De acordo com o consultor do Sebrae/PR, Emerson Durso, a capacitação começou em campo, entre os dias 28 a 30 de março e deve se estender até o final de 2012. “O objetivo do Programa é garantir a produção de mel sem riscos de contaminação, qualificando o processo desde a coleta nos favos até o envase e armazenamento. Não adianta ter cuidado somente na etapa de industrialização, pois se o mel chegar contaminado do campo, nada poderá ser feito lá. O contrário, também, de nada adianta receber um mel puríssimo dos apiários se as unidades de extração ou beneficiamento trouxerem riscos de contaminação.”
O consultor do Sebrae/PR enfatiza ainda que, para que a qualidade do mel seja assegurada até chegar ao consumidor final, é necessário que toda a cadeia produtiva esteja alinhada e atenta as conformidades. “É preciso que sejam estabelecidos, descritos e registrados os procedimentos realizados do início ao fim da produção e, para isso, tanto o apicultor quanto as unidades e extração e beneficiamento terão que assumir o compromisso com a qualidade da cadeia produtiva. O Programa vai ensinar as condições e técnicas, mas caberá à cadeia produtiva implantar os processos de qualificação”, acrescenta Emerson Durso.
Segundo o diretor administrativo da Coofamel, Wagner Gazziero, todos os associados participarão do Programa de Alimentos Seguros, do Sebrae/PR. “Tanto os apicultores quanto a Coofamel acreditam ser de extrema importância a aplicação do PAS Mel, pois além de ser uma exigência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a qualificação é uma tendência de mercado. Porém, não podemos deixar de relatar que ainda há a preocupação e dúvidas dos apicultores, uma vez, que várias mudanças terão que ser realizadas, principalmente quanto ao hábito de anotar tudo”, avalia Gazziero.
O treinamento com os apicultores, argumenta o consultor do Sebrae/PR, foi a primeira etapa do Programa e contou com ações teóricas e práticas. “Estivemos em Santa Helena, São Miguel do Iguaçu e Marechal Cândido Rondon explicando sobre a produção de alimentos seguros, as boas práticas apícolas e enfatizando aos apicultores sobre a importância de utilizar o chamado ‘Caderno de Campo’, no qual todos os procedimentos devem ser registrados de forma a evidenciar os cuidados na produção do mel”, diz.
Qualidade
Como parte do aperfeiçoamento, indica o consultor do Sebrae/PR, os técnicos da Coofamel darão continuidade no trabalho com visitas de assistência técnica juntos aos apicultores. “Só a capacitação, que foi composta de quatro horas teóricas mais quatro práticas no apiário, não seria suficiente para o apicultor colocar na sua rotina os registros no Caderno”, assinala Emerson Durso. As próximas etapas do Programa deverão envolver as 15 unidades de extração da região associadas à Coofamel, com 16 horas de capacitação e duas unidades de beneficiamento do mel, com treinamentos que somam 50 horas.
“Nas unidades de extração do mel, o principal objetivo será reforçar o uso do manual de boas práticas, já exigido por lei, que descreve todos os procedimentos como, por exemplo, sobre a maneira com que é feita a higienização pessoal, de equipamentos, armazenagem de insumos e produtos acabados, bem como condições e estruturas adequadas. Já nas unidades de beneficiamento, além do manual de qualidade e estrutura física adequada também será enfatizada a implantação do Programa de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Contaminação (APPCC)”, complementa Emerson Durso.
Para o técnico apícola da Coofamel, Angelo Valoto, a aplicação do Programa de qualidade vai possibilitar um controle mais eficaz dos processos que estão sendo utilizados no campo. “O trabalho está apenas começando, mas valerá a pena para garantir o aumento da qualidade em toda a cadeia produtiva do mel. Nós, técnicos, teremos que dedicar mais tempo ao produtor ajudando-os no processo de utilização do Caderno de Campo. Em contrapartida, na medida em que a prática se tornar rotineira para eles, teremos acesso as anotação e conseguiremos acompanhar o histórico de tudo o que foi feito em cada apiário.”
Na avaliação do apicultor de Terra Roxa, Antonio Augusto Borges, a oportunidade de participar de um programa como o PAS Mel veio ao encontro dos anseios de muitos dos associados da Cooperativa. “Nossa ideia é que, para crescer, estejamos fortalecidos e qualificados e, para isso, é preciso que todos os associados mantenham um mesmo padrão de qualidade na produção do mel. Estamos bastante satisfeitos em participar do Programa, agora, é só colocar em prática os ensinamentos”, reconhece o apicultor.