Instalada no Jardim Europa, a instituição que inicialmente recebia meninas em risco social hoje atende cerca de 400 crianças de ambos os sexos através de 27 profissionais e ainda um estagiário, um voluntário e um funcionário municipal cedido. A comitiva liderada pelo presidente Adriano Remonti foi recebida com café da manhã nesta quinta-feira, dia 11, pelo presidente da Casa de Maria, padre Hélio Bamberg, além da gestora geral, a assistente social Maria Inês Mânica, a assistente social Edimara de Souza, a coordenadora pedagógica Adriane Dartora e a nutricionista Carine Michelin.
O padre Hélio Bamberg destacou a visita, a primeira feita por vereadores à instituição ao longo de seus 21 anos de atuação, agradecendo a aprovação do terreno e afirmando que a Casa de Maria não quer polêmica com a comunidade mas havia outro três campos disponíveis além daquele que estava na área solicitada. Lembrou que a Casa de Maria iniciou sob os cuidados de seis mulheres, sendo depois assumida pela Diocese de Toledo, através do Centro Assistencial. Ele destacou a parceria sempre mantida com a Prefeitura de Toledo, que hoje responde por 34% da manutenção da entidade, que conta também com um pequeno volume de recursos federais e o restante obtido junto a empresas e à Igreja Católica. Ele destacou que toda criança sob vulnerabilidade social é acolhida, afirmando que há uma demanda reprimida e por conta disso a Casa de Maria pode ampliar sua atuação “muito fortemente”, apontando que o Jardim Europa é a região mais carente em todos os 19 municípios da área da Diocese de Toledo, que congrega 30 paróquias. Ele informou que a entidade ligada ao Centro Assistencial da Diocese de Toledo estuda ampliar sua atuação também a Assis Chateaubriand e Guaíra.
A Casa de Maria tem um custo de R$ 50 mil mensais e mantém um orçamento equilibrado onde tenta evitar dependências acentuadas, sendo que uma dependência de R$ 20 mil de uma empresa parceira de Nova Prata, RS, foi reduzida para R$ 9 mil. A diretora Maria Inês agradeceu a aprovação do terreno para a entidade. “A gente esperava a atitude que vocês tomaram”, afirmou, destacando o trabalho das suas três companheiras na entidade e justificando que “nós quatro fazemos o trabalho, apareço um pouquinho mais porque falo mais”. Ela informou ainda que a entidade faz parte da rede assistencial toledana, atuando juntamente com o CRAS-Centro de Referência em Assistência Social, pois mesmo quando recebe diretamente uma criança encaminha a
família ao órgão para ser incluída no Cadastro Único e só depois libera o atendimento. Na entidade a criança é integrada ao projeto “Construindo a Vida”, onde é atendida na espiritualidade, lazer, esporte, atendimento social, música, informática e outros aspectos, num total de 14 projetos. Ela lembrou que muitas crianças passaram por violência doméstica, abuso sexual e desnutrição, entre outros problemas, além de que muitas chegam em casa e pelo abandono não encontram a mãe ou o pai fazendo a comida e na instituição encontram apoio e até alimentos que muitos nem conhecem.
O presidente da Câmara, Adriano Remonti, disse estar muito feliz de estar na entidade enquanto Legislativo e que a visita faz parte de um modelo diferente de pensar a Câmara Municipal.
Ele ainda agradeceu a ida da Casa de Maria à Câmara na votação do Projeto de Lei nº 106, que autorizou a doação do terreno à entidade. “Vocês terem ido acompanhar a votação foi importante”, apontando que a entidade retribui a aprovação com sua luta no dia a dia pelas crianças. O vereador destacou que o Legislativo tem uma ação de fiscalização e pode pressionar pelo atendimento de uma demanda de forma mais rápida, mas quem faz as ações públicas no dia a dia é o Executivo. Para ele porém é preciso preparar as crianças para mudar a política, pois para quem entende, muito mais do que cobrar é preciso trabalhar e fazer de forma coletiva.
Vários vereadores destacaram o trabalho da entidade e Walmor Lodi lembrou que na Câmara há divergências mas a visita serve como exemplo pelo amor com que o trabalho é feito na Casa de Maria, com um sentimento do fundo do coração. Lúcio de Marchi lembrou o início da
Casa de Maria na frente da Igreja São Pedro e São Paulo, destacando que em Toledo não se vê criança na sinaleira ou cobrando estacionamento e também a possibilidade da entidade ampliar o atendimento a 600 crianças no contraturno.
Tita Furlan destacou o trabalho das entidades assistenciais e disse que se não fosse por elas Toledo não seria o que é hoje. “Não temos dúvidas que vocês transformam o município, transformam a vida das pessoas”, apontou ele, afirmando que “dentro de nossas pequenas possibilidades, contem sempre com a gente.” Marcos Zanetti, que atua com comércio em frente à Casa de Maria, disse que como “vizinho de porta” é testemunha do trabalho que fazem na entidade, afirmando que “as crianças entram aqui e saem outras pessoas, uma coisa divina mesmo e a gente sabe que não é pelos valores, é pelo coração”.
Vagner Delabio propôs uma reflexão sobre a diferença entre quem tem e quem não conta com uma Casa de Maria e disse que o exemplo da entidade beneficia não só quem está dentro dela, mas também as pessoas que estão do lado de fora. Genivaldo Paes lembrou a corrupção e disse que tem tanto dinheiro indo pelo ralo porque muitos políticos não têm essa visão social, destacando que
com R$ 50 mil se consegue atender 400 crianças como faz a Casa de Maria. O padre Hélio Bamberg pediu apoio ao trabalho e sugeriu uma reunião anual ou semestral da Câmara Municipal no auditório que a instituição construiu com apoio de uma empresa parceira. Nesse sentido foi lembrado que a campanha do Imposto de Renda ajuda a instituição e o uso dos recursos é acompanhado pela Prefeitura de Toledo e Tribunal de Contas e transforma vidas. “Uma criança custa só R$ 120 e um pouco de muito amor”, afirmou.
Da Assessoria
