Apesar de um final de semana agitado para a política toledana, depois das denúncias de compra de votos, a eleição para Mesa Executiva da Câmara de Vereadores do município de Toledo aconteceu normalmente. A decisão de manter a eleição foi tomada durante uma reunião antes da sessão, e partiu do então presidente, Adriano Remonti (PT), que negou o requerimento pedindo o adiamento da seção dos vereadores Luiz Fritzen (PP) e Neudi Moscon (SD). O presidente eleito foi o líder de governo Ademar Dorfschmidt (PMDB), com 17 votos. A posse da nova Mesa será no dia dois de janeiro de 2015.
A eleição aconteceu no Auditório e Plenário Edílio Ferreira, e contou com forte participação da comunidade local e imprensa, porém, o mérito sobre a suposta compra de votos não foi abordada entre os pares durante a plenária. Antes da votação, o candidato à presidência da Câmara Luiz Fritzen (PP) retirou a candidatura, pedindo para que ninguém votasse nele para qualquer cargo da mesa. Os demais candidatos fizeram o pronunciamento e após aconteceu à eleição e contagem dos votos.
Segundo o regimento interno da Casa de Leis, a mesa deveria ser ocupada por um membro do Partido Progressista (PP), um do Partido dos Trabalhadores (PT), um do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), um membro do Solidariedade (SD) e a última vaga caberia a um membro do partido União por Toledo ou Toledo em Ação.
Após contagem dos votos, o candidato Ademar Dorfschmidt (PMDB) foi escolhido como novo presidente. Os demais cargos da mesa do Legislativo não foram escolhidos na primeira votação. Sendo assim, após uma segunda votação, foram escolhidos Walmor Lodi (PR) como primeiro vice-presidente, Luiz Johann (PP) para segundo vice, Neudi Mosconi (SD) como primeiro secretário e Marcos Zantti (PT) como segundo secretário.
Em entrevista, o atual presidente da Câmara, Adriano Remonti (PT), ressaltou que a eleição aconteceu normalmente seguindo o regimento interno, já que todos os vereadores estavam presentes. Sobre as denúncias Adriano ressaltou estar triste por a situação ter acontecido no final de seu mandato como presidente. “É do jogo político, nos cenários e nos bastidores, as coisas acontecerem para que se componha uma mesa. Mas caso, após as investigações, haver necessidade de se alterar a composição da mesa, isso será feito no próximo biênio”, comentou.
O novo presidente eleito, Ademar Dorfschmidt comentou estar feliz com a votação e que precisará da ajuda de todos do Legislativo para fazer um trabalho coerente e correto. “Nós temos respeito pelos poderes constituídos, mas se inicia um novo legado na minha vida, então eu preciso fazer isso com muita coerência, preciso do apoio dos demais vereadores e da vereadora, do corpo técnico e legislativo e inclusive da população, para que possamos fazer um trabalho digno para a sociedade de Toledo”, afirmou.
Escândalo
No domingo (14) a população de Toledo recebeu a notícia de que possivelmente estaria acontecendo um caso de corrupção e compra de votos para a nova presidência da Câmara de Toledo. Os acusados seriam os vereadores Eudes Dalagnol (SD) e Gian de Conto (PPS), sendo que este último estava concorrendo ao cargo da presidência. A acusação veio do também vereador Neudi Mosconi (SD) que contou ter sido procurado para negociação do voto para presidente. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público (MP).
A acusação é de que sete vereadores haviam sido procurados para a compra dos votos. O vereador Neudi Mosconi contou que existiam boatos dentro de Legislativo sobre uma possível negociação para os cargos da Mesa Executiva. Segundo ele, após ter sido procurado no sábado (13), para ter uma conversa com Eudes Dalagnol, acionou o Ministério Público sobre as suspeitas e aceitou colocar escutas em sua casa para fazer o flagrante juntamente com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO). “Durante a primeira conversa, que foi toda gravada, o vereador Eudes (Dalagnol) manifestou preocupação no processo para eleição, porém bastava fazer uma oferta que o vereador Gian (de Conto), que o valor seria pago”.
Segundo Mosconi, após a primeira conversa, o Vereador Gian de Conto o procurou para mais uma conversa, que também foi gravada, com áudio e vídeo. “Conversamos sobre a composição da mesa e foi me oferecido também um cargo de secretário caso o vereador Gian ganhasse. Quando me pediram uma proposta, disse que aceitava o mesmo que foi oferecido aos outros vereadores, justamente para levantar se havia outras situações de propina ou não”, comentou. A proposta inicial para a compra do voto foi de R$ 10 mil e o pagamento seria realizado na terça-feira (16), informou Mosconi, reafirmando que toda a conversação foi gravadas.
Ao ser questionado se tinha algum tipo de suspeita sobre a origem dos valores propostos na acusação, Mosconi afirmou que isso deverá ser investigado através da quebra do sigilo telefônico e bancário dos envolvidos na acusação pelo Ministério Público.
Segundo o toledano Joarez Machado, que acompanhou a eleição, não é a primeira vez que caem dúvidas sobre a possibilidade de corrupção ativa na Câmara de Toledo. Segundo ele, pela história que conhece de Toledo, já houveram situações no Legislativo em que chegaram a votação para cassação de vereadores, porém não aconteceu. “Essas barbaridades que aconteceram na época, que tiveram a casa cheia como hoje, não é a primeira vez”.
Porém, seu Joarez ressaltou que Toledo está de parabéns por tomar atitudes de investigação. “As coisas tem que vir à cara, nós queremos transparência. Esse negócio de dizer que corrupção é só em Brasília, isso não existe. E nós queremos ver a transparência, queremos ver quem são os envolvidos. E isso quem vai dizer é a polícia”, disse. Além disso, Machado ainda comentou que esta é uma situação constrangedora para todos os cidadãos do município. “Eu acho que isso é constrangedor, 62 anos de município e Toledo receber esse presente de grego”.