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SAÚDE

As Unidades Básicas de Saúde e sua crise (silenciosa) em Toledo. Profissionais alertam para falta de médicos e materiais

A Comissão de Fiscalização do Conselho Municipal de Saúde de Toledo visitou as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Município e conversou com os servidores, os quais relatam a falta de estrutura física e de profissionais nas UBS. Os profissionais apontam para um número insuficiente de pessoas encarregadas em realizar o atendimento a população, falta de médicos (clínico geral, da família, ginecologista, pediatra, entre outros) e a falta de materiais básicos, como oxigênio, limpeza, proteção individual, primeiros socorros, macas móveis, cadeira de roda, ar condicionado, mobílias, entre outros. Na terça-feira (27), o conselheiro Henrique Dias Munis – representando a Comissão - apresentou alguns dos resultados do relatório. Contudo, ele enfatizou que o relatório não está concluído, porque a maioria das unidades encontra-se em reforma. A princípio é unânime a falta de medicamentos de uso contínuo. Aproximadamente 95% das UBS estão sem algum tipo de remédio. A Secretaria de Saúde informou que no dia 30 de novembro (sexta-feira) será realizado um pregão.

28/11/2012 - 17:57


O conselheiro, Rodrigo Melonari, declarou que alguns dos materiais citados pelos profissionais possuem em estoque no almoxarifado central, como cadeira de roda, material individual, entre outros. “Acredito que a culpa deste transtorno é em parte da Secretaria de Saúde, porque isto é uma organização de trabalho. Os diretores deveriam acompanhar estas situações nas unidades, ou seja, eles deveriam visitar mais as unidades. Por que materiais não estão nas unidades se temos no almoxarifado?”.
O conselheiro, Dourival Moreira da Silva, avalia que provavelmente não há diálogo entre os profissionais das UBS e da Secretaria. Ele relata que em Dez de Maio a situação está um caos. “O local abriga correios, associação de moradores, farmácia, recepção, mas não tem uma saída”. Silva declara que muitas das UBS reformadas apresentam problemas, como goteiras. “Os investimentos foram altos com a ampliação, mas infelizmente foram mal feitos. Isto é um absurdo”.
Segundo ele, o que mais chamou sua atenção foi a estrutura do consultório odontológico no Posto Central. Silva afirma que o piso possui diversos furos e ferrugens dos móveis; os armários estão sujos ou quebrados; as tomadas elétricas são inadequadas ou estão sobrecarregadas com a ligação de diversos equipamentos; a cadeira do dentista está rasgada e com ferrugem, os utensílios dos médicos são enrolados com esparadrapo, entre outros fatores. “Há um balcão em todo o comprimento de parede. Nele há um armário como produtos de limpeza que não diz respeito a odontologia; a parte debaixo da pia do consultório está podre e com baratas. A minha boca tem bactérias e acredito que saia pior daquele local”.
A conselheira, Ilda Benka da Silva, lembra que a demanda no consultório é elevada e o local possui três profissionais para fazer o atendimento, porém o principal problema é o fato de ter somente oito bandejas de materiais e a esterilização ser realizada somente no Mini-Hospital, cujo prazo é de 24h. “Por dia pode ser atendido oito pacientes. Um médico atendeu dois pacientes e ficou o restante de sua carga horária sentado, pois não havia material para ele realizar o seu trabalho. Estou triste em ver a falta de organização e planejamento da gestão. A coordenadora de saúde deveria visitar as unidades de saúde para verificar o que está faltando”.
O conselheiro, Henrique Dias Munis, declara que interditar a unidade não é a solução. “Se interditar o setor odontológico teria que interditar todas as Unidades Básicas de Saúde da sede e do interior, porque em todas há irregularidades. Quem perde é o pobre. O objetivo do CMS é fazer com que o gestor melhore os locais”.
Para a conselheira, Márcia Inês Mallmann Patispa, há condição de melhorar o espaço. “O CMS pode notificar a Secretaria, solicitar as melhorias e estipular um prazo. Também acho que falta vontade de alguns profissionais. Será que existe um pedido de providências dos profissionais de odontologia na Secretaria?”.
O conselheiro, Silva, disse que os profissionais afirmaram que encaminham mensalmente listas de materiais que necessitam no local. “Não sei se falta comunicação. Isto é uma denúncia. Os móveis do consultório estão apodrecidos e isto pode ser feito de imediato”.
Fiscalização
O promotor de justiça, José Roberto Moreira, aconselhou que o Conselho faça um ofício para a vigilância sanitária solicitando que em um determinado prazo curto verifique e avalie a situação do local. “A Secretaria deve adequar e não importa se existe falta de comunicação entre profissionais e Secretaria. Não é problema do MP ou do Conselho, é problema do gestor. Devemos tratar a coisa pública com seriedade”.
A presidente do CMS, Jaqueline Fernanda Machado, encaminhou o ofício a vigilância sanitária na tarde desta quarta-feira (28). A diretora da vigilância sanitária e epidemiológica de Toledo, Luciane Raquel Gromowski, disse que a fiscalização será realizada na próxima segunda-feira, dia 3 de dezembro, pois a técnica possui carga horária neste dia.

