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AMBIENTE

Até que enfim, a decisão dos moradores da Vila Industrial foi respeitada

A construção do EcoPonto está cancelada. No local, os munícipes devem sugerir obras que possam ser edificadas no local ao Poder Público. O dilema dos moradores iniciou no ano passado e encerrou na última quarta-feira, dia 20

22/03/2013 - 13:12


A administração anterior promoveu uma ‘audiência pública’ com os moradores da Vila Industrial para apresentar o projeto do EcoPonto e informar que a construção seria realizada em uma área localizada ao lado da Galeria Esportiva. Contudo, a audiência pública não teve validade, porque não foi gravada o testemunho dos participantes e pior a reunião foi mal divulgada e naquela noite fria e chuvosa apenas 20 pessoas estiveram no local. Os participantes não aceitaram a proposta, mas salientaram que se o EcoPonto tivesse que ser construído ali deveria ter algumas mudanças. Na sequência, o projeto foi encaminhado ao Conselho Municipal de Meio Ambiente, o qual optou por aprová-lo e acatar as sugestões da população, porém desconsiderou a mudança de área. E, por última, uma reunião entre os moradores, órgãos representativos e a equipe de transição dos dois governos. Nenhuma novidade neste encontro. No entanto, um detalhe que nunca foi comentado em nenhuma reunião paralisou a construção. Atualmente, o aterro sanitário do Município não pode receber alguns dos materiais coletados pelo sistema, como materiais de construção. Finalmente e felizmente, uma audiência pública (gravada) foi realizada com os moradores e eles foram ouvidos nesta semana.

