A pesquisadora Danielly Palma disse em entrevista a repórter Manuela Azenha do portal Viomundo – que realizou seus estudos em Lucas do Rio Verde por se tratar de uma das maiores cidades produtoras de grãos do Mato Grosso e que apesar de apresentar alto IDH (índice de desenvolvimento humano), a exposição de um morador a agrotóxicos no município durante um ano é de aproximadamente 136 litros por habitante, quase 45 vezes maior que a média nacional — de 3,66 litros.
Danielly Palma relatou ao Viomundo que 100% das amostras indicaram contaminação por pelo menos um tipo de substância. “O DDE, que é um metabólico do DDT, esteve presente em 100%, mas isso indica uma exposição passada porque o DDT não é utilizada desde 1998, quando teve seu uso proibido. Mas 44% das amostras indicaram o beta-endossulfam, que é um isômero do agrotóxico endossulfam, ainda hoje utilizado. Ele teve seu uso cassado, mas até 2013 tem que ir diminuindo, que é quando a proibição será definitiva. É preocupante, porque é um organoclorado que ainda está sendo utilizado e está sendo excretado no leite materno”.
A pesquisadora comenta que outras substâncias foram encontradas no leite materno. “O DDE em 100% das mães [que estão amamentando]; beta-endossulfam em 44%; deltametrina, que é um piretróide, em 37%; o aldrin em 32%; o alpha-endossulfam, que é outro isômero do endossulfam, em 32%; alpha-HCH, em 18% das mães, o DDT em 13%; trifularina, que é um herbicida, em 11%; o lindano, em 6%”.
Danielly Palma adverte que das 62 mulheres pesquisadas, apenas uma declarou ter contato direto com o agrotóxico. “Ela é engenheira agrônoma e é responsável por um armazém de grãos. Três mães residem na zona rural, trabalhando como domésticas nas casas dos donos das fazendas. É difícil dizer que quem está longe da lavoura não está exposto em Lucas do Rio Verde, pela localização da cidade, com as lavouras ao redor. Mas, a maioria das entrevistadas trabalham com comércio, são professoras do município, algumas donas de casa, mas não são expostas ocupacionalmente. A questão é o ambiente do município”.
Danielly relatou a repórter do Viomundo o que essas substâncias podem causar no corpo humano. “Todas essas substâncias tem o potencial de causar má formação fetal, indução ao aborto, desregulamento do sistema endócrino — que é o sistema que controla todos os hormônios do corpo — então pode induzir a vários distúrbios. Podem causar câncer, também. Esses são os piores problemas”.
A partir destas informações os vereadores se dizem preocupados com o “mal invisível”. “A contaminação por agrotóxicos pode ocorrer por alimentos, água, ar e pelo contato com a pele. Toledo é eminentemente agrícola, sendo cercado por várias lavouras, por esta razão a pesquisa mediante amostragem será aplicada nas mães do interior e da cidade, com o intuito de obter informações se há ou não índice de contaminação. Estamos preocupados quanto ao assunto, queremos assegurar, proteger e apoiar incondicionalmente a amamentação, estando assim voltados à saúde das crianças e suas mães”, afirmou Bisognin.
A indicação dos vereadores será apresentada ao Plenário nesta segunda-feira.
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Por Selma Becker com informações da Viomundo