Nesta sexta-feira (17), no Centro de Atenção Psicossocial II “Lugar Possível” Doutor Jorge Nisside (CAPS II), o Departamento de Saúde Mental de Toledo organizou uma roda de conversa para promover o Dia Nacional da Luta Antimanicomial lembrado no dia 18 de maio. Estiveram presentes representantes do CAPS II e do Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (CAPS-AD), do Ambulatório Municipal de Saúde Mental e da Associação Friedrich e IngrunSeyboth (AFRIS - Hospital Filadélfia).
O evento tem como objetivo principal promover a discussão sobre as questões relacionadas ao tratamento de pacientes, bem como a situação dos encaminhamentos para instituições que realizam os internamentos psiquiátricos. Na região, o Hospital Filadélfia, na cidade de Marechal Candido Rondon, presta estes serviços para os pacientes da rede pública municipal.
De acordo com a diretora executiva da AFRIS, Sandra Stenzel, as pessoas vêem os manicômios como depósitos de pessoas com problemas mentais, mas esta não é a realidade. “Na verdade, a população em geral precisa entender que a atenção aos pacientes psiquiátricos precisa de uma rede. O CAPS precisa do hospital e o hospital precisa do CAPS. O que percebemos é que quando se fala em luta antimanicomial se pensa em excluir o hospital”.
Sandra ainda lembrou que quem faz o tratamento nos centros de atenção psicossocial pode ter seus momentos de instabilidade e nesta hora é preciso fazer uso da estrutura hospitalar. “Assim que esta alteração for sanada, o CAPS reassume este paciente e tenta, por meio do trabalho realizado pelos profissionais, retardar o retorno deste paciente a uma situação de internamento”. A diretora ainda comentou que hoje, o sistema desenvolvido por Toledo para o atendimento em saúde mental é uma referência. “Nem todos os municípios possuem um trabalho tão relevante no atendimento em psiquiatria como o que observamos em Toledo”, salientou.
A diretora de Saúde Mental do município, Janete Rodrigues Welter, explicou que hoje três unidades atendem aos pacientes da Saúde Mental. Além do CAPS II, na Vila Becker, e o CAPS-AD, na área central, também existe o Ambulatório, que funciona junto à Secretaria de Saúde, no Jardim Pasquali. De acordo com Janete, os dois Centros de Atenção acolhem no sistema de livre demanda. “Todos que nos procuram são atendidos e incluídos nas atividades terapêuticas e outras ações de tratamento”. Já o Ambulatório recebe pacientes encaminhados por outros profissionais e pelo CAPS. Janete comentou que, todos os trabalhos realizados pelo município buscam diminuir o número de internamentos. “Sabemos que em alguns momentos esse procedimento se faz necessário”.
Outro fator preocupante apontado por Janete é a situação dos dependentes químicos. A diretora informou que nestes casos as famílias só buscam auxílio quando o problema já está totalmente instalado. “Neste momento a procura ocorre por meio de outros órgãos, como a promotoria pública, e nós poderíamos, caso tivéssemos iniciado antes um processo terapêutico, evitado uma situação mais grave como o internamento”, finalizou.
Dia Nacional de Luta Antimanicomial
A data foi instituída após profissionais da saúde mental, observando os tratamentos, por vezes desumano e cruel, oferecidos aos usuários do sistema de saúde mental. Indignados, os profissionais organizaram o primeiro manifesto público em favor da extinção dos manicômios. A ação ocorreu durante o II Congresso Nacional dos Trabalhadores da Saúde Mental realizado em 1987, na cidade de Bauru, estado de São Paulo. Naquela manifestação nasceu o Movimento Antimanicomial.
O Dia Nacional de Luta Antimanicomial, comemorado no dia 18 de maio, representa a reivindicação antiga de profissionais da área e de familiares que defendem mudanças no modelo de atenção da saúde mental no Brasil. Neste ano o tema da campanha é ‘Senão nos deixarem sonhar, não os deixaremos dormir’.
Da Assessoria - Toledo
