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ESPORTES

Primeiro professor de Badminton, no Brasil, defendeu a popularização da modalidade e as escolinhas de base

A II Etapa Nacional de Badminton e a III Etapa de parabadminton que aconteceu em Toledo, de 23 a 16 de julho, homenageou um dos primeiros professores de badminton  no Brasil, o indonésio Bujung Witarsa, chamado carinhosamente de senhor Bo. O professor conversou com dirigentes da Confederação Brasileira de Badminton, com a equipe técnica e atletas. Sempre sorridente deu conselhos e posou para fotos. Defendeu que o esporte seja implantado a partir das escolas, se exija mais disciplina dos atletas e ofereça maior incentivo desde as categorias de base. 

27/07/2015 - 18:33


O senhor Bo conta que iniciou sua vida no esporte no futebol. “Eu jogava só futebol antigamente, meu pai era treinador nacional de futebol na Indonésia, então era questão de honra, o filho também tinha que jogar futebol”. Mas o badminton já fazia parte da sua vida. “Na Indonésia não se jogava só futebol, o badminton lá é tão popular quanto o futebol, é um esporte bem do povo”.

O jeito dos brasileiros jogarem futebol não encantou o senhor BO.  “Joguei futebol mas eu não gostei de jogar com os brasileiro, sinto muito, fazem muita falta, sem necessidade. Eles diziam:  ‘não Senhor BO, isso é normal aqui’. Então falei: ‘ah, assim não’ ...”.

O professor lembra quando começou jogar badminton no Brasil. “Um dia eu vi um pessoal carregando raquetes de badminton na Escola Americana, onde nós jogávamos futebol, aí fui lá, e perguntei: Eu posso? e comecei a jogar lá na Escola Americana”.

O senhor Bo recorda que em 1976 foi realizado o primeiro campeonato de Badminton entre São Paulo e Campinas. “Naquela época formamos a Federação Brasileira de Badminton. Aí deslanchou até agora como você viu aqui (na Etapa Nacional realizada em Toledo)”.

O professor se disse encantado com o trabalho realizado em Toledo, na área de Badminton. “Eu fiquei surpreso com Toledo, viu? Vocês têm infraestrutura e vontade muito boa. Se vocês conseguem treinar 300 meninos e meninas vai ficar ainda melhor”.

Com a bagagem de uma vida dedicada ao Badminton, o senhor Bo compartilhou com os atletas presentes na Etapa Nacional em Toledo, alguns conselhos. “Eu já comecei a falar com os meninos e meninas. Eu já contei para eles que na Indonésia, meu clã, exige dos meninos, três coisas na vida: escola – você tem que ser o melhor ou um dos melhores da escola; esporte e língua estrangeira, porque somos um país superdesenvolvido, quem quer se dar melhor tem que ir para o exterior”.

Ele não poupou conselhos ao país. “O Brasil tem que ter mais núcleos de esporte na escola, porque é de lá que vem as sementes, não é você jogar no ginásio que resolve. Na escola, você tem que primeiro convencer os diretores para ter um programa regular de badminton, quem é melhor e quem tem mais vontade. Por enquanto, no Brasil, não temos o luxo para escolher quem é o melhor, quem tem mais vontade. O treino no ginásio também é bom, porque vai motivar o orgulho da criança quando ele for aceita para treinar no centro de treinamento”.

O senhor Bo avaliou as conquistas recente do Badminton no Pan-Americanos em Toronto. “Olha, nós começamos a jogar badminton no Brasil em 1968, são 47 anos, eu acho que nós devemos melhorar, mas é difícil, pois não temos apoio dos governos, então fica difícil. Não vou dizer que nós falhamos. Nós fomos para frente! As Américas são países que não tem nome no badminton, tinha lá Peru, México, Estados Unidos, Canadá, até Bahamas estava melhor. E agora nós estamos atrás de Estados Unidos e Canadá, em terceiro lugar na força das Américas , nós até ultrapassamos o Peru, e sempre perdemos para o Peru”.

O professor avalia que a estratégia do Peru em elitizar o esporte enfraqueceu a modalidade no país. “O Peru não ampliou o badminton para o pessoal mais pobre, manteve só nos clubes ricos. Antes disso o Peru se sobressaía, nós não. Hoje estamos incentivando o esporte para todas as classes sociais e deu certo”.

Para o senhor Bo o Badminton é um esporte mundialmente popular, porém no Brasil isto ainda não é uma realidade, por isso, ele fez três recomendações: aos governos, aos professores e técnicos e aos atletas. “Para o governo, no aspecto de saúde, o badminton é um esporte muito, muito eficiente para o corpo, gasta calorias, muitas calorias por tempo de jogo, por exemplo, o badminton gasta três vezes e meia, mais calorias que tênis, oito vezes e meia  a mais do que futebol, então todo mundo sabe, e o governo tem que saber também que nessa era informática, o pessoal não trabalha mais fisicamente, o corpo é feito para o movimento, então para manter o cidadão saudável tem que fazer um desporto”. Para as crianças: “São os três objetivos: escola, esporte e língua. Tenham disciplina, prestem atenção na aula, pois vão precisar de tempo para treinar. Aprendam outros idiomas para se comunicarem com o mundo e façam esporte faz bem para o corpo e para a cabeça. Procurem um esporte que você vai ser feliz fazendo. O badminton é um esporte que me dá muito prazer, é um esporte aonde, é civilizado, portanto não tem briga, como em outros esportes, é um esporte eficiente, é um esporte onde se dá muita risada”. E para os professores e técnicos: “O badminton na Inglaterra você não pode xingar, xingar perde ponto; não pode jogar a peteca no chão, ou raquete, porque tira dois pontos. Então as crianças devem saber se disciplinar. Ensinar isso é responsabilidade dos professores. Hoje em dia, com o esporte profissional, o pessoal esquece de investir nas coisas que não dão dinheiro, mas que dão personalidade. Então nós temos que tentar continuar cultuando o Badminton”.

Bujung Witarsa, ou apenas senhor Bo, ao longo da sua carreira já participou de muitos campeonatos, mas este de Toledo teve um tom de ousadia. “Olha, eu tenho que parabenizar pelo esforço e pela iniciativa porque vocês são de uma cidade pequena do interior. Quando alguém diz “O que? O senhor estava no campeonato nacional com badminton e parabadminton de uma vez só?”. São muito corajosos, pra não dizer loucos, porque dá muito trabalho, só um estadual já dá trabalho, imagina dois campeonatos de uma vez. Eu fiquei muito, muito admirado. Parabéns para Toledo, eu gostei.  

Bujung Witarsa – Senhor Bo

Nasceu na Indonésia, nas Ilhas Esmeraldas do Leste; Estudou engenharia mecânica na Alemanha onde praticava futebol, badminton, tênis de mesa e natação;

Imigrou para o Brasil em 1969, começou jogar futebol, mas preferiu o badminton e ajudou fundar o Internacional Badminton Club, na Escola Americana de Campinas.

Em 1976 realizou o primeiro campeonato de Badminton entre São Paulo e Campinas;

Em 1994 ajudou a fundar o Badminton gaúcho, em Porto Alegre;

Em 1998 mudou-se para São Paulo e fundou o Clube de Badminton Ilha do Sul;

Em 2007 mudou-se para Jaragua do Sul, onde fundou a Fundação Jaraguaense de Badminton

 

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