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OPINIÃO: Estou Tiririca

E obviamente isto não significa nutrir simpatia pelo deputado! Estou tirica sim, porém não surpreso com a eleição de José Sarney para a presidência do Senado. Disse o parlamentar maranhense que sua candidatura ocorreu “a pedido” e que esta é a última vez  que se candidata.

02/02/2011 - 06:58


Quem talvez não conheça ou não lembre o que foi o seu governo pode até acreditar, mas para quem viveu aqueles anos é difícil crer que um presidente que permitiu que a inflação chegasse a índices estratosféricos, que negociou seus cinco anos de mandato com o Centrão e com Antonio Carlos Magalhães, que há anos exerce forte influência sobre os destinos do país e que perpetua seu nome e de seus familiares numa linhagem imensa de descendentes políticos e de obras Maranhão afora queira voluntariamente deixar de interferir forte e decisivamente na política nacional.

Tenho feito nesta coluna muitos comentários positivos a respeito da transição democrática brasileira, destacando a estabilidade política alcançada e mostrando como a atual composição do Congresso pode dar uma tranquila condição de governabilidade à presidenta Dilma, o que se confirma com a eleição de Sarney para a presidência do Senado e de Marco Maia para a presidência da Câmara, repetindo a estratégia adotada por Lula de buscar apoio no PMDB, o que também já foi alvo de comentários.

 Tenho discutido também questões relativas ao nosso desenvolvimento, desta vez porém, ao entrelaçar uma e outra vejo agora a necessidade de apontar um fato negativo.

Uma das características mais marcantes de toda a nossa história política é a ausência de rompimentos drásticos, dentro do que Raimundo Faoro conceitua como modernização conservadora. A eleição de Sarney permite explicar com clareza o que isto significa: há um anseio da sociedade pela consolidação das conquistas sociais do govero Lula e há um clamor generalizado por desenvolvimento e foi este projeto que elegeu Dilma Roussef.

A reforma política precisa vir à tona! Inaceitável continuar convivendo com a desproporção no número de eleitos e eleitores e com uma forma de financiamento de campanha que permite amplos desvios e falcatruas. Sem contar que há outros tópicos que merecem ser discutidos como o voto distrital misto e se as listas partidárias serão abertas ou fechadas. Inaceitável também continuarmos com a estrutura de impostos como está!

Em suma, é preciso fazer a agenda andar. Se já alcançamos estabilidade política, uma economia pujante e melhoramos nossa distribuição de renda, novos tópicos devem vir à tona e os elencados acima são urgentes não apenas por sua antiguidade e protelação como também pela profundidade de seus impactos. Sarney deu declarações de que irá procurar os líderes dos partidos para desenharem propostas e que pretende desencadear o processo logo.

 Espero sinceramente que o faça. Triste perceber entretanto que este processo estará também sob a batuta de elites tão conservadoras e com práticas políticas tão retrógradas quanto as dele  ficando o aviso que a agenda de modernização que o país precisa talvez não se processe no ritmo ou na intensidade que esperamos, o que ser por um lado nos dá a certeza de um progresso discutido e negociado, por outro pode fazer exasperar pela lentidão e pela inconclusão do processo,  cabendo a nós todos lidarmos com esta característica da nossa cultura política ou fazermos todos os esforços possíveis para mudá-la. Ou acaso acreditamos que alguém deixará voluntariamente o poder?

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