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OPINIÃO: Percepção pública da Ciência

Responda rápido e sem consultar nenhum site na Internet ou enciclopédia: o Sol gira em torno da Terra? A radioatividade foi criada pelo ser humano? Os seres humanos conviveram com os dinossauros? Tempo...como você se saiu?

12/02/2011 - 10:41


O Sol não gira em torno da Terra e sim a Terra gira ao redor do Sol. A radioatividade é um fenômeno natural que o ser humano conseguiu imitar. Os dinossauros e seres humanos não conviveram juntos, pois os dinossauros já estavam extintos há milhões de anos quando os primeiros humanos surgiram. Vocês podem achar as perguntas descabidas mas um estudo recente [1] mostrou que 32 % dos russos acha que o sol gira em torno da Terra e 55 % acham que a radioatividade é invenção humana. 29 % acham que dinossauros e humanos conviveram juntos. Interessante ressaltar que a Rússia (e a antiga União Soviética) é uma nação tecnologicamente avançada, com programas espaciais e armamento militar de ponta, apesar das crises econômicas e sucateamento do maquinário. No Brasil, a pesquisa “Percepção Pública da Ciência e Tecnologia”, realizada no fim de 2010 com mais de duas mil pessoas em todo o país pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) mostrou que, o público brasileiro, a ciência é mais interessante que temas populares como esportes [2]. Do total dos entrevistados, 65% se dizem interessados e muito interessados em ciência e 62% em esportes. O meio ambiente é o tema mais “popular”, com 83% de interessados e muito interessados. Em 2006, o percentual era de 58%. Em seguida, aparece medicina e saúde, com 81%. Apenas 59% declararam-se interessados ou muito interessados em arte e cultura. Segundo o coordenador do estudo, Ildeu de Castro Moreira, no entanto, as respostas sobre o interesse pelos diversos temas oferecem certa ambiguidade, já que as pessoas têm concepções diferentes sobre o que é ciência, arte, ou cultura. Para superar essa incerteza, seria preciso utilizar métodos qualitativos em um estudo com grupos focais. “Neste tipo de enquete conseguimos fazer uma apreciação geral e nacional. Se por um lado perdemos em profundidade, ganhamos em generalidade – e como há várias questões, a incerteza em relação aos conceitos é amenizada. Um aspecto importante foi que formulamos as questões dentro de padrões internacionais e, com isso, poderemos no futuro fazer comparações com outros países”, disse. Os assuntos preferidos entre os 65% interessados ou muito interessados em ciência são ciências da saúde (30,3%), informática e computação (22,6%), agricultura (11,2%), engenharias (8,4%), ciências biológicas (6%). Temas como matemática, física, química, ciências da terra, ciências sociais e história ficam com percentuais entre 3% e 4%. Astronomia e espaço tem 1,6%. Entre os que declararam não se interessar por ciência e tecnologia, a maior parte, 36,7%, alegou como razão para o desinteresse que “não entende” o assunto. Mais de 36% alegam que visitam museus e não participam de eventos científicos porque eles não existem em sua região. Contudo, uma parcela de quase 82% dos entrevistados não soube citar nenhuma instituição de pesquisa científica no Brasil. Entre os demais, 23,5% citaram o Instituto Butantan e 12,1% citaram o Instituto Oswaldo Cruz. Mais de 87% não souberam citar nenhum cientista brasileiro importante. Entre os demais, 40% citaram Oswaldo Cruz e 29% citaram Carlos Chagas. “Trata-se, sem dúvida, de uma deficiência associada à precariedade da escola, tanto no ensino básico como na universidade. Os livros não têm conteúdos sobre o que foi feito na ciência nacional. A mídia em geral também não dá destaque a isso e é muito mais pautada no exterior – com boas exceções”, disse Moreira. Muito ainda se precisa avançar na divulgação científica e na educação, principalmente quando se é noticiado que mais de 1.300 pessoas são internadas no Brasil [3] por doenças que poderiam ser facilmente evitadas com o simples lavar de mãos e alimentos ou seja, com educação.

[1] Folha online (Ciência), de 10/02/2001.

[2] Agência Fapesp, de 11/01/2011.

[3] saúde.ig.com.br, de 09/02/2011.

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