A Prefeitura de Toledo, por meio da Secretaria de Cultura e da Secretaria de Comunicação Social, homenageou o escritor, político e militante da imprensa Oscar Silva. A solenidade, em virtude do centenário do homenageado, aconteceu na sexta-feira (16), data de nascimento de Oscar Silva, no Centro Cultural que leva seu nome, no centro da cidade.
Na oportunidade, o prefeito Beto Lunitti fez o descerramento de uma placa na Biblioteca Pública, no espaço destinado às obras e à história desse artista. Segundo ele, é muito importante homenagear o escritor no ano do seu centenário, visto que Oscar Silva sempre declarou sua paixão por nosso município. “Por meio deste ato, também reconhecemos sua história, como cidadão do nordeste, mas que viveu parte da sua vida em Toledo e muito contribuiu para o que a cidade é hoje. Com a participação nos movimentos políticos, culturais e tantos outros, Oscar Silva foi fundamental na sua época, assim como é hoje, pois muito da evolução cultural e do município como um todo, se deve a ele, pioneiro de tantas batalhas e conquistas por nossa cidade”, destaca o prefeito.
A solenidade, que foi aberta ao público, contou com a presença de três filhos do escritor: Aristóteles, Pitágoras e Sócrates, além de netos, bisnetos e familiares que vieram de outras cidades para acompanhar a homenagem. Segundo Pitágoras, participar da cerimônia é um momento de muita honra e felicidade. “Nosso pai foi um grande homem e fiquei muito surpreso, de uma maneira feliz, com este retorno do município para com ele. Além disso, é do meu conhecimento que esse tipo de homenagem é inédito em Toledo e até mesmo na nossa região, o que aumenta ainda mais nossa alegria”, comenta.
Para Aristóteles a homenagem significa a abertura de uma porta, para que outras sejam feitas aos pioneiros e figuras importantes para o município, que ajudaram a construir a cidade, não por outro motivo que não fosse amor por Toledo. Por fim, o terceiro filho presente na solenidade, Sócrates, diz sentir muito orgulho, além da saudade do pai. “O sentimento é de muita gratidão com o município, pela homenagem recebida”, finaliza Sócrates.
Sobre o homenageado
Também conhecido por “Pau-de-Arara” e “Velho Guerreiro”, Oscar Silva nasceu em Santana do Ipanema, no Alagoas, em 16 de janeiro de 1915. Foi integrante da Polícia Militar e tomou parte no combate ao banditismo, na época sob chefia do Lampião (Virgulino Ferreira da Silva). Em 1945 ingressou no Serviço Público Federal como postalista dos Correios e Telégrafos. No mesmo ano passou para o Ministério da Fazenda como Escrivão da Coletoria Federal. O cargo foi conquistado com excelentes notas, após meses de estudo autodidata durante as madrugadas, pois não possuía nenhuma formação, nem mesmo o primário. Já o horário dos estudos se dava por conta do expediente diário nos Correios.
Também em 1945 iniciou suas atividade literárias com a publicação do livro “Asas para o Pensamento”. Já na política, foi suplente de deputado estadual por Alagoas pelo Partido Comunista Brasileiro, ficando preso em 1947 devido à cassação do registro daquele partido. Em 1954 foi eleito vereador pelo Partido Trabalhista Brasileiro de Coronel Fabriciano em Minas Gerais, passando a liderar a bancada.
Morou e sempre foi ativo na participação política das cidades mineiras de Coronel Fabriciano, Resplendor e Mantena, onde foi nomeado Coletor Federal. Veio para Toledo em 1963, apesar de sua transferência ter saído para Cascavel, por ter sido, conforme ele mesmo costumava dizer, “amor à primeira vista”.
Em 1967 foi um dos fundadores do antigo MDB toledano e, no ano seguinte, foi eleito como o primeiro presidente da APM do Colégio La Salle. Afastado – em disponibilidade – da Coletoria Federal, Oscar Silva ingressou nos quadros da Coopagro, onde exerceu o cargo de chefe de pessoal, de 1970 a 1973. A partir de 1976, por convite do então presidente da Câmara Municipal, Ivo Roque Pedrini, assumiu a diretoria geral do Legislativo por dois anos e meio.
Como militante da imprensa foi redator-chefe dos jornais “A Voz do Oeste” e “Nova Geração” sendo ainda, colaborador dos jornais “Hoje” e “O Paraná” de Cascavel. No campo literário publicou os livros “Água do Panema”, um romance de costumes nordestinos, “Semente de Paraíso”, que trata de uma peça teatral sobre cooperativismo, “Sete Caras”, um livro de contos e “Toledo Existe”, de crônicas.
Como gerente do Projeto História de Toledo, desde 1983, coordenou a elaboração e publicação dos livros: “Toledo: Terra e o Homem”, “Cartilha de Toledo”, “Toledo e seus Distritos” e “Toledo e sua História”. No prelo (diz-se do livro que se acha na tipografia, prestes a ser publicado), deixou ainda o livro de memórias: “Eu vi os Pedaços de Lampião”.
Na vida política toledana vale destacar os 45 dias que assumiu como vereador, pela legenda do MDB onde era suplente. Nesses poucos dias, foi o vereador mais produtivo daquela Legislatura, proporcionalmente aos demais.
Em Toledo passou pela experiência de agropecuarista, construindo a fazenda-modelo “Santa Júlia”. No entanto, não obteve êxito comercial, o que se explica com o fato de que na época ainda não vicejava a cultura da soja e Oscar Silva, pelo seu exacerbado romantismo, deixou a atividade materialista da produção. Graças a isso, Toledo perdeu um produtor, porém ganhou um cidadão dedicado integralmente às causas culturais.
Membro do Conselho Municipal de Cultura, desde sua criação em 1974, Oscar Silva representou Toledo em congressos, simpósios e encontros de caráter cultural em diversas praças do país.
Morou sempre na mesma casa desde quando aqui chegou com sua numerosa família composta da sua esposa Dona Gildanira e dos filhos Asclepíades, Sócrates, Pitágoras, Júlia, Aristóteles, Astrogildo, Gildete, Gilsônia e Arquimedes.
Amou tanto este torrão paranaense que a sua maior preocupação era a de morrer longe daqui, o que o levava a pedir sempre aos filhos e à esposa que, caso isso ocorresse, queria ser enterrado – como seu último desejo – em meio aos seus amigos pioneiros toledanos. Oscar Silva faleceu no dia 10 de setembro de 1991 e repousa, como sempre desejou, entre velhos companheiros de lutas toledanas.
Atividades em Toledo
Oscar Silva sempre participou de diversas atividades públicas e sociais em Toledo. Foi presidente da APM do La Salle, um dos fundadores do Rotary, vice-presidente do Clube do Brasil, redator chefe do jornal “A Voz do Oeste”, chefe de pessoal da Coopagro (Gestão Ralf Maas), presidente da APP do Dario Vellozo, redator chefe do Jornal “Nova Geração”. suplente de vereador, presidente e um dos fundadores do Conselho Municipal de Cultura, além de ser um dos estruturadores da Casa da Cultura.
No jornalismo trabalhou também no Jornal de Alagoas, Gazeta de Alagoas, Diário do Povo (Maceió), Folha do Vale (Coronel Fabriciano), A Voz de Mantena, Diário do Oeste (Cascavel), A Voz do Oeste, Nova Geração, Geração em Revista e Recado.