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Vereadores querem analise do leite materno em Toledo

A recente pesquisa realizada pela Universidade Federal do Mato Grosso que apontou alto índice de resíduos de agrotóxico no leite materno de mulheres de Lucas do Rio Verde, motivou os vereadores Leoclides Bisognin (PMDB) e Adelar Holsbach (PDT) a fazerem indicação de estudo de viabilidade para realização de analise no leite materno das mulheres toledanas, através de parceria entre o Poder Público Municipal e o Banco de Leite Humano Dr. Jorge Nisiide. O Paraná consome 12 Kg de agrotóxico por hectare ao ano, enquanto a média brasileira é de 4Kg/ha/ano, segundo o Ipardes.

03/04/2011 - 09:26


A pesquisadora Danielly Palma disse em entrevista a repórter Manuela Azenha do portal Viomundo – que realizou seus estudos em Lucas do Rio Verde por se tratar de uma das maiores cidades produtoras de grãos do Mato Grosso e que apesar de apresentar alto IDH (índice de desenvolvimento humano), a exposição de um morador a agrotóxicos no município durante um ano é de aproximadamente 136 litros por habitante, quase 45 vezes maior que a média nacional — de 3,66 litros.

Danielly Palma relatou ao Viomundo que 100% das amostras indicaram contaminação por pelo menos um tipo de substância. “O DDE, que é um metabólico do DDT, esteve presente em 100%, mas isso indica uma exposição passada porque o DDT não é utilizada desde 1998, quando teve seu uso proibido. Mas 44% das amostras indicaram o beta-endossulfam, que é um isômero do agrotóxico endossulfam, ainda hoje utilizado. Ele teve seu uso cassado, mas até 2013 tem que ir diminuindo, que é quando a proibição será definitiva. É preocupante, porque é um organoclorado que ainda está sendo utilizado e está sendo excretado no leite materno”.
A pesquisadora comenta que outras substâncias foram encontradas no leite materno. “O DDE em 100% das mães [que estão amamentando]; beta-endossulfam  em 44%; deltametrina, que é um piretróide, em 37%; o aldrin em 32%; o alpha-endossulfam, que é outro isômero do endossulfam, em 32%; alpha-HCH, em 18% das mães,  o DDT em 13%; trifularina, que é um herbicida, em 11%; o lindano, em 6%”.

Danielly Palma adverte que das 62 mulheres pesquisadas, apenas uma declarou ter contato direto com o agrotóxico. “Ela é engenheira agrônoma e é responsável por um armazém de grãos. Três mães residem na zona rural, trabalhando como domésticas nas casas dos donos das fazendas. É difícil dizer que quem está longe da lavoura não está exposto em Lucas do Rio Verde, pela localização da cidade, com as lavouras ao redor. Mas, a maioria das entrevistadas trabalham com comércio, são professoras do município, algumas donas de casa, mas não são expostas ocupacionalmente. A questão é o ambiente do município”.

Danielly relatou a repórter do Viomundo o que essas substâncias podem causar no corpo humano. “Todas essas substâncias tem o potencial de causar má formação fetal, indução ao aborto, desregulamento do sistema endócrino — que é o sistema que controla todos os hormônios do corpo — então pode induzir a vários distúrbios. Podem causar câncer, também. Esses são os piores problemas”.

A partir destas informações os vereadores se dizem preocupados com o “mal invisível”. “A contaminação por agrotóxicos pode ocorrer por alimentos, água, ar e pelo contato com a pele. Toledo é eminentemente agrícola, sendo cercado por várias lavouras, por esta razão a pesquisa mediante amostragem será aplicada nas mães do interior e da cidade, com o intuito de obter informações se há ou não índice de contaminação. Estamos preocupados quanto ao assunto, queremos assegurar, proteger e apoiar incondicionalmente a amamentação, estando assim voltados à saúde das crianças e suas mães”, afirmou Bisognin.

A indicação dos vereadores será apresentada ao Plenário nesta segunda-feira.

 

Acompanhe a entrevista completa com a pesquisadora à repórter Manuela Azenha, clique aqui.

 

Por Selma Becker com informações da Viomundo

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