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ECONOMIA

Interesses políticos e econômicos emperram a reforma tributária, afirma Lunitti

A carga tributária brasileira é uma das mais elevadas do mundo, ela representa em torno de 37% do PIB nacional, ou seja, de todas as riquezas produzidas no país. A reforma tributária é pauta do debate político, pelo menos, nos três últimos governos, mas não avança além do discurso. A sociedade pouco sabe sobre o quanto os governos arrecadam e tão pouco, conhecem a função social do imposto. Sem esta relação, o controle social da qualidade dos serviços e da aplicação destes impostos, também é deficitário. A elevada carga tributária concentra renda e torna as empresas brasileiras pouco competitivas. Neste sábado (5) e domingo (6), a Casa de Notícias trás um especial sobre a carga tributária, a avaliação de populares, empresários e sociedade civil organizada.

05/02/2011 - 14:54


No mês de janeiro de 2010, o governo federal, recolheu aos cofres públicos mais de R$ 114 bilhões, já em janeiro deste ano, a receita via impostos foi superior a R$ 199 bilhões. A reportagem esteve na manhã deste sábado, em um supermercado da cidade, questionou consumidores sobre se estes tinham conhecimento sobre o impacto dos impostos no preço final dos produtos.
O senhor Luiz Carlos da Silva declarou são ter conhecimento preciso sobre os investimentos dos impostos, ou de onde o governo os aplica. “Não sabia que era tudo isso. O retorno é pouco, em relação a tudo o que eles arrecadam”.
A funcionária pública Neuza Federhein confessa que nunca parou para pensar e não imaginava que o impacto no preço final fosse tão grande. “Nós somos escravos dos impostos. A pergunta fica: para onde vai este dinheiro do imposto? Eu não estou satisfeita. Nós esperaríamos muito mais”.
Para o empresário, Beto Lunitti, a carga tributária no Brasil, o que ele chama de, a cesta de impostos, interfere diretamente na atividade econômica. “A carga tributária no Brasil é praticamente insustentável. No setor de comércio os impostos básicos que recolhemos são: ICMS, PIS, Cofins, Contribuição Social e Imposto de Renda. Também temos a oneração da folha de pagamento, INSS, FGTS e, por aí vai”.
Lunitti avalia que, para o país se desenvolver é preciso que o governo assuma a responsabilidade de fazer a reforma tributária. “Este novo governo tem a grande responsabilidade de encaminhar a reforma tributária, que é o nosso maior peso, chegando a quase 40%. Nós – os empresários – estamos sendo sufocados”.
O empresário ilustra os contrastes da carga tributária, com o país vizinho. “Um exemplo é o vinho. Pagamos na saída 29% de ICMS, fora outros impostos. A 100 km de Toledo temos o Paraguay, onde quem quer saborear uma boa garrafa de vinho paga de 7 a 15 dólares, por um vinho de extrema qualidade. Nós temos que vender uma garrafa deste mesmo vinho no Brasil, a R$ 40 ou mais. É um exemplo simples para que as pessoas entendam o quanto tem de imposto embutido nos produtos”.

Interesses políticos e econômicos

O empresário Beto Lunitti acredita que a reforma tributária não acontece devido aos interesses políticos e econômicos dos Estados. Um exemplo, citado por ele, é o ICMS, onde cada Estado tem uma legislação.  “Até equacionar os interesses de quem perde ou ganha, para acertar o ‘tabuleiro de xadrez’ é muito difícil. O Congresso terá que encarar este ‘urso’, porque as pessoas não suportam mais o que pagam de impostos e este novo Congresso tem possibilidade de começar a mexer com maior profundidade, a reforma tributária. Precisamos avançar e a grande responsabilidade é do Congresso Nacional e, os contribuintes, através das entidades de classe, têm que pressionar os deputados”.

Interesses do país
Ele ainda acrescenta que os deputados estão dando mais atenção as emendas parlamentares para sustentar os seus mandatos, ao invés, de tratarem de questões importantes para o crescimento do Brasil.  “Os deputados ficam na miudeza e esquecem dos grandes temas que o Brasil precisa avançar. A questão da reforma tributária, no contexto econômico, é fundamental. O País não vai crescer a níveis que esperamos. Para o Brasil avançar precisamos colocar o dedo na ferida da reforma tributária. Os interesses políticos e econômicos dos Estados emperram isso. É muito difícil. No entanto, a grande responsabilidade é do senado e do Congresso Nacional”.

Você acompanha a entrevista completa, em vídeo, clique aqui.

Por Selma Becker e Graciela Souza

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