Confira algumas das deficiências das UBS em materiais ou profissionais apresentadas pela Comissão

São Luís – A unidade passou por reforma, mas foram colocadas janelas e portas usadas.

Dez de Maio – A UBS está em reforma. A porta no local não dá acesso para cadeirante; a farmácia está no corredor; a Associação de Moradores utiliza a recepção como depósito de cadeiras, pois não promove reuniões no local; os correios funcionam na unidade; falta enfermeiro, médico, auxiliar técnico, ginecologista, material de limpeza, maca móvel, material para dentista, entre outros.
A ex-secretária de saúde, Denise Liell, sugeriu que o CMS solicite a Secretaria a retirada das cadeiras da Associação de Moradores da Unidade, pois há outro espaço público que pode ser utilizado.
Com relação ao tamanho da porta, a secretária de saúde, Noeli Salete Fornari Borges de Carvalho, informa que a porta está correta no projeto, mas a construtora teria feito errado. “Solicitamos a mudança da porta, porém não foi possível, porque há um pilar. Não é possível fazer um aditivo, porque a unidade não seria entregue neste ano. A construtora vai concluir a obra e a Emdur dará continuidade.

Coopagro – Mudança do padrão de energia elétrica para 220 kw para que o ar-condicionado possa ser ligado; falta medicamentos material de limpeza, proteção individual e existe a necessidade de trocar algumas mobílias.

Industrial – A Unidade está em reforma, mas a princípio falta mobília, material de limpeza, ar condicionado, cadeira de rodas, maca móvel e equipamentos de primeiros socorros.

Dois Irmãos – Não há médicos, mobília, cadeira de roda e oxigênio.

Vila Nova – Falta médico ginecologista, mobília, computador, cadeira de roda, equipamento de primeiros socorros e consultório com banheiro.

Boa Vista – Unidade em reforma.

Nova Sarandi – Unidade reformada e ampliada, mas falta agente de saúde, manutenção do equipamento odontológico, impressora, ar-condicionado, oxigênio, cadeira de roda e mobília.

Panorama – Unidade reformada e ampliada, porém falta clínico geral, ginecologista, pediatra, auxiliar de serviços gerais, maca móvel, cadeira de roda, medicamentos (uso contínuo), material de limpeza, mobília e computador.

Europa – Falta médico da família, auxiliar administrativo, ar-condicionado, cortina, medicamentos, maca móvel e cadeira de roda.

São Francisco – Unidade nova. Falta um auxiliar administrativo, auxiliar de serviços gerais, bebedouro, ar condicionado, maca móvel, cadeira de roda, caixa de emergência.

Porto Alegre – Unidade reformada e ampliada. Não há auxiliar de enfermagem e serviços gerais, material de proteção individual, material de limpeza, ar condicionado, cortina, computador, cadeira de roda, maca móvel e medicamentos.

CAIC – Precisa de uma reforma urgente, porque o local é pequeno e o volume de pessoas é elevado. Falta bebedouro, médico pediatra, serviços gerais, auxiliar de enfermagem, material de proteção individual, material de limpeza, ar condicionado, computador, impressora, maca móvel, cadeira de roda e oxigênio. Também não tem farmácia e os pacientes tem que ir até o Mini-Hospital para retirar o medicamento.

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