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ECONOMIA

Técnico do Deral avalia efeito dominó: alta no preço do milho, da carne e ameaça de alta da inflação

O Governo Federal está de olho bem aberto na variação dos preços dos produtos agropecuários,  pois cerca de 22% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) é composto pelo grupo alimentos, e este índice interfere diretamente na inflação. Por isso, o governo reforçou os cuidados para evitar mais impactos da elevação dos preços de alimentos nos índices de inflação em 2011. O grupo especial criado para monitorar a variação das cotações de commodities e alimentos básicos, coordenado por Banco Central e Ministério da Agricultura decidiu agir para conter preços em milho e carnes, considerados estratégicos e sensíveis a medidas do governo.

 

30/04/2011 - 13:58


O crescimento do preço do milho vem a reboque dos baixos estoques e da alta demanda alavancada pela China que tornou-se em 2010 grande importadora da matéria prima. Fato este que influi no mercado interno brasileiro. Em 2010, foram vendidos no exterior 11 milhões de toneladas de milho, mas este ano, o governo busca driblar a tendência, puxada pelo apetite da China, de manutenção dos níveis de embarques. Estima-se exportações de 8 milhões de toneladas, entretanto o governo quer reduzir o volume ao máximo de 5 milhões. Isto porque os preços internos estão muito elevados pela demanda chinesa, a forte redução dos estoques mundiais e a destinação do grão para a produção de etanol nos EUA. Nem a previsão de safras recordes em vários produtores tem arrefecido a pressão sobre as cotações.

Nesse sentido de contenção dos preços, o governo federal estará lançando medidas que fazem parte do chamado Plano de Safra 2011/2012, a ser anunciado até início de junho. Até lá, o alerta do BC continuará ligado na variação dos preços agropecuários. Cerca de 22% do IPCA é composto pelo grupo alimentos. Se houver variação brusca, novos mecanismos serão adotados. O governo informa que usará todos os meios para combater descontrole de preços no setor rural. Estas medidas prevem a intervenção no mercado de milho, cuja ração é a principal base da alimentação de bovinos, suínos e frangos, inclui alterações nas regras dos subsídios federais ao escoamento do produto. O objetivo é evitar a exportação de milho. Segundo o técnico do Departamento de Economia Rural (Deral/Toled), João Luis Raimundo Nogueira, existe uma preocupação muito grande por parte do governo com abastecimento de milho e carne. “O temor é de que a falta deste insumo provoque a elevação dos preços da carne, o que vai afetar o IPCA e por conseqüência os índices de inflação. Mas isso já era previsível tendo em vista que as exportações cresceram muito em 2010. A China passou a ser grande importadora e os estoques estão nos níveis mais baixos”, analisa Nogueira que destaca ainda que os preços do milho também sofreram alterações significativas. “O preço da saca de milho em março do ano passado em comparação a 2011 teve um acréscimo de 65%.

O técnico do Deral avalia que a situação mudou para o mercado de milho. “Historicamente o produtor de milho negociava abaixo do valor mínimo, mas agora estamos em uma nova realidade. O consumo de alimentos tem crescido muito e há uma liquidez sem precedentes no mercado internacional, assim como no nacional e isso está premiando os produtores”, avalia Nogueira. Ele aponta ainda que a agroindustria tem que se preparar e adotar estratégias pra a compra do milho que hoje é muito disputado. No Paraná a agroindústria se desenvolveu muito tendo o milho como essencial, esta matéria prima entra no custo total da suinocultura em 70% e na avicultura de 50% a 60%. Não dá pra deixar para a última a hora, é preciso ter estratégias para se comprar o milho daqui pra frente. E se não houver isso haverá sérias dificuldades. Pois não acredito que o governo vai conseguir controlar tudo isso. E também uma questão de mercado”, analisa o técnico do Deral.

Pecuária

Na pecuária, o governo decidiu criar três novas linhas de financiamento do BNDES. Emprestará dinheiro aos pecuaristas para retenção de matrizes e recuperação de pastagens degradadas. O governo avalia haver problemas sérios na oferta da carne de gado. Desde a crise de renda no campo, em 2005, os pecuaristas vem se desfazendo de suas vacas, o que implica redução de nascimentos e na oferta de bois para abate.

Essas ações não terão efeito imediato, já que um boi, mesmo precoce, demora quatro anos para ficar pronto par ao abate. A arroba do boi gordo mudou de nível de preço, saindo de R$ 50 a R$ 60 para R$110 a R$120, e o governo avalia que as cotações não devem voltar aos padrões anteriores à crise.

Na avaliação dos especialistas do governo, há forte pressão de demanda sem a devida resposta imediata da elevação da oferta de alimentos. Os preços devem ceder em maio, mas tendem a voltar com força no segundo semestre. O grupo especial BC/Agricultura constatou haver alta generalizada dos preços. Vários produtos agropecuários aumentaram de preço ao mesmo tempo.

João Luis comenta ainda sobre a necessidade da verticalização, mas sobretudo da diversificação desse processo para aumentar o ganho do produtor. Ele afirma que a margem de lucratividade do produtor é cada vez menor, e a verticalização pode ajudar melhorar esta realidade.

 

Confira entrevista completa em vídeo.

 

Por Rosselane Giordani

 

 

 

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