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Lodi desafia empresários e poder público para ousarem na política de desenvolvimento social e econômico

A cerimônia de posse festiva do novo presidente da Associação Comercial e Industrial de Toledo (ACIT) realizada na noite de sexta-feira foi mais que um evento social, foi um marco no debate e diálogo que a classe empresarial quer travar com o poder público. O presidente empossado Walmor Lodi em seu discurso mostrou um tom diferente no posicionamento que entidade assume no momento em que estabelece conexão com instâncias de debate político que são apartidários e que almejam somente um diálogo franco e aberto com a sociedade sobre os rumos e desafios que se colocam. Num clima festivo e de sincera amizade o ex-presidente Eduardo Dallacosta entregou simbolicamente a batuta para Walmor Lodi, que passou a comandar uma das mais importantes e representativas entidades do município de Toledo.

09/04/2011 - 09:07


Na euforia do clima festivo, sentimentos controversos foi uma expressão que ajuda a definir o sentimento que perpassou anfitriões e convidados. Eduardo Dallacosta em tom emocionado contou que deixar a presidência da entidade é um misto de tristeza e alegria. “São alguns sentimentos controversos: tem alegria do dever cumprido e a tristeza de deixar essa equipe maravilhosa de colaboradores e diretores que ajudaram nessa gestão. Conseguimos alcançar grande parte das metas estabelecidas, lançar produtos novos. Posso dizer com toda certeza que foi um ano marcante, me mudou. O associativismo muda o conceito da gente, muda o eu pelo nós. Isso devido também a importância da equipes que nos amparam. A gente sem elas não é nada. Meu muito obrigada a todos”, declarou Eduardo que deixou ainda uma frase registrada que será lembrada como uma marca da sua personalidade: “O associativismo fez muito mais por mim do que eu por ele”.

