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OPINIÃO: Estão querendo cobrar dos produtores brasileiros um dívida que não lhes pertence

Há pouco mais de um mês, precisamente no dia 10/01/11, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean Claude Trichet, alertou para uma forte alta nos preços dos alimentos pelo mundo afora e suas consequências principalmente para os países tidos como emergentes, devido  as ameaças que este fator pode representar para um possível aumento da inflação. Desde então, a maioria dos líderes dos países da zona do euro têm se pronunciado sobre o assunto, demonstrando a mesma preocupação.

02/03/2011 - 15:16


Senhor Trichet, alega que está ocorrendo uma mudança nos “modelos de consumo das famílias do mundo emergente”, o que nada mais é que uma sensível e gradativa melhoria da renda destas populações, o que se constitui em ameaça inflacionária, efeito colateral de crescimento econômico desejado há décadas pelos chamados emergentes, entre eles é claro, o Brasil. Trchet foi mais além, disse como representante do G10, grupo dos países mais industrializados do mundo, estar preocupado com a “solidez fiscal” dos emergentes, diante do atual cenário onde existe uma conjugação de fatores como demanda descontrolada por alimentos, aumento de taxas de juros e especulação sem limites dos fundos de investimentos por commodities agrícolas, elevando com isto os preços dos alimentos e distorcendo relações de mercado.

É preciso que fique claro que o que regula mercado de commodities agrícolas são seus fundamentos principais como oferta e demanda. Os fundos de investimentos têm sido responsáveis por grande parte da liquidez dos grãos, especialmente a partir de 2008, após eclosão da crise do mercado imobiliário nos EUA, mas existe limite para eles também, que são justamente os fundamentos citados. Sendo assim, o que estaria por traz da preocupação do Sr. Trichet juntamente com o G10? Certamente não é a ameaça inflacionária nos países emergentes, mas pode ser a ameaça da mesma inflação para os países que compõem a União Europeia, pois no último relatório divulgado pela Comissão Europeia, as projeções para este ano subiram para 2,5%, contrapondo-se a um crescimento também ajustado para 1,8%, sendo as principais causas o aumento nos preços da energia e commodities. Não é realmente uma situação confortável, até porque são países também importadores de alimentos e que convivem com sérios problemas de ordem fiscal, devido elevados custos com setor previdenciário e pesados subsídios para a agricultura. Lógico, em meio a uma conjuntura como esta, elevação constantes no valor dos alimentos, representam um aumento nos custos da economia desses países.

O que ocorre verdadeiramente é uma dificuldade imensa de competir na atual conjuntura com países como Brasil, China, Rússia e Índia quando o assunto é produção de alimentos. É chegado a hora de todos se adaptarem ao “Novo Modelo” mundial, cada um com suas vantagens e desvantagens. No Brasil, por exemplo, se paga um custo muito alto de uma infraestrutura ainda precária diante do grande potencial produtivo, esta é uma conta que nos pertence. É chegado o momento de países como a França, também assumir a responsabilidade de algumas ineficiências que são suas, como por exemplo, o altíssimo buraco nas contas púbicas em razão entre outras coisas de subsídios pesados na agricultura.

 

 

João Luis Raimundo Nogueira

Adm. Empresas

Téc. Departamento de Economia Rural- DERAL/TOLEDO

        

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