Valho-me, portanto, de uma análise do discurso do presidente onde ao procurar identificar quem fala, de onde fala, para quem e com que objetivo tento não apenas diagnosticar o que está por trás da fala e da postura de Obama, mas também discutir algumas implicações de seu discurso e de sua postura. Deixo aos leitores mais atentos, a observação de que a coluna foi escrita no calor da hora, trata-se mais de uma observação do que de uma análise mais aprofundada.
É preciso anotar que ao se falar em analisar discursos, está se falando em analisar relações de poder onde quem fala tem centralidade e quer constituir-se como sujeito histórico e social dialogando com as condições sociais e tentando impor sua visão de mundo a outrem.
Quem pretendeu se mostrar ser Barack Obama em seu discurso no Teatro Municipal do rio de Janeiro? Presidente dos Estados Unidos, e este como nação amiga do Brasil. Não obstante as gafes históricas, é isto o que aparece quando ele fala da herança africana das duas nações, quando retoma o que disse sobre Lula, etc.
Transparece no discurso a busca de uma posição de autoridade para falar, visto que Obama fala de um púlpito, num lugar glamouroso e ladeado por bandeiras dos dois países. Que quis ele em sua fala destinada ao povo brasileiro? Em primeiro lugar, construir as duas nações como aliados históricos, como lutadores para um destino mundial comum de paz e democracia, e ao povo brasileiro como aquele que mais avançou nesta direção no final do século XX e início deste.
Ressalto que tanto o presidente Obama quanto este colunista endossam as qualidades da democracia brasileira, entretanto, as semelhanças entre nossas posições param aí, pois, é preciso ver o discurso presidencial no Teatro Municipal no Rio de Janeiro com viés crítico e apontar:
1) De fato os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer nossa independência, o que coaduna com os ideais liberais de seus founding fathers, mas também com seus interesses no nosso açúcar ( e me parece que apenas agora o governo americano admitiu uma relação comercial mais igual com relação a nossos produtos agrícolas)
2) Nem sempre nossa relação foi de parceria. Aproximamo-nos, é verdade da órbita americana no governo Vargas com o final da Segunda Guerra após um longo tempo de negociação e conseguimos alguns avanços na nossa industrialização com a instalação de um parque siderúrgico, etc. Neste período diversas missões estrangeiras vieram discutir planejamento conosco. Desta aproximação resultou também a criação da FEB, o reaparelhamento de nossas forças armadas e o treinamento militar e ideológico de nossos militares, o que resultou no Golpe de 64.
3) Sua visita ocorre num momento em que, pressionado pelas derrotas políticas internas a Mudança que Obama quer pretender representar necessita de um esteio externo e é acossada pelos acontecimentos no Oriente Médio.
4) Estamos nós brasileiros sim numa encruzilhada do nosso desenvolvimento e até com pretensões a um protagonismo internacional maior, mas para ser realmente parceiro deste processo não basta nos adular com as doces palavras sobre Lula, Orpheu ou o “país do futuro”. É preciso fundamentar seu discurso com ações, ou seja, que aqueles dez acordos assinados em Brasília de fato demonstrem que a doutrina Monroe é coisa do passado em seu país e que o governo Obama tem condições de sustentar uma nova diretriz de política externa interna e externamente, what is such a remarcable unbelieveble change, but looking what is happening in Libia now whe can see that probably you are saying only words.