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GERAL

Pesquisador da Unesp diz que piadas racistas reforçam padrão colonialista e estereótipos

Piadas sobre negros ainda são usadas para desqualificar e marginalizar essa parcela da população, critica o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Dagoberto José da Fonseca, que pesquisa o tema desde a década de 1980. "Esse tipo de piada, de brincadeira, que não é nada inocente, tem o objetivo de rebaixar, de inferiorizar, de desqualificar o negro, de mostrá-lo como um animal, incompetente ou estigmatizar uma situação de pobreza pela qual passa boa parte dessa população”.

20/11/2012 - 12:17


Doutor em ciência sociais, ele começou a pesquisar o tema depois de ouvir de um amigo uma piada racista ainda na faculdade. A anedota deu origem a uma tese de mestrado que, engavetada desde então, foi resumida e será publicada no livro Você Conhece Aquela? A Piada, o Riso e o Racismo à Brasileira, com previsão de lançamento em dezembro.
Em 133 páginas, o professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp reúne piadas em que os protagonistas são negros e aparecem como “vadios, malandros, ladrões”. Em algumas dessas anedotas são comparados a doenças degenerativas, como câncer, ou têm características físicas, como o nariz e a boca, exageradas, reforçando estereótipos.
Sobre o tema da sexualidade, em um dos quatro capítulos da obra, Fonseca também critica o mito da potência sexual, no caso dos homens, ou de lascívia, no caso das mulheres. Segundo o professor, essas ideias surgem na colonização tanto no Brasil quanto na África e refletem teorias de um momento histórico em que o negro era tido como inferior.
“Quando a gente pensa em um negro brutamonte, está associando o negro a um tarado, a um cavalo, a um touro, ou seja, voltamos para a questão da animalização”, ressaltou. “Do outro lado, quando se remete à mulher negra, há ideia de lascividade, de promiscuidade. Tudo vinculado ao processo colonial, em que o dono do corpo era quem escravizava”, acrescenta.
Para o professor, por trás das piadas racistas há uma intenção de buscar a “padronização” do corpo, da beleza, por meio da valorização de um "ideal branco”, o que tem impactos negativos, especialmente, entre as crianças negras. A tendência, explica o pesquisador, é que elas se sintam inferiores e tenham mais dificuldade para aprender.

Da Agência Brasil

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