O que chama a atenção - em ambos os casos - é o fato de que, assim como em diversos outros crimes envolvendo mulheres, onde na maioria das situações são elas as vítimas diretas é o preconceito e o machismo que rodeiam estes crimes. Mulheres tratadas como propriedades de seus agressores e, quase sempre, culpabilizadas pela situação. Além disso, vemos um estado que não oferece qualquer suporte para o atendimento destas mulheres, que não sofreram violência apenas neste momento, mas que com toda a certeza, são vitimas silenciosas de relações nas quais predominam o medo e a opressão.
De acordo com os dados do Mapa da Violência Contra a Mulher (2012), o Brasil, ocupa a 7ª posição num contexto dos 84 países do mundo com dados homogêneos da OMS compreendidos entre 2006 e 2010, com uma taxa de mortalidade de 4,4 homicídios em 100 mil mulheres sendo que na maioria dos casos a vitima mantinha vinculo familiar com o agressor (pai, padrasto, conjuge, ex-conjuge). Ou seja, são nas relações patriarcais, no ambiente doméstico que são registrados os maiores índices de violência contra nós mulheres. E o que é mais assustador é que em 51,6% dos atendimentos foi registrada reincidência na prática da violência.
As perguntas que fazemos são: Até quando assistiremos embasbacados o aumento da violência contras as mulheres? Até quando veremos crianças presenciando diariamente suas mães sendo violentadas, seja física, psicológica ou sexualmente? Até quando veremos manchetes como estas em nossos jornais? E mais: até quando culpabilizaremos as mulheres por estas situações?
Não é de hoje que denunciamos as violências que vivenciamos diariamente, expressa não somente em crimes grotescos como estes, mas em diversas outras situações que vão desde o assédio sexual, provocado pela roupa que a mulher veste, a difamação, a forma vulgar e sexualizada que a mídia trata a figura feminina, dentre tantas outras situações. E também não é de hoje que nos mobilizamos em defesa da vida das mulheres. Queremos e exigimos respostas. Necessitamos que os casos sejam tratados como verdadeiramente o são. Os dois casos registrados em Toledo são frutos da violência de gênero, da opressão e submissão impostas as mulheres, do machismo que impera em nossa sociedade.
Jaqueline Machado
Militante da Marcha Mundial das Mulheres - Toledo