O assunto já foi debatido no Conselho Municipal de Saúde e em outras oportunidades no ano passado. Contudo, o assunto sempre volta à tona quando se discute saúde.
Edison Bach é enfermeiro no mini-hospital Dr. Jorge Nunes desde 2008. Ele atua de segunda a sexta-feira, das 7h às 13h. Bach conta que quando ingressou no serviço público o primeiro atendimento era realizado pelo clínico geral, o qual encaminhava a criança para a referência. Bach relata que após a contratação de pediatras no Município, o clínico deixou de atender as crianças. “Quando solicitávamos o atendimento, eles afirmavam que não tinham prestado o concurso para pediatria e solicitavam que elas fossem encaminhadas para o hospital referência. Com isso, os enfermeiros passaram a fazer o primeiro atendimento e encaminhavam para o hospital. Em diversos momentos, a recepcionista liga no mini e solicita que somente sejam encaminhados os casos de urgência/emergência, porque o plantonista não vence em atender a demanda”.
Segundo, o enfermeiro a situação agravou-se em junho do ano passado quando vários pediatras desligaram-se do Sistema e a escala começou a não fechar. “Alguns finais de semana, o mini ficava sem pediatra em determinados horários”.
Ele afirma que conversava com a direção anterior para relatar os casos e até solicitar novos profissionais. Porém, a direção sempre argumentava que o concurso público estava concluído, havia profissionais para serem contratados, mas como era período eleitoral o MP não permitia.
Com isso, os enfermeiros continuavam a serem os responsáveis pela triagem. “Nós sabemos que este procedimento é ilegal em nossa profissão, mas alguém tinha que fazer algo. Diversas vezes, as crianças que apresentavam febre (39 ou 40ºC de temperatura) eu questionava a mãe se havia medicado a criança e qual era o remédio utilizado para medica-la antes de encaminhar para o hospital. Porém, nem todos os enfermeiros tem esta opinião”.
Bach conta que no início deste ano, a situação permaneceu inalterável. Diante da situação, os enfermeiros elaboraram uma carta ao Conselho Regional de Enfermagem solicitando auxílio. “A resposta é: Se acontecer algo com a criança, os enfermeiros vão responder por exercício ilegal da profissional. Diante desta afirmação o que devemos fazer? O clínico geral se recusa a atender e nós não temos respaldo para medicar”.
O médico, José Silva Tramujas, afirma que o pediatra precisa estar no serviço. “Cada família tem a sua emergência e não é tão simples fazer uma triagem. O profissional – na triagem – pode diagnosticar que naquele momento a criança não precisa de um atendimento imediato, mas quando eu a atendo o caso dela passou a ser urgente. Já pensou se a criança tivesse sido liberada para ir para casa?”.