Em Curitiba, todo mês são registrados, em média, 1.730 casos de rede de esgoto obstruída por gordura. Para cada situação, uma equipe de manutenção precisa interromper seus serviços e deslocar-se até o local para fazer a limpeza e desentupir a rede. A gordura vai parar na rede de esgoto porque ainda há imóveis onde a caixa de gordura não foi instalada, embora seja de uso obrigatório. A função da caixa é reter este tipo de material, que, periodicamente, deve ser retirado da caixa e jogado no lixo comum.
Nas demais cidades atendidas pela Sanepar, as equipes de manutenção também precisam desobstruir as redes de esgoto que estão entupidas com gordura. Em Londrina, o percentual de obstruções causadas por gordura chega a 60% do total de casos. Nas regiões de Francisco Beltrão e Cascavel, a desobstrução da rede por causa da gordura acumulada representa 30% das ocorrências mensais, em média. Na região de Toledo, cerca de 8%. Nos últimos 10 meses, em Foz do Iguaçu, foram registrados 46 casos, a maioria em bares e restaurantes que não têm caixa de gordura.
A caixa de gordura - que deve ser instalada na saída da água utilizada na pia e na máquina de lavar louças e antes de chegar à rede pública de esgoto - é um pequeno tanque que retém a gordura lançada na pia ou presente na louça e panelas das casas e restaurantes. Quando esfria, a gordura se transforma em blocos sólidos que se fixam nas paredes das tubulações, reduzindo o espaço para a passagem do esgoto, e, por conseqüência, provocando entupimentos e transbordamentos. Se a rede coletora de estiver entupida, há risco de o esgoto retornar para dentro do imóvel.
“Retirar a gordura nas tubulações do sistema é muito mais difícil e mais caro do que a limpeza periódica que deve ser providenciada pelos responsáveis pelas residências e restaurantes”, diz Ernani Ramme, da Unidade de Esgoto de Curitiba. Na cidade, uma lei municipal obriga a instalação da caixa de gordura (Lei 13.634/2010).
CUSTO - Para remover este material, que deveria ter sido retido em caixas apropriadas, o custo para a Sanepar é de R$ 230,20 por desobstrução. Isto significa que, apenas na capital, a despesa de cerca de R$ 4,8 milhões por ano poderia ser evitada se a população cumprisse o que determinam a lei e a norma técnica. Despesas como esta fazem parte da composição da tarifa e os clientes arcam com este custo na conta de água e esgoto.
Para reduzir os casos de edificações sem a caixa de gordura, em Guarapuava, desde 2010, todas as ligações feitas na rede coletora de esgoto são checadas pela equipe de Vistoria Técnica Ambiental da Sanepar, e só são liberadas mediante a correta instalação da caixa de gordura. Com isso, em média, do total de desobstruções, 10% ainda são decorrentes da gordura despejada nos ralos.
"Fizemos um trabalho de verificação em parceria com a Vigilância Sanitária do município. Vistoriamos restaurantes, lanchonetes, panificadoras, supermercados, açougues - os setores que mais geram resíduos gordurosos - e cerca de 80% desses estabelecimentos estavam irregulares em relação à instalação e uso da caixa de gordura. Todos foram notificados e tiveram que se adequar", informa Valdir Oliveira Machado, da equipe de vistorias da Sanepar em Guarapuava.
COMO FUNCIONA - A caixa retém a gordura porque esta não se mistura com a água. A gordura acaba boiando na superfície da caixa e a água utilizada na cozinha segue, então, pela tubulação de esgoto. A implantação da caixa de gordura não é cara, principalmente considerando-se a relação custo/benefício. Nas lojas de material de construção de Curitiba, a caixa com capacidade para 18 litros, custa aproximadamente R$ 180 reais.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da NBR 8160, orienta sobre a construção de todos os tipos de caixa de gordura. Consultando a Norma é possível saber o dimensionamento para cada imóvel. Em residências com até duas pias, a caixa precisa ter capacidade mínima para 18 litros. As caixas de gordura devem ser instaladas no lado interno do alinhamento predial, não sendo permitidas no passeio.
DICAS – Instalada na rede interna de esgoto, a caixa pode ser de plástico (PVC), fibra de vidro, concreto ou alvenaria. Deve ser instalada em local de fácil acesso, ter tampa removível (para permitir a limpeza) e estar completamente vedada para garantir seu bom funcionamento.
O óleo de fritura nunca deve ser despejado na pia porque vai se acumular na caixa de gordura. Também não deve ser jogado nas bocas de lobo ou bueiro por onde é escoada a água da chuva. A orientação é guardá-lo em um vidro. Quando o vidro estiver cheio, entregar em postos de coleta.
MANUTENÇÃO - É importante verificar as condições da caixa de gordura a cada 30 dias ou com frequência maior, se na cozinha são lavados utensílios muitos engordurados, ou se há o uso constante de óleo de fritura, seja em frigideiras ou chapas. Uma caixa entupida pode causar mau cheiro e vazamentos através da tampa, entupimento da rede interna, retorno do esgoto para dentro das casas pelos ralos e escoamento lento no ralo da pia.
Para limpar a caixa, a pia não deve estar sendo utilizada. É importante utilizar luva e avental. A gordura pode ser raspada e retirada com uma pá ou peneira. O material recolhido deve ser colocado em saco plástico resistente e descartado junto com o lixo doméstico. Os resíduos de limpeza da caixa de gordura nunca devem ser jogados no vaso sanitário, pois a limpeza terá sido em vão e ainda poderá causar entupimento da rede do imóvel.
Assessoria Sanepar