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GERAL

“Não adianta a gente usar eufemismos, para tentar afirmar que nós temos igualdade”, diz a professora Zenaide Gatti

No dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a pesquisadora, professora do CEEBJA e da UTFPR, Zenaide Soares dos Santos Gatti conversou com a reportagem da Casa de Notícias. Zenaide falou sobre o papel da mulher nos tempos atuais, suas lutas e desafios e afirmou que a mulher pobre e negra é ainda mais excluída e discriminada. Confira o bate-papo.

08/03/2011 - 07:33


Casa de Notícias - Professora em sua opinião qual é o papel que a mulher assume na modernidade?

Na atualidade o papel que a mulher assume, ou pelo que busca assumir, na sociedade ocidental, que a de fazer uma separação, de um espaço geográfico e outro, ela busca um espaço de equidade, que não é exatamente de igualdade. Desde a década 70 a mulher percebeu que não é igual ao homem. Não é igual, mas não é inferior. O que ela busca hoje é um espaço equidade, e o que perpassa essa questão toda é a idéia de cidadania, de humanidade. Buscar os direitos como pessoa humana.

 

Quais são as lutas que devem ser travadas ainda no mercado de trabalho, na questão de inserção da mulher?

Tratando-se especificamente do Brasil, ainda é a questão da igualdade salarial. Há controvérsias entre as pesquisas, mas a mulher brasileira tem recebido bem menos que o homem. Em torno de 70 a 75% do valor que o homem recebe. A mulher recebe quase 30% a menos que o homem. Mas também a busca pelo respeito à competência. Eu vejo que isto ainda não existe plenamente. É preciso se fazer uma reflexão que nós temos uma questão de classe e uma questão étnica, que somada a questão de gênero amplia a problemática, e com isso deve ampliar os questionamentos que a gente faz. A mulher negra não tem o mesmo espaço que a mulher branca, a mulher pobre não tem o mesmo espaço que a mulher de classe média que tem uma formação. Logo é possível dizer que quem sofre muito mais é uma mulher que tem menor formação, está numa classe social considerada inferior, e que ainda tem a questão da marca étnica. Não adianta a gente usar eufemismos, para tentar afirma que nós temos igualdade. O discurso é uma coisa, mas na prática é outra. As pesquisas apontam: as mulheres negras ganham muito menos que as mulheres brancas, mesmo dividindo atividades domésticas. No mercado de trabalho ainda há muito que se caminhar, para ter isso que a gente chama de equidade. Em postos mais elevados, no sentido de maior remuneração, ainda a mulher ganha menos. Uma executiva vai ganhar menos que um executivo. Ainda há muito que caminhar. Porque não a mulher receber os mesmos salários por atividade semelhantes ou iguais aos dos homens? 

 

Nesse sentido então ainda existe uma discriminação velada as mulheres?

Eu diria que ela não velada, ela é aberta mesmo. Ela é prática, empírica, cotidiana, no dia a adia. É claro que se usa subterfúgios para maquiar. Nesse ponto concordo que seja velada. Mas ela está escancarada. Poucos são os espaços em que se possui igualdade. No caso específico, a educação é um desses espaços onde a mulher tem possibilidade de ter valorizado de maneira igual ao homem o seu trabalho. Se você tiver a mesma formação, o mesmo tempo de carreira, homens e mulheres são tratados de maneira equitativa, em termos de salário, de carreira. Nesse sentido não há discriminação. Mas a gente percebe que são poucos esses espaços onde a possibilidade de homens e mulheres serem tratados de maneira equitativa.

 

Confira a entrevista em vídeo.

 

 

Entrevista: Rosselane Giordani

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