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PECUÁRIA

Alta de preços antecipa exportações de grãos

 

Com o avanço na colheita da safra de grãos de verão já se projeta o crescimento nas exportações. A safra brasileira de soja vai avançar 2,3% e as exportações também devem crescer, impulsionadas principalmente pelos preços altos da commodity. Nesse sentido o presidente do Sindicato Rural de Toledo, Nelson Paludo, comenta que muito produtores impulsionados pela alta do preço da soja já fizeram a venda antecipada.
17/03/2011 - 16:50


A onda da alta produtividade pode desembocar no incremento das exportações. No Paraná a safra de grãos de verão e de inverno 2010/11 está se consolidando e poderá atingir 30,95 milhões de toneladas, volume 5% inferior à produção da safra passada quando foram colhidas 32,71 toneladas de grãos no Estado. Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica uma colheita de 70,3 milhões de toneladas no Brasil este ano. O aumento da exportação do complexo soja (farelo, grão e óleo), em volume, deve ficar próximo a este crescimento de safra, segundo o secretário executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fabio Trigueirinho. A estimativa da instituição é de 3,4%. Já a receita com exportações do complexo deverá avançar de US$ 17,2 bilhões na safra passada para US$ 21,8 bilhões nesta, com crescimento de 26,7%, segundo a Abiove, impulsionado principalmente pelos preços elevados no mercado internacional. E a instituição prepara ainda uma revisão da estimativa de exportações de grãos para cima, o que vai elevar a previsão de receitas do complexo.

Trigueirinho acredita, inclusive, que os preços da commodity devem continuar altos pelo menos até janeiro do ano que vem, com apenas pequenas oscilações para cima ou para baixo. Ele lembra que as safras do Brasil e Argentina já estão praticamente definidas, mas que Estados Unidos ainda vão plantar a sua safra, lá por maio e junho. A colheita norte-americana ocorre por volta de setembro. Os três países formam o grupo de maiores produtores de soja do mundo e os seus desempenhos têm peso importante sobre os preços da commodity.
Trigueirinho crê que cerca de 50% da safra brasileira deve ter sido comercializada. A colheita já iniciou em janeiro no Mato Grosso,  que costuma fazer comercialização adiantada, de soja verde. De acordo com a Conab, a soja colhida no estado já começou a ser exportada para destinos como Holanda, Reino Unido e Noruega.
No Paraná, região oeste, o presidente do Sindicato Rural de Toledo, Nelson Paludo, disse que confia no crescimento das exportações. Paludo explica que o aumentou na produção é um fator que influencia, mas que também os produtores estão agora comercializando os grãos da safra passada, devido ao bom desempenho dos preços. Ele acredita também que em relação a crescente demanda mundial por alimentos as exportações devem crescer. “Podemos produzir mais para atender essa demanda, mas precisamos resolver questões logísticas para o escoamento da produção”, disse. Ele ressaltou que o Brasil precisa resolver esse gargalo. “Temos que solucionar a questão da logística, visto que as estradas estão ruins, e o pedágio é muito caro. Não adianta produzir mais e não ter como escoar”, comentou o presidente do Sindicato Rural.
SAFRA PARANÁ
No Paraná a safra de grãos de verão e de inverno 2010/11 está se consolidando e poderá atingir 30,95 milhões de toneladas, volume 5% inferior à produção da safra passada quando foram colhidas 32,71 toneladas de grãos no Estado.  Só a produção de grãos de verão deve totalizar 20,03 milhões de toneladas, volume 6% inferior ao obtido em igual período do ano passado, que foi de 21,38 milhões de toneladas.
O carro-chefe da produção de verão é a cultura da soja, que deverá apresentar um volume de produção estimado em 13,94 milhões de toneladas, praticamente o mesmo produzido na safra passada, que foi de 13,93 milhões de toneladas. Este ano, a área de plantio atingiu 4,5 milhões de hectares, considerada recorde. Em relação à área plantada no ano passado houve um aumento de 130 mil hectares.
PREÇO DOS ALIMENTOS
 O Ministério da Agricultura acredita que a entrada da safra de verão no mercado deve conter o ritmo de alta dos preços dos alimentos. Em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, no Paraná, em Goiás e São Paulo, que já iniciaram a colheita em janeiro, a expectativa é que, até abril, cerca de 119 milhões de toneladas de grãos, principalmente arroz, feijão, milho e soja, sejam colhidas. O número representa quase 80% dos 149,4 milhões de toneladas previstas para o ciclo 2010/2011.
Se a expectativa de desaceleração dos preços dos alimentos se confirmar, isso também pode ocorrer com os índices de inflação. “Em função da importância e do peso que esses produtos têm no cálculo dos índices de inflação, acredito que o início da colheita poderá ter impacto no bolso do consumidor”, afirmou por meio de nota do ministério o gerente de Levantamento e Acompanhamento de Safras da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Bestétti.
Segundo Bestétti, o arroz e o trigo chegaram a ter valores de mercado abaixo do preço mínimo fixado pelo governo federal, enquanto o feijão apresenta variações conforme a sazonalidade. Ele lembra também que os preços do milho ficaram, na maior parte de sua comercialização, próximos ao mínimo.
O Brasil é reconhecido como um dos maiores produtores mundiais de alimentos e principal exportador de várias commodities agrícolas. O aumento da safra nacional é visto pelo mundo como uma das saídas para evitar uma elevação ainda maior dos preços dos alimentos nos próximos anos.
Na semana passada, a diretora executiva do Programa Mundial de Alimentação (PMA), Josette Sheeran, afirmou que o encarecimento desses produtos tem contribuído para os protestos no Norte da África e no Oriente Médio, principalmente em países como a Tunísia, que já teve a queda de seu presidente, o Egito e a Jordânia.
Bestétti acredita que as exportações mundiais de alguns países produtores de alimentos aumentarão. “No caso do Brasil, a exportação de produtos como o milho, o arroz e o trigo poderá ser ampliada”, destacou
Por Rosselane Giordani com agências
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