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“Os presos temiam que a polícia cometesse algum tipo de violência contra eles”, afirma presidente da OAB

Durante a negociação entre presos; o delegado adjunto Edgar Santana e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Adir Colombo, ficou firmado que a Polícia Militar (PM) se retiraria do local no sábado e a vistoria seria realizada pela Polícia Civil (PC). Conforme Colombo, no domingo, pela manhã, uma comissão da OAB acompanhou a varredura nas celas, a qual foi realizada pelos policiais civis e também se dispôs a acompanhar o retorno dos detentos. “Os presos temiam que a polícia cometesse algum tipo de violência contra eles. No sábado, o delegado falou que não haveria violência. E eu disse aos presos de que se houvesse algum tipo de violência denunciaria para as autoridades competentes”.

26/11/2012 - 14:21


Segundo Colombo, a missão da comissão era acompanhar o regresso dos presos. “Acompanhamos pelo lado de fora. Nós acompanhamos a rebelião desde o seu início até o seu fim e, aparentemente, o combinado mantido com os presos não foi cumprido. Por que? Terá que ser investigado”.
A juíza da 2ª Vara Criminal, Luciana Lopes do Amaral Beal, confirma que três presos tiveram lesões superficiais. “Ninguém está sangrando ou sem assistência médica. Houve a necessidade de tiros de advertência (balas de borrachas) pelo descumprimento da ordem de retorno para as celas e as balas atingiram três presos”.
Ela explica que a bala causa um tipo de ardência ou queimadura no local. “É um hematoma, que após alguns dias some. No domingo não aconteceu nada de mais grave que houvesse a necessidade do preso ser encaminhado para o hospital. Os familiares podem ficar tranquilos”.
O presidente da OAB afirma que os presos não desejavam o uso desta força pelas autoridades e, por isso, eles começaram a ceder ainda no sábado a noite. “Esperávamos que o combinado com os presos tivesse sido cumprido, como isto não aconteceu, pretendo comunicar aos órgãos competentes, como Promotoria de Justiça, Corregedoria da Polícia Civil, Comando da Polícia Militar, entre outras entidades para investigarem o caso”.
Ao ser questionado sobre a comissão não ter chegado ao local no horário combinado, Colombo relata que a polícia alterou o horário de retorno dos presos por diversas vezes. “A princípio deveria ter sido pela manhã, mudou para a tarde. No período da tarde foi ligada na delegacia, a qual informou um novo horário. Uma advogada foi designada para participar do processo, porém isto não aconteceu. Agora, vamos aguardar a investigação”.
Rebelião
De acordo com Colombo, a rebelião abre precedentes para novos acontecimentos. “É uma escola para quem está do lado de fora e quem está lá dentro. Os presos souberam medir o tamanho da força que tem em relação a força de fora. Se não tiver uma rotatividade de presos, o perigo pode ser fatal”.
Ele salienta que no sábado aconteceu a menor possibilidade de gravidade de uma rebelião. “Não tivemos reféns ou mortos entre os presos. Os presos - pela qualidade da comunicação que tinham com o meio externo - poderiam ter articulado algo mais grave. No final de semana se mostrou como é lá dentro e a sociedade deverá refletir aquilo que sempre falamos: Toledo precisa de um presídio. Toledo precisa desativar esta cadeia e quem defende que tem que aumentar pena pense que novas cadeias devem ser construídas”.
Colombo enfatiza que a classe política de Toledo parece ‘surda’ para esta situação. “Nós encaminhamos – por três anos - ofícios para a Câmara de Vereadores para incluir na Lei Orçamentária a aquisição de uma área para a construção de uma unidade prisional, porém a discussão foi sempre ignorada”.

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