Assumindo o desafio de crescer ainda mais como entidade congredadora de forças e desafios, o empresário Walmor Lodi assumiu a responsabilidade diante do público de empresários, políticos e imprensa que o assistiam de ser um agente fomentador de desenvolvimento para o município e região. Lodi frisou que a ACIT tem um papel de destaque na cidade, mas também na região, estado e país. “Toledo é destaque nacionalmente, temos 38% dos empresários associados, enquanto que a media é 10%. Mas temos um desafio, chegar aos 50% das empresas associadas, entretanto só ficarei feliz se estas empresas tiverem vantagens de serem sócias da nossa associação. Mas além dos associados terem vantagens, eu quero ver toda a comunidade tendo vantagens”, declarou.
Nesse ponto do discurso Lodi interrompeu sua linha de projeções que a principio parecia se remeter somente à ACIT e associados e estendeu a reflexão para uma visão mais macro que contempla classe empresarial, poder público e sociedade como um todo. E ele começou:
- Precisamos estabelecer uma linha de reflexão. Eu chamo isso de choque de ousadia.
- Ficamos tempo discutindo o aeroporto regional. Cascavel se agilizou e vai reformar seu aeroporto e nós vamos ficar a ver aviões. Ficamos discutindo a FERROESTE: e vamos ficar a ver trens.
- Nós temos a segunda maior frota de caminhões do estado e não temos uma única concessionária de caminhões, em Toledo. Nossos transportadores compram seus caminhões fora daqui.
- Nós temos pessoas da nossa sociedade que compram bolsas, acessórios e outros bens em São Paulo, faltam lojas de grifes aqui. Será que a gente não consegue trazer esse público de Cascavel, Foz, Palotina, Rondon, Assis para passar momentos nesta cidade linda que é Toledo? E comprar aqui? Está faltando ousadia.
- Não temos um restaurante que ofereça porco no rolete diariamente, nosso prato conhecido nacionalmente, internacionalmente...
- Temos inúmeras garagens de carros, ... e quantas concessionárias de carros nós temos que são de Toledo?
- Temos aqui em frente, uma rodovia 467 que passa de cinco a sete mil carros dia, ligando o Mato Grosso ao sul do Brasil e nós não exploramos. Nem placa nós colocamos... quanto mais investimentos.
- Temos um centro de eventos que fica fechado muitos dias durante o ano. Está faltando ousadia.
- Vocês têm em suas mesas um pratinho com um salgadinho de soja. Quem já experimentou o amendoizinho salgado de soja? Gostaram? Vejam o pacotinho que está na mesa. Este salgadinho é produzido em Curitiba. Será que o povo da fábrica ao menos conhece um pé de soja? Pois é. Nós produzimos a soja há quase 50 anos, desde 1970. Lá se foi meio século. Vendemos a soja a setenta centavos o kilo. A indústria de Curitiba vende o soja industrializado para nós a 1,80 cada 100 gramas – ou seja – dezoito reais o kilo. São quase três mil por cento de valor agregado. Temos indústria que faz farelo, que extrai o óleo, mas sai tudo bruto daqui. Nossa industrialização é quase zero.
Lodi defendeu em seu discurso que Toledo está deixando passar oportunidades e que é urgente que a sociedade como um todo, amparada no papel que o poder público tem que assumir, se conscientize disso. E ele defendeu em entrevista a Casa de Notícias: “Estamos deixando passar essa oportunidade entre nossos dedos. Queremos conscientizar nossos empresários que existe uma oportunidade grande, de um produto que é plantado aqui e passa despercebido. Esse é foco principal: fazer com que a cidade cresça, tenha progresso e  desenvolvimento e vejo que a industrialização da soja é uma oportunidade. E ele foi além:
- Um estudo feito em Cascavel, por um toledano que está lá, mostra a possibilidade de mais de 150 sub produtos da soja. Mas nós não industrializamos nossa produção. Temos muitas indústrias de diversos ramos, sim - gerando empregos e impostos e temos orgulho disso. Mas nós podemos muito mais. Temos uma das maiores poupanças do Brasil. É dinheiro adormecido. Quem tem quinhentos mil, investe numa indústria e em cinco anos pode ter cinco milhões. Leite de soja, café de soja, queijo de soja, hamburger de soja, farinha, bolo e tanta coisa. Quem tem cinquenta mil pode participar, quem tem cinco mil pode participar. Tem uma cadeia de produção totalmente aberta: indústria de embalagens, de rótulos, logística de transportes. Está faltando ousadia. A ACIT não pode fazer isso, mas cabe à ACIT alertar para isso. Vejam o potencial que nós temos.
- Ninguém falava em uva, em Toledo. Hoje nós temos vinícolas com destaque mundial. Vinho degustado e aprovado pelo ex-presidente Lula. Hoje já temos produção de maçãs, pêssego, até caju tem gente colhendo no quintal de casa em nossa cidade. Precisamos ter ousadia. Tem um projeto da Unioeste de uma planta para embutidos e enlatados de peixe, com investimento de menos de dois milhões...
- Senhor prefeito, com sua permissão, eu quero conversar com o senhor. A administração que vossa excelência e sua equipe está fazendo é elogiada por todos. A infra- estrutura de escolas, ruas, asfalto rural e tantas outras coisas, é reconhecida por todos. Ninguém se atreve a dizer que o senhor não é um bom prefeito. Somos gratos por isso, mas precisamos mais para o desenvolvimento, para o progresso de Toledo. Precisamos ampliar a ação do conselho de desenvolvimento de Toledo - nem que tenha que rever a lei do conselho. Temos o IDR, Observatório Social, a Funtec -precisamos botar prá funcionar nossas cabeças pensantes. Gente arrojada. Gente ousada. Precisamos usar a influência que temos. Temos o presidente da Faciap, temos a coordenadoria regional da Fiep, temos a força do Sicoob, temos o Sebrae, o Bndes - tem dinheiro sobrando para financiar bons projetos. Temos acesso à secretaria de Estado da Indústria e Comércio através do seu amigo Ricardo Barros, temos o governador Beto Richa. Precisamos de ousadia para o desenvolvimento econômico de Toledo. A cidade está boa, organizada, bonita mas precisamos mais. Temos índices de geração de emprego fantásticos, mas não podemos ficar com empregos de piso salarial ou salário mínimo - podemos gerar empregos de executivos, técnicos, engenheiros. Podemos agregar mais, podemos evoluir mais: temos engenharia da produção na PUC, temos Nutrição na Unipar, temos Marketing na Fasul, temos engenharia química e de pesca na Unioeste, temos a UTFPR. Temos potencial. Precisamos de ousadia. Precisamos crescer e contamos com a sua ousadia, prefeito, e queremos dar a nossa contribuição. Conte conosco.
 
O presidente da Acit deixou uma mensagem e assumiu um compromisso que não é só dele, mas todos que nasceram em Toledo ou que vieram e aqui tem o seu lar e negócios. O empresário afirmou que quer dar sua contribuição à cidade que ama e onde já trabalhou como engraxate, fritador de pastel de madrugada, na rodoviária antiga do seu Alcido Leonardi, descarregador de caminhão de areia e tijolo, contínuo de banco - na época era chamado de sabugo- hoje intitulado office boy e chegou a gerente e presidente de banco. “Com ousadia a gente consegue coisas que nem mesmo a gente acredita”. E defendeu que Toledo pode mais, finalizando seu discurso afirmando que a ACIT está de portas abertas. “Vou plantar essa semente - um ano é rápido, mas tenho certeza que vão regar e colheremos bons frutos”.
 
Confira ainda reportagem em vídeo.
 
Por Rosselane Giordani
 
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