Para o prefeito de Toledo, Beto Lunitti, o projeto para a construção do EcoPonto foi pouco discutido internamente e, principalmente com a comunidade. O gestor considera fundamental a implantação deste sistema, porém não concorda em fazê-lo sem planejamento e com a aprovação dos moradores. Segundo ele, estes foram os motivos para que a obra fosse paralisada.
Outro fator que levou a construção a parar foi o aterro sanitário de Toledo não está autorizado a receber alguns dos materiais coletados no Eco Ponto, como resíduos de construção civil. O secretário de meio ambiente, Leoclides Bisognin, explica que solicitou ao engenheiro civil da Secretaria um parecer técnico do sistema e ele foi informado que para receber os restos de materiais de construção o aterro sanitário precisa ser legalizado. “Hoje não podemos receber nem um metro cúbico de material de construção”.
Bisognin informa que o Poder Público iniciou um diálogo com uma empresa do Município para negociar uma área de aproximadamente dez alqueires para ampliar o aterro, pois ele considera que o atual espaço deve atender a demanda da cidade no máximo por três anos. Paralelo a isso, começar a buscar a legalização do local. “Se começarmos agora o licenciamento deve levar até dois anos, porque são diversos estudos a serem realizados”.
O secretário do meio ambiente alerta que o novo aterro irá receber resíduos da construção civil de pequenas reformas, pois após uma metragem – determinada no Plano de Gerenciamento – o destino deste material deverá constar no projeto arquitetônico da construção.
Decisão
O prefeito, Beto Lunitti, destaca que a audiência pública no bairro é uma oportunidade para que os moradores decidam o destino daquela área. “É dinheiro de todos que está nesta obra. Eu – como gestor – tenho que zelar pelo dinheiro público e não posso permitir que o recurso seja ‘rasgado’ e ‘jogado pelo ralo’. Acredito que com sabedoria e discernimento saberemos dar um destino ao local”. Beto Lunitti ainda assumiu com a comunidade que irá respeitar a decisão dela em relação ao uso daquele local. “O nosso debate é público. Nós pensamos em uma gestão pública avançada, na qual tenha a participação dos munícipes. Esta atitude que irá nortear a ação do nosso governo”.
Após a apresentação do projeto do EcoPonto a comunidade foi ouvida. O presidente da Associação Ouro e Prata, Niulton Pegoraro, lamenta que a construção tenha sido iniciada sem a aprovação dos moradores e, principalmente, sem planejamento. “Esta era a prática de antes: Primeiro fazia as coisas e depois planejava. Não sou a favor deste local, porque acredito que vai atrair muitos bichos”.
O morador, Nelson Lahm, afirma que quando a obra começou os moradores ficaram espantados. “Desde a primeira reunião, os moradores se posicionaram contrários a construção do EcoPonto neste local, mas nunca fomos ouvidos. Reunimos 300 assinaturas de pessoas que não são favoráveis a obra nesta região. Eu não sou contra ao EcoPonto, sou contra aqui. Creio que há outros problemas no Município que são prioridades e devem ser resolvidos com urgência”.
Residente no bairro há 57 anos, Vilmar Biavatti, relatou que quando chove o terreno fica alagado. “A área está totalmente errada. Eu sou contra a construção da obra neste endereço e se for preciso vou bater de casa em casa e conversar com cada morador para que se una ao grupo”.
O professor, Valdir Pagliarini, disse que trabalha o tema ‘Educação Ambiental’ com seus alunos e, por isso, acredita que o projeto é fundamental para a cidade. Com relação a localização do EcoPonto, Pagliarini é favorável, pois acredita ser um benéficio para o bairro. “Nós seríamos os primeiros a fazer um trabalho de conscientização ambiental. Hoje nos deparamos com diversos entulhos jogados nas ruas, alguns deles poderiam ser destinados ao EcoPonto”. Ele lembra que transferir a construção para outro local – certamente – geraria problema financeiro. “Acredito que a Vila Industrial mereça um Eco Ponto na região”.
O membro da vigilância sanitária, Vilson André da Silva (Chumbinho) destaca que de acordo com a Lei de Zoneamento de Toledo não é permitido colocar EcoPonto naquele endereço e não há previsão em outros pontos da cidade. Segundo ele, o Poder Público tem duas opções: criar a Lei ou não ter EcoPonto.
Silva enfatiza que enquanto foi secretário de meio ambiente da cidade observava os fiscais resolvendo problemas de lixos jogados em locais inadequados devido a ausência de um local para a deposição destes resíduos. “É triste quando recebemos um comunicado de que determinado vizinho jogou tal lixo em tal local. Nós não podemos multar, somente notificar”.
Sobre o EcoPonto, o profissional acredita que independente que a construção aconteça em novo endereço, os moradores do outro local podem se mobilizar e também não aprovarem a obra. “O primeiro projeto do EcoPonto era para ser colocado no Jardim Filadelifa houve contrariedade de órgãos públicos e da comunidade e a obra nem saiu do papel. Na sequência, o gestor sugeriu uma área próxima a rua Rui Barbosa, mas também não foi aceito e, por fim, a área na Vila Industrial. “No ano passado, uma reunião – mal divulgada - foi realizada e ainda quiseram chamar de audiência pública, porém ela não foi gravada e não há o testemunho de cada participante”.
Diante disso, Silva relata que ou faz algo ouvindo a comunidade ou não se faz e aborta a ideia do EcoPonto. “Nós continuaremos notificando pessoas e o lixo disposto de uma forma incorreta. Ao invés de haver uma conscientização está havendo um desconcientização da população. Diariamente, aumenta o número de lixos jogados nos rios e nas matas de Toledo”. Bisognin afirma que quem gosta de Toledo não joga o lixo em terrenos baldios ou em qualquer outro local.
Após a explanação dos moradores, o secretário de meio ambiente, Leoclides Bisognin, sugeriu que fosse realizada uma votação sobre a continuidade ou não da obra. A maioria dos moradores presentes na audiência pública posicionaram-se contrários ao EcoPonto naquele local.
De acordo com o secretário, a comunidade deverá apresentar ao Município sugestões de obras que possam ser construídas no local utilizando o que já está edificado. “Será acatada a melhor sugestão que atenda a comunidade e a construtora receberá o que é de direito”.
O secretário de Planejamento, Jadir Cláudio Donin, acrescenta que a Secretaria irá acatar as propostas. “A obra não se discute, ela é necessária. Vamos recolher e jogar o lixo onde? Então, primeiro devemos pensar no aterro sanitário e entender que não temos um local de forma legal para se colocar os EcoPontos”.

Conheça o processo
Projeto piloto do EcoPonto deverá ser construído na Vila Industrial - http://casadenoticias.com.br/noticias/9612

Projeto do EcoPonto é apresentado para poucos moradores do Industrial e não agrada a todos - http://casadenoticias.com.br/noticias/9657

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