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GERAL

Violência doméstica: vítimas e agressores receberão atendimento

O projeto de tratamento a casos de violência doméstica na Comarca de Toledo está dando seus primeiros passos. Após a reunião entre Promotorias, secretarias municipais e professores da PUC, a proposta do grupo de aconselhamento está sendo estruturada pela coordenação do curso de Psicologia e alunos. O grupo de aconselhamento psicológico vai desenvolver o projeto sobre o atendimento e a aplicação da Lei Maria da Penha.

13/03/2011 - 07:48


O objetivo é atuar em duas frentes: atender a vítima e o agressor. Além de tentar desenhar o perfil deste agressor na região. As atividades práticas devem iniciar ainda no final deste mês. Os acadêmicos são orientados pela docente, Adriana Dias Basseto. Ela explica que o trabalho foi dividido em etapas. Na primeira fase, o grupo definiu como será realizado cada encontro, forma de atendimento e abordagem. “Os agressores precisam compreender que não é uma punição, e sim, um momento de acolhimento. É uma escuta diferenciada para que eles possam rever e até estruturar um novo projeto de vida. Este é o momento de um grupo de Aconselhamento Psicológico”. Adriana esclarece que o aconselhamento psicológico – dentro dos princípios e ações na psicologia - é o processo de reflexão para que o indivíduo dentro de um grupo possa entender e rever um pouco de si a partir do relato dos demais.

Perfil do agressor

Segundo a psicóloga, o grupo ainda pretende conhecer quem é este agressor, as motivações, qual o significado que ele dá a esta mulher. No entanto, este perfil não é somente econômico ou social, mas sim, o perfil de sentido, ou seja, que referência ele tem ao aspecto feminino (posse, controle ou proteção). “O que ele chama de cuidado, como ele lida com esta relação familiar que leva a ele vir a agir de forma agressiva? Dentro deste grupo vamos ainda pensar o que é a violência? A violência é física, mas tem a violência psicológica... ela sempre existiu no olhar, no comentário, no posicionamento, na forma como direciono a minha fala ao meu respeito em relação a esta outra pessoa”.

Vítimas

A equipe, de acordo com a orientadora, pretende diagnosticar em qual momento a mulher procura por ajuda? “Ela procura um acolhimento. É um momento de fala. Logo é preciso propiciar uma escuta diferenciada para que esta mulher possa desabafar e até ter coragem de dar continuidade a este projeto, mesmo que tenha situações difíceis (ela pode ser conhecida, ter filhos, colegas de trabalho), mas que ela consiga entender e até esternalizar este desejo dela de dar um basta e reconhecer que ela não precisa e que uma relação saudável não acontece desta forma”.

Adriana acrescenta que é um primeiro passo para estas mulheres perceberem que elas são pessoas de direito, são ouvidas e compreendidas. “É um momento delicado, não é fácil reconhecer, ter um posicionamento e falar de todas as formas de violência, porque ela não pode chegar ali somente ferida fisicamente, mas estas feridas emocionais que podem acontecer há anos até para ela ver o que faz para nutrir esta relação e como ela pode melhorar se libertando desta forma de relação”.

Condição do ser humano

A profissional questiona o que faz cada mulher se colocar nesta posição de vítima? Que laço afetivo é este, o qual ela se sujeita e acaba nutrindo esta relação? Esta mulher têm ganhos? “Pode ser que sim, mas de uma forma que não entenderemos ou gostaremos de entender. É preciso analisar qual o valor deste marido para ela? Os fatores externos estão aí, podemos pensar ou elencar em várias situações que pode colocar esta mulher diante desta situação, mas mesmo que falemos para ela: Olha senhora, não precisa mais passar por isso, a senhora está correndo risco de vida, mas se esta mulher não reconhecer que depende dela também este posicionamento, que ela precisa recuperar esta auto imagem e auto estima não vamos conseguir fazer este trabalho sozinhos”.


Confira a matéria em vídeo.

 

Por Graciela Souza

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