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SAÚDE

Saúde mental: 12 mil pessoas em Toledo possuem problemas com alcoolismo e depressão, relata José Ricardo Pinto da Silva

O psiquiatra José Ricardo Pinto da Silva recebeu a reportagem da Casa de Notícias em seu consultório. Na entrevista o médico falou sobre a alta demanda de consultas na área da saúde mental que estão provocando longas filas de espera. José Ricardo argumentou que uma das estratégias para se reduzir as filas seria identificar as patologias que são possíveis de fazer a prevenção como o alcoolismo e o uso de drogas. Confira a entrevista com o psiquiatra que também aborda a questão da automedicação.

07/03/2011 - 08:58


Casa de Notícias – Em palestra ao Conselho de Saúde foi tratada a questão das filas no atendimento aos pacientes de saúde mental. Como isso foi abordado?

José Ricardo Pinto da Silva - A princípio começamos falando sobre a fila de espera que tem na saúde mental. Há um número elevado de pessoas a espera de uma consulta e não conseguem ter acesso. Foi sugerida a idéia de se fazer uma estatística dos prováveis doentes psiquiátricos que existem em Toledo. O município possui 120 mil habitantes, a partir disso pegamos cada patologia psiquiátrica e que tenhas as incidências na população e fizemos um cálculo para Toledo. Concluímos que há número elevado de pessoas com problemas psiquiátricos, e por mais que a estrutura do atendimento municipal melhore será difícil atender a demanda.

O que as estatísticas revelaram?

Para se ter uma idéia a incidência da esquizofrenia é de 1%, ou seja, em Toledo mil e duzentas pessoas possuem este problema. Esse mesmo índice é registrado para as pessoas portadoras de transtorno efetivo bipolar. E 10% que representam 12 mil da população de Toledo possui problemas com o alcoolismo ou com depressão maior. Já os transtornos de ansiedade atingem cerca de 17% (20 mil pessoas). Sem falar dos problemas com crack, e somatoformes – pessoas que procuram os médicos e não possuem diagnósticos. Os números são elevados e por melhor que o sistema funcione não vai conseguir atender a demanda.

Quais seriam as estratégias?

É preciso analisar no que somos mais eficazes em atender. Porque não adianta eu me propor a atender uma patologia e não ter eficácia no tratamento. Outra questão é identificar as patologias que são possíveis de fazer a prevenção. Exemplo: a única dependência química do mundo que está tendo diminuição é o a do cigarro pelos jovens. Isso porque existe uma campanha muito grande, inclusive restritiva. Com o álcool é diferente. No supermercado, a bebida está disponível, localizada ao lado do suco, do leite, do refrigerante. Existem medidas restritivas que poderiam ajudar muito. No caso do cigarro atualmente não é possível fumar em ambiente fechado. Já em relação ao álcool deveria ser o inverso. Em muitos estados nos EUA é proibido consumir álcool na rua. Então, o álcool só deveria ser consumido dentro dos ambientes propícios para isto. Seriam em bares com alvará de autorização para vender bebida de álcool. Estes locais teriam uma distância mínima das instituições de ensino. Estas atitudes preventivas seriam importantes se fossem tomadas, mesmo porque o tratamento para dependências químicas tem pouca eficácia.

A educação e prevenção seriam a solução para patologias como o alcoolismo e a dependência com drogas então...

A sociedade não faz o dever de casa que é a prevenção e depois queremos aplacar a nossa consciência desesperadamente. O problema do crack, por exemplo. Pode-se construir muitas clínica, que os resultados em termos de eficácia são baixíssimos. Nós devemos agir antes da pessoa se tornar dependente. Isto é óbvio. O álcool é algo que salta os olhos, e teria extrema eficácia a prevenção do alcoolismo na adolescência, entre universitários, entre outros.

Mas no caso de pacientes como da esquizofrenia por exemplo....

Neste aspecto, a psiquiatria teve um avanço muito grande, porque antigamente existiam aqueles hospitais imensos, o hospital São Pedro de Porto Alegre chegou a ter 8 mil pacientes internados. Algo absurdo. Hoje com o avanço da psiquiatria, da psiquiatria biológica, medicações modernas, é possível a pessoa fazer o tratamento em casa. Esta sim é uma patologia que o tratamento é eficaz e vale a pena o sistema público cuidar direito, com abordagem medicamentosa, com acompanhamento psicológico e orientação familiar. Os resultados são bons.

Confira outras falas do psiquiatra José Ricardo em entrevista em vídeo. Onde ele fala sobre a cultura da medicalização.

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