser questionada se conhece o método afirma que desconhece e para ela  medir a temperatura e pressão são informações iniciais repassadas ao médico. Quem tem a opinião semelhante a de Ivanilda é a proprietária de uma floricultura na cidade, Mayara Sisti. No entendimento de Mayara o pré-atendimento é uma ferramenta para a enfermeira saber o sintoma de cada cidadão e adiantar a informação ao médico antes dela ser consultada.
Ambas desconhecem a maneira em que acontece a classificação de risco. Mayara –com suspeita de ter quebrado o dedo da mão – comenta que apesar de sentir dor se sente bem, pois não tem febre e sua pressão não está alta. “Hoje consigo esperar pela consulta, mas já fiquei mais de 5h aguardando por atendimento e realmente passando mal, mas ninguém me passou para frente”.
Mayara sugere que seja promovida uma campanha de conscientização com a população. “As pessoas devem entender o que realmente acontece aqui. Eu moro no centro e não fui a uma Unidade Básica de Saúde, porque acredito que no mini meu problema será resolvido. Acho que no posto me encaminhariam para cá. Eu não consigo entender o que acontece aqui. Nunca sei o que eles querem que eu faça”.
A diretora do mini-hospital, Denise Franz, esclarece que para implantar a classificação de risco se faz necessário um serviço de triagem realizado por equipes de enfermeiros. Atualmente, a triagem é realizada por técnico de enfermagem. “A nossa triagem é mais para saber se o cidadão vai para a área de ambulatório ou para a de emergência. O ambulatório atende os encaminhamentos rápidos, porém infelizmente 80% do atendimento no mini é de atenção básica”.
Denise destaca que para atender a demanda da população mais médicos deveriam atuar no ambulatório, sendo que em diversos momentos é preciso deslocar médicos para o setor da emergência.
Na triagem, segundo a diretora, o profissional avalia a temperatura e a pressão e, também questiona os sintomas. Ela comenta que a classificação de risco é realizada com base em protocolo adotado pela instituição de saúde. Normalmente, ele é representado por cores que indicam a prioridade clínica de cada paciente: vermelho indica emergência e deve ser atendido imediatamente; laranja indica muito urgente, o prazo de espera do paciente pode chegar a 10 minutos; amarelo é urgente e o atendimento deve acontecer em até 60 minutos; verde é considerado pouco urgente, neste caso o paciente pode aguardar até 120 minutos e azul é um caso não urgente e o tempo de espera pode chegar a 240 minutos.
Denise informa que os profissionais questionam os pacientes o porquê não buscaram por atendimento na Unidade Básica de Saúde, a maioria responde que demora por atendimento na UBS é maior do que no mini, outros avaliam como o atendimento sendo melhor. “A questão ‘hospital’ significa mais segurança para as pessoas. A cultura de hospital ainda é grande na população”.
De maneira geral, Denise avalia como positivo a classificação de risco de Manchester, entretanto, afirma que é necessário capacitar os profissionais para que haja a implantação e o fortalecimento da atenção básica. “Não adianta o profissional fazer a classificação e informar que o cidadão deve buscar uma unidade básica de saúde e lá ele ter que enfrentar filas para fazer o agendamento e ainda para um tempo muito maior de espera. A pessoa tem a ansiedade em resolver o seu problema. Se ela sabe que o médico começa a atender às 7h, ela vai para fila às 4h ou 5h porque quer resolver o problema dela. A situação de filas vai acontecer muito até que se fortaleça a atenção básica de saúde e se tenha uma quantidade suficiente de profissionais que realmente atendam a população”.
A diretora enfatiza que o cidadão deve confiar no atendimento da Unidade Básica de Saúde. “O nosso maior desafio é o fortalecimento da atenção básica. O cidadão quer agendar a consulta e ser atendido no máximo no dia seguinte. Acredito que a atenção básica deve ter profissionais durante todo o período de atendimento, não adianta ter somente um profissional de enfermagem, porque ele avalia a pessoa, porém não pode medicar, logo não resolve o problema”.
Denise acredita que se aumentasse o número de médicos na atenção básica, não seria necessário tantos outros no mini-hospital. “Nós podermos encaminhar para a atenção básica com a garantia de uma vaga para o usuário. Esta experiência existe em alguns lugares e está realmente dando certo”.

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