A equipe de trabalho do prefeito, Beto Lunitti, e do vice-prefeito, Adelar Holsbach ‘Pelanka’ ao assumir a administração no início deste ano enfrentou diversos desafios neste setor. Uma vez que a equipe deparou-se com uma série de problemas que vão desde estruturas físicas inadequadas e até mesmo insalubres para o trabalhador da saúde.
A maioria das Unidades Básicas de Saúde ficavam alagadas durante as chuvas, inclusive unidades com menos de 3 anos de funcionamento possuem infiltrações. Outro problema foi a dificuldade em manter todos os serviços a disposição da população, pois grande número de servidores encontravam-se gozando férias, de forma desordenada e mal planejada, prejudicando o andamento das atividades da secretaria.
Em relação à medicação disponibilizada pelo município, diversos itens da Farmácia Básica estavam no limite, sendo que poderiam ter sido repostos ainda no ano anterior o que dificultou a manutenção da completa oferta de remédios à população. Faltavam ainda equipamentos; médicos especialistas; vários utensílios de trabalho, desde para a realização de procedimento dos médicos até material de limpeza para as unidades; as estruturas dos locais de trabalho em condições desumanas, muitos profissionais estavam com os cursos de atualização atrasados e, principalmente, falta de planejamento na execução de ações.
Diante deste cenário, o prefeito, Beto Lunitti, tendo a saúde como principal ação de seu governo, reuniu a equipe e iniciou um trabalho de organização do sistema. Mais recursos foram disponibilizados para que as ações pudessem ser desenvolvidas. Até o segundo quadrimestre deste ano, a administração aplicou 24,39% na saúde. A emenda 29 estabelece que o gestor público invista 15%. No primeiro quadrimestre deste ano, o Município investiu 20,32% de recursos.
A série histórica de aplicações na saúde de Toledo mostra que houve um aumento gradativo nos últimos seis anos: 2008 (17,28%); 2009 (19,15%); 2010 (19,69%); 2011 (20,58%); 2012 (25,41%) e 2013 (24,39%). Para o próximo ano, as projeções apontam para um índice de aproximadamente 27%, avaliado pelo gestor como um valor considerável diante da demanda de ações que serão desenvolvidas no governo.
O prefeito de Toledo, Beto Lunitti, destaca que a administração terá que desenvolver um trabalho de qualidade e organização na saúde e, sobretudo, vencer barreiras culturais, principalmente as relacionadas ao comportamento das pessoas.
O gestor lembra que antes a dinâmica de trabalho da Secretaria de Saúde era curar a doença. Atualmente, Beto Lunitti afirma que mudou este cenário, ou seja, a proposta da administração é cuidar da saúde dos munícipes, promovendo a prevenção de doenças. “Nenhum prefeito anterior reuniu os integrantes de governo para explicar as ações e as metas da saúde de Toledo. Não é uma crítica a quem passou. Nós respeitamos as decisões, porém se pelos menos três prefeitos atrás (cada um no seu tempo) tivessem feito algo talvez o quadro do Município não fosse este atual”.
O secretário de saúde, Edson Simionato, lembra-se de sua explanação durante a abertura da Conferência Municipal de Saúde neste ano. “Por morar em Toledo há 32 anos tive a oportunidade de conhecer todos os secretários que ocuparam o cargo nos governos anteriores. E, a última vez que o Município fez saúde pública faz anos. Naquela época, uma semente foi plantada, porém nunca foi regada e agora faremos este trabalho”.
A assessora de saúde de Toledo, Denise Campos, acrescenta que não há nada de novo na Saúde. “O trabalho poderia ter sido iniciado muito antes. Assim, hoje o trabalho da equipe não seria tão árduo se algumas destas ações tivessem iniciadas no passado. Infelizmente, daremos autonomia ao trabalho, mas a sua consolidação não acontecerá nesta gestão”.
Ela destaca que o Sistema Único de Saúde (SUS) está em permanente evolução. Por isso, não é possível afirmar que o trabalho será consolidado, pois constantemente mudam a perspectiva e a realidade.
Após diversas reuniões, a equipe deste governo decidiu elaborar um Plano Estratégico de Ações e Metas para a Saúde de Toledo. A assessora de saúde explica que o objetivo do Plano é reorganizar a atenção básica, a qual é responsabilidade do Município. “A responsabilidade da Secretaria de Saúde é a de garantir a atenção à saúde nas redes, com ações de promoção, proteção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde”.
Denise complementa que as principais responsabilidades do Município na atenção básica são: definir e implantar o modelo de AB em seu território; inserir preferencialmente, a ESF em sua rede de serviços, visando à organização sistêmica da atenção à saúde; organizar referências a serviços e ações de saúde fora do âmbito da AB; manter a rede de Unidades Básicas de Saúde (UBS) em funcionamento, entre outras ações.
A profissional salienta que o Município também é responsável pela infraestrutura necessária ao funcionamento das UBS, dotando-as de recursos materiais, equipamentos e insumos suficientes para o conjunto de ações propostas. Além de co-financiar as ações de AB e da ESF. “Desde janeiro deste ano, a equipe está garantindo a infraestrutura aos locais de trabalho. A Secretaria encontrou as unidades deficitárias e ao longo de oito meses iniciou a reestruturação dos espaços e ainda há muito a ser resolvido”.
Modelo Assistencial
De acordo a assessora em saúde, Denise Campos, a SESA tem proposto desde o início de 2011, a implantação das Redes de Atenção à Saúde como estratégia de mudança do modelo assistencial no Paraná. Segundo Denise o principal objetivo é solucionar a tripla carga de doenças que envolve infecções, desnutrição e problemas de saúde reprodutiva são doenças que mais acometem a população. “Além das doenças crônicas e seus fatores de riscos, como o tabagismo, o sobrepeso, a obesidade, a inatividade física, o estresse e a alimentação inadequada; o forte crescimento das causas externas. Atualmente, os acidentes e a violência”.
Ela lembra que o modelo de assistência ao usuário não era resolutivo, pois a Unidade acolhia a demanda espontânea, atendia o paciente e o dispensa no mesmo momento. “Este modelo não atendia a todas as pessoas. Com isso, trazia o congestionamento do pronto-socorro, das UBS, atendimento irregular e inadequado e nada funcionando”.
Denise enfatiza que as doenças do aparelho cardiocirculatório (1º lugar em óbitos), as neoplasias (2º) e causas externas (3º) com persistência das condições agudas, impuseram a necessidade de mudar o modelo de atenção com a organização das redes de atenção a saúde. “Em 1990 quando foi criado o SUS existia um sistema hierarquizado, ou seja, a atenção básica no primeiro piso, a atenção secundária e terciária. Esta mudança para rede de atenção traz um modelo que todos tem a mesma importância, sendo que a atenção básica passa a ser a alternadora do sistema. A AB faz o encaminhamento e para ela volta os pacientes. Também faz a comunicação com os outros pontos de atenção”.
A assessora destaca que o sistema de saúde precisa cuidar das pessoas para que não adoeçam e não apenas cuidar de suas doenças. “Neste processo, se hoje se gasta muito. O gasto seria maior se estivéssemos pensando somente na doença e não na promoção da saúde. O sistema tem que pensar em cuidar para que as pessoas não adoeçam e não somente da doença”.
Ela relata que os sistemas de saúde foram organizados ao longo do tempo para atender as condições agudas. “Hoje ainda temos desta maneira. Em Toledo, atenção à demanda espontânea principalmente em unidades ambulatoriais de pronto atendimento (400 atendimentos dia no mini) ou de internações hospitalares é um dos problemas centrais da crise do SUS”.
Denise esclarece que a atenção à saúde é fragmentada e não possui comunicação entre os pontos de atenção. “Encaminho o paciente para o especialista, porém não sei mais o que aconteceu com ele. A enfermeira fez o encaminhamento, mas não sabe o que aconteceu com este paciente. Por isso, da implantação do modelo de redes de atenção à saúde; organização em que todos os pontos de atenção à saúde são igualmente importantes e se relacionam horizontalmente; integralidade de atenção nos níveis primário, secundário e terciário; (ações promocionais, preventivas, curativas, cuidadoras, reabilitadoras e paliativas); sob coordenação da atenção primária à saúde; prestam atenção oportuna, em tempos e lugares certos, de forma eficiente segura e efetiva”.
Diante disso, a SESA possui 12 propostas para a implantação das redes, destacando: implantar programa de capacitação permanente na área de gestão hospitalar, gestão regional e para os profissionais de saúde preparando-os para reorganização das unidades para atender adequadamente as demandas e necessidades de saúde da população ( APSUS). “Nesta semana aconteceu para todos os profissionais das UBS participaram da última oficina. A capacitação que acontece desde 2011 estamos na sexta oficina capacitando os nossos profissionais. Estamos tendo a oportunidade de implantar tudo aquilo que nos foi capacitado e que ainda não havia sido colocado na prática”, relata Denise.
Ela exemplifica a implantação da classificação de risco em todas as unidades de saúde, melhorando o acesso e a qualidade da atenção. “O acolhimento é uma estratégia que faz parte da Política Nacional de Humanização SUS, onde o paciente é recepcionado pelo profissional acolhedor que lhes esclarece dúvidas, encaminha para o setor/ serviço correto e presta informações a cerca dos serviços ofertados pela Unidade. Esta ação tem por objetivo inicial reduzir filas e tempo de espera do paciente”.
Ela ainda aponta como estratégia o desenvolvimento do Programa HOSPSUS como eixo estruturante das Redes de Atenção – para a qualificação das maternidades e hospitais do Estado do Paraná para as Redes de Atenção Mãe Paranaense e de Urgências e Emergências. “Há evidências na literatura de melhoria da qualidade dos serviços, resultados sanitários e satisfação dos usuários com a redução dos custos dos sistemas de atenção à saúde. Há uma resolutividade maior desde que este modelo seja implantado na sua integra e integralmente”.
O município aderiu ao novo modelo assistencial, a Rede Mãe Paranaense e a Rede de Urgência e Emergência em 2011. Temos mensalmente incentivo financeiro APSUS –R$14.300,00 pela adesão a AP SUS.
Contratações
Além de diversas readequações técnicas de pessoal foram realizadas a contratação de novos profissionais. Conforme a assessoria, as novas contratações possibilitaram – segundo o Plano de Governo - a implantação do Acolhimento nas Unidades Básicas do Jardim Coopagro, Jardim Europa e no Centro de Saúde.
De janeiro a setembro deste ano, o Governo contratou seis clínicos gerais; dois médicos saúde da família; cinco enfermeiros; sete técnicos de enfermagem; quatro técnicos em saúde busca; três pediatras e dois farmacêuticos.
A assessora de saúde de Toledo, Denise Campos, explica que a administração optou por não contratar dentistas devido a carga horária de duas horas. “Nós queremos expandir a ESF com equipes de saúde bucal e com a carga horaria dos dentistas de oito horas”.
Ela lembra que o setor de odontologia passa hoje por problemas estruturais. Atualmente, 24 profissionais atuam no município com uma carga horária de 10 horas semanais impedindo que ocorra a transformação da equipe em ESB. “Para que isso aconteça, terá que haver mudanças no quadro de cargos e salários o que deve acontecer ainda este ano com a criação do cargo de dentista 8h. As primeiras equipes serão instaladas na ESF Jd Europa e a seguir na ESF São Francisco”.
Denise explica que para cada equipe de ESF há correspondência para uma equipe ESB. “Portanto, se entrarmos na ESF no Europa e teremos obrigatoriamente uma equipe ESB”.
A assessora relata que as atividades de promoção de saúde bucal voltaram a acontecer nas escolas e nas UBS com palestras para gestantes e escovação supervisionada tanto nas UBS quanto nas escolas, além do bochecho semanal de flúor. “A saúde bucal esteve estagnada nos últimos 20 anos e estamos reorganizando. Quanto mais problemas, mais caro ficará o tratamento. Infelizmente, em gestões anteriores a opção foi pela assistência e não pela promoção e prevenção. O panorama não é tão ruim. Na proporção de exos/outros 2,86%. O MS aceita até 8%”.
Conforme Denise, a cobertura assistencial ainda é baixa (17,21%) e só sofrerá aumento após a contratação de mais profissionais com carga horária ampliada e expansão das ESF com ESB. “Os procedimentos estão sendo registrados no Sistema de Informações da atenção básica. A médio prazo influenciará na melhoria do IDSUS. O trabalho era feito, mas não registrado. O flúor é uma das maiores ações para a redução da carie”.
A proposta para 2014-2015 de expansão das ESF com ESB são: 2 ESB na ESF São Francisco; 3 ESB na ESF Jd.Europa; 2 ESB na ESF Jd.Panorama; 2ESB na ESF Santa Clara IV. Assim, o Município terá a cobertura assistencial de 36%. Atualmente, são 32%.
Outras ações
As reuniões mostraram a necessidade de elaboração das seguintes estratégias para atingir as metas desta gestão referentes a elevação da qualidade de vida e saúde da população, como: redução da fila e tempo de espera; valorização dos profissionais de saúde; adesão e contratualização ao PMAQ; ampliação do quadro funcional; fomentar a participação e o controle social; organização dos serviços de saúde; -ampliação da ESF; realização de ações de promoção e prevenção de saúde na comunidade; implementação e fortalecimento contínuo do modelo assistencial em rede; viabilizar a estruturação da rede municipal; redução dos óbitos por acidentes, violência e doenças crônicas não transmissíveis; redução dos atuais indicadores de mortalidade infantil, entre outras ações.