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Crise do estado: quem é o responsável?

O problema é - até quando vamos tolerar a educação como objeto de cálculo político?

23/02/2015 - 10:53


O que está acontecendo aqui no Paraná é de inteira responsabilidade do governo estadual. O desprezo pela educação é crônico neste país de números anêmicos em relação à leitura. A manobra toda do governo Beto Richa é no sentido de deslocar a gigantesca crise na qual ele meteu o estado por sua má gestão no âmbito dessa onda revival de 64 e que quer chegar lá reencenando 1992. O descontentamento com toda essa tragédia moral do país é inegável, porém, a sua instrumentalização para servir ao mais do mesmo só agrava mais ainda as coisas.

Richa quer botar as mãos no fundo previdenciário do funcionalismo para esconder o rombo de suas contas. Para fazer isto tomou de sequestro as universidades estaduais. Os reitores com a lâmina em seus pescoços amargam um começo de ano letivo diante da impossibilidade de realizarem qualquer atividade em suas instituições porque não tem nenhuma verba para custeio das universidades. ZERO. E isto é de inteira responsabilidade do estado aqui. Com esse quadro geral o governo quer "negociar" a suspensão de direitos adquiridos que por decreto ele extinguiu, provocando uma crise que atinge do ensino básico à pós-graduação.

O secretário de educação faz parte do maior grupo de educação privada do Paraná. Não dá para misturar com o que acontece num âmbito nacional porque essa é justamente a estratégia de Richa. Setores oligárquicos, que num estado rural como o Paraná, representam o que há de pior em nossa história política, movimentam-se no sentido de forçar uma federalização das universidades. Pelo menos esse é o discurso.

Como sabemos que o momento em nada se mostra plausível para algo assim, engrossar esse coro é dar força à privatização e esse modelo decadente impetrado pelo ministro da educação de FHC, Paulo Renato. Um modelo que privilegia um ensino instrumental e de precarização das condições de trabalho para os educadores. Quem já trabalhou ou trabalha numa instituição privada que advém dessa concepção sabe do que estou falando. Modelo que, é verdade, o próprio PT manteve às custas de uma injeção de dinheiro público no setor privado, algo que vai contra as origens históricas e o discurso do próprio partido.

O problema é - até quando vamos tolerar a educação como objeto de cálculo político? Educação é algo para ser pensado como projeto de nação. Nada demonstra isto nesse momento. Richa é só mais um a escandir o desprezo pelo saber e pela cultura que é o fetiche perverso de nossas elites.

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