O crescimento do preço do milho vem a reboque dos baixos estoques e da alta demanda alavancada pela China que tornou-se em 2010 grande importadora da matéria prima. Fato este que influi no mercado interno brasileiro. Em 2010, foram vendidos no exterior 11 milhões de toneladas de milho, mas este ano, o governo busca driblar a tendência, puxada pelo apetite da China, de manutenção dos níveis de embarques. Estima-se exportações de 8 milhões de toneladas, entretanto o governo quer reduzir o volume ao máximo de 5 milhões. Isto porque os preços internos estão muito elevados pela demanda chinesa, a forte redução dos estoques mundiais e a destinação do grão para a produção de etanol nos EUA. Nem a previsão de safras recordes em vários produtores tem arrefecido a pressão sobre as cotações.
Nesse sentido de contenção dos preços, o governo federal estará lançando medidas que fazem parte do chamado Plano de Safra 2011/2012, a ser anunciado até início de junho. Até lá, o alerta do BC continuará ligado na variação dos preços agropecuários. Cerca de 22% do IPCA é composto pelo grupo alimentos. Se houver variação brusca, novos mecanismos serão adotados. O governo informa que usará todos os meios para combater descontrole de preços no setor rural. Estas medidas prevem a intervenção no mercado de milho, cuja ração é a principal base da alimentação de bovinos, suínos e frangos, inclui alterações nas regras dos subsídios federais ao escoamento do produto. O objetivo é evitar a exportação de milho. Segundo o técnico do Departamento de Economia Rural (Deral/Toled), João Luis Raimundo Nogueira, existe uma preocupação muito grande por parte do governo com abastecimento de milho e carne. “O temor é de que a falta deste insumo provoque a elevação dos preços da carne, o que vai afetar o IPCA e por conseqüência os índices de inflação. Mas isso já era previsível tendo em vista que as exportações cresceram muito em
O técnico do Deral avalia que a situação mudou para o mercado de milho. “Historicamente o produtor de milho negociava abaixo do valor mínimo, mas agora estamos em uma nova realidade. O consumo de alimentos tem crescido muito e há uma liquidez sem precedentes no mercado internacional, assim como no nacional e isso está premiando os produtores”, avalia Nogueira. Ele aponta ainda que a agroindustria tem que se preparar e adotar estratégias pra a compra do milho que hoje é muito disputado. No Paraná a agroindústria se desenvolveu muito tendo o milho como essencial, esta matéria prima entra no custo total da suinocultura em 70% e na avicultura de 50% a 60%. Não dá pra deixar para a última a hora, é preciso ter estratégias para se comprar o milho daqui pra frente. E se não houver isso haverá sérias dificuldades. Pois não acredito que o governo vai conseguir controlar tudo isso. E também uma questão de mercado”, analisa o técnico do Deral.
Pecuária
Na pecuária, o governo decidiu criar três novas linhas de financiamento do BNDES. Emprestará dinheiro aos pecuaristas para retenção de matrizes e recuperação de pastagens degradadas. O governo avalia haver problemas sérios na oferta da carne de