Casa de not%c3%adcias 1144x150

SAÚDE

Mulher perde as trompas e correu risco de morte por diagnóstico tardio

No dia 21 de janeiro, a jovem Sandra Martins pensava que estava começando escrever uma bela história de sua vida, descobrira que seria mãe pela primeira vez. No entanto, veio o primeiro sangramento e mudou esta história. Uma peregrinação entre médicos, consultas, emergências idas e vindas ao Mini Hospital, culminou numa cirurgia de emergência que tirou dela, não só a possibilidade deste filho, mas outro qualquer, pois o diagnóstico tardio de gravidez nas trompas, quase lhe tirou a vida e fez Sandra perder as duas trompas.

21/02/2011 - 17:16


O relato que segue é de uma mulher que aos 28 anos buscou ser mãe pela primeira vez e teve este sonho ceifado, por um diagnóstico tardio. Ela se chama Sandra Martins e mora na  Vila Industrial. O depoimento que segue é em primeira pessoa, porque foi assim que Sandra preferiu.

 “No dia 21 de janeiro deste ano soube que estava grávida, meu exame deu positivo. Já no dia 25 tive o primeiro sangramento, fui até o Mini Hospital, onde me encaminharam com urgência para o Hospital Bom Jesus. Lá fui atendida pela médica que me prescreveu para segurar o bebê e solicitou uma ultrassonografia que foi realizada no dia 26 de janeiro no Mini Hospital. Lá o médico disse que o feto ainda não aparecia e o exame deveria ser refeito entre 7 a 10 dias.

No dia 3 de fevereiro um novo sangramento. Fomos no Mini Hospital e mais uma vez nos encaminharam para o Hospital Bom Jesus, lá o médico que me atendeu passou remédio para controlar as contrações e pediu um novo ultrassom, que foi feito no dia 4 de fevereiro no Mini Hospital – o médico que realizou o exame me disse que eu tinha perdido o meu bebê e disse que eu deveria procurar a minha ginecologista. No mesmo dia fui consultar na Unidade de Saúde da Industrial, onde a médica confirmou que eu tinha perdido o bebê, mas descartou a necessidade de fazer a curetagem. Me perguntou se eu queria engravidar de novo, disse a ela que sim, me orientou que era para esperar três meses e depois tomar uma medicação para fortalecer meu útero.

Neste mesmo dia senti fortes dores e a tarde, por volta de 13h40 fui ao Mini Hospital fiquei em observação até as 19h30 tomando soro e injeção para dor. Eu gritava muito de dor e só me diziam para me acalmar que era assim mesmo, não tinha o que pudessem fazer. Liberaram-me para ir para casa. Na madrugada 1h40, meu marido me levou para o Hospital Bom Jesus, já tinha ficado horas no Mini Hospital, e não deram solução, estávamos desesperados. Lá a médica que me atendeu, me examinou e na hora disse que pelas dores eu estava com uma gravidez tubária e anemia aguda – tinha perdido muito sangue. A médica conversou com meu marido, disse a ele que precisava fazer cirurgia urgente, não podia esperar até de manhã, pois eu poderia morrer.

Fui para o centro cirúrgico, a médica tirou muito sangue dentro da minha barriga e constatou que o feto estava dentro da trompa e não no útero. As duas trompas estavam comprometidas e ela precisou retirá-las. Precisei receber sangue. Dei alta na segunda-feira (7)”.

Mas o pesadelo da família não acabou aí, venho a conta do Hospital.

“Recebemos uma conta de R$ 4.686 – lá dizia R$ 3.800 pacote cirúrgico, R$ 46 exame, R$ 840 referente a sangue (três bolsas – nos disseram que era o exame do sangue e precisamos ainda repor seis bolsas de sangue). Pagamos R$ 1 mil, nos disseram que precisávamos arrumar pelo menos mais um pouco, conseguimos mais R$ 1 mil. Nos deram um recibo de mil reais, (com um carimbo dizendo que não tem valor fiscal, que a nota fiscal deve ser solcitada) os outros mil a moça só anotou num papel onde tem o montante da dívida. Agora ligam todos os dias para minha casa cobrando o resto, pedindo cheques. Não temos de onde tirar, não temos cheques. Me dizem se eu não pagar e precisar de novo do Hospital Bom Jesus não vão me atender”.

“Procurei a secretária de Saúde (Denise Liel), contei minha história a ela e disse que não podemos pagar, pedi sua ajuda. Disse-me que eu não devia ir direto ao Hospital Bom Jesus, mas sim ao Mini Hospital. Expliquei para ela que fiquei a tarde toda lá, e disseram que era assim mesmo, não tinha o que fazer, que o resto do sangue ia descer. A médica que me atendeu disse que se eu esperasse poderia ter morrido.

Eu sei que comigo isso não vai mais acontecer, pois já perdi as duas trompas, não posso mais ter filhos, não tenho dinheiro para fazer inseminação é muito caro. Mas não que isto aconteça com outra mulher, é muito triste”.

A reportagem entrou em contato com a secretária de Saúde, Denise Liel que disse que Sandra não foi questionar a conduta do atendimento que receberá, mas pedir uma ajuda financeira para pagar o Hospital Bom Jesus. “Ela deveria ter procurado o Mini Hospital e não ido direto ao Hospital Bom Jesus, porque lá o procedimento é particular”.

A Casa de Notícias questionou a conduta adotada pela rede. A secretária disse que vai verificar qual a conduta adota e posteriormente se pronunciará.

A Casa de Notícias está a disposição de todos os citados.

Sem nome %281144 x 250 px%29