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GERAL

Indicação da construção de restaurante popular no centro de Toledo não agrada empresários nem a maioria dos vereadores

Na noite chuvosa de segunda-feira (18), a indicação que causou polêmica na Casa de Leis foi de vereadora Sueli Guerra (PMDB) que tratava sobre a construção de um restaurante popular no centro da cidade. O tema chamou a atenção de empresários do ramo que participaram da sessão. Sueli justificou que solicitou ao Executivo a realização de estudos para viabilizar o projeto considerando que os trabalhadores que prestam serviços nesta região residem em bairros ou distritos, tornando-se cada vez mais difícil seu retorno para casa no horário do almoço. “Quando se fala em um estudo e em um governo participativo nada será realizado sem o debate com a população”.

19/02/2013 - 10:11


O líder de governo, Ademar Dorfschmidt (PMDB), afirmou que é favorável a construção de restaurantes populares, porém é contrário a forma de condução dos estabelecimentos na cidade. Para ele, os restaurantes populares deveriam ser credenciados. “Observo muitos carros importados estacionados em frente aos restaurantes populares. Enquanto isso, o empresário luta para manter o seu estabelecimento aberto. Acredito que a discussão é salutar. Contudo, sou contra a forma de gerenciamento do programa por não apresentar equilíbrio”.
O vereador, Vagner Delábio (PMDB), relatou que ficou confuso com a leitura do texto, porque na indicação se fala em construção e no corpo diz estudo. Diante disso, ele afirmou que é favorável ao estudo, mas contra a construção. “Eu sou contra a este modelo, pois precisamos saber para quem é direcionado o investimento”.
Delábio informou que o custo de uma refeição do restaurante popular aproxima-se de R$ 6, contudo o cidadão paga R$ 1,50. Por sua vez, o Governo Federal repassa R$ 1,30 e o restante sai dos cofres públicos. “Aqui fica o meu questionamento: A prefeitura paga refeição para quem?”.
O vereador peemedebista lembrou que em reunião com os empresários na Acit um proprietário - de um restaurante localizado em um posto de gasolina da cidade - contou que os condutores de caminhões (de outros Municípios) estacionam os veículos no local e vão almoçar nos restaurantes populares da cidade. “O pior é que eles solicitam a emissão de uma nota fiscal ao proprietário do restaurante no posto e ainda argumentam que é para serem ressarcidos pela empresa. Não podemos admitir que uma pessoa que não tem direito de uso do restaurante popular impossibilite alguém que tem direito. Devemos ampliar o debate e beneficiar quem realmente precisa”.
O vereador, Lúcio de Marchi (PP), destacou que o Brasil possui 79 restaurantes populares, sendo que cinco estão em Toledo. “Atualmente, Toledo é considerado o Município com o maior número de restaurante popular no Brasil conforme ao índice populacional. No entanto, acredito que uma pesquisa deve ser realizada para verificar se ainda existe necessidade de implantar novos restaurantes populares na cidade. Precisamos entender que estes locais foram construídos para atender as pessoas mais simples. Concordo com meus colegas que é preciso haver critérios para verificar quem será atendido no restaurante popular”. Por isso, ele se posicionou contra a indicação.
O vereador do Bloco Parlamentar, Walmor Lodi (PR), se mostrou preocupado com a construção do restaurante popular no centro da cidade, pois poderia prejudicar os estabelecimentos desta região e, consequentemente, poderia influenciar na arrecadação de impostos. “Sou contra ao restaurante no centro. Restaurante popular é para pessoas carentes. Precisamos fazer um cadastro, caso contrário o que faremos com os empresários? Devemos respeitá-los. Cinco está bom demais e estão bem colocados estrategicamente”.
O vereador, Luís Fritzen (PP), avaliou a construção de um restaurante popular no centro como economicamente inviável ao Município e a todos os cidadãos que pagam impostos. “Um dos itens de exigência do Ministério é que o Município coloque um imóvel a disposição para a construção. Qual área seria desapropriada em uma região em que o imóvel possui um valor elevado?”. Com relação ao cadastramento de participantes, Fritzen considera impossível. Ele explica que o sistema deve ser mudado a nível nacional e não municipal.
O vereador, Lodi, concordou com o Fritzen de que investimento no centro da cidade seria elevado. “Nós pagamos para pessoas de outros Municípios comerem em Toledo. Sou a favor da construção de restaurantes populares, mas em locais que contenham pessoas carentes”.
O vereador do Bloco Parlamentar, Tita Furlan (PV), afirmou que não é contra ao restaurante popular no centro da cidade. Ele entende que há pessoas menos favorecidas que trabalham nesta região. Entretanto, Furlan afirmou que enquanto o programa não for regulamentado para informar quem são as pessoas que podem utilizar o sistema, ele se posicionou contrário a indicação.
O vereador, Rogério Massing (PSDB), contou que durante a sua caminhada- na campanha - no bairro Jardim Porto Alegre foi questionado o porquê aquela região não tem um restaurante popular e, por isso, há outros locais que necessitam da construção do estabelecimento, apesar de não concordar com a forma de gestão do projeto.
Massing considerou a indicação da vereadora Sueli Guerra correta, porque levou o grupo de gastronomia da cidade a discutir o assunto com os vereadores, mas solicitou que a indicação fosse retirada para que o debate seja ampliado em outras oportunidades.
O vereador, Eudes Dallagnol (PP), entende que o objetivo do restaurante popular é incentivar o pequeno produtor. Atualmente, ele consegue entregar seus produtos no local. “Por ser um incentivo ao pequeno produtor, acho que cinco restaurantes para Toledo estão bom, pois os demais restaurantes também precisam ter o seu ganho”. Dallagnol também solicitou a retirada da indicação.
O líder de governo, Ademar Dorfschimdt, destacou que o credenciamento dos restaurantes populares não traria prejuízo ao pequeno agricultor. “Na legislatura passada fiz a indicação da criação do Mercado Municipal, o qual daria condições para o pequeno produtor continuar produzindo e o empresário comprar o produto com um valor acessível, elaborar uma refeição com um custo menor mantendo a sua qualidade”. Ele solicitou a sua colega de bancada a retirada da indicação para discutir o assunto com a comunidade e os empresários. Já o líder de bancada do PT, Genivaldo Paes, se mostrou contrário a indicação.
O vereador do Bloco Parlamentar, Neudi Mosconi (PDT), sugeriu que o tema seja discutido em uma audiência pública com os proprietários de restaurantes e demais interessados pelo assunto. “O problema é na questão de quem utiliza. Precisamos regulamentar o projeto. Algumas churrascarias já fecharam na cidade por causa do restaurante popular”. Mosconi acrescenta que se um dia tiver possibilidade de se criar mais um novo restaurante em Toledo que seja o universitário.
Diante da exposição, a vereadora Sueli Guerra decidiu retirar da pauta a indicação, mas ela ponderou que a retirada não diz respeito a opiniões dos vereadores, mas sim, de oportunizar o debate em um momento oportuno. “Estou retirando hoje (segunda-feira) por não constar na ementa estudo para viabilizar o projeto de construção do restaurante popular”. A mesa acatou a retirada em respeito ao Núcleo de Gastronomia. “O debate foi interessante e peço a compreensão para quem acompanhou a discussão”, disse o presidente, Adriano Remonti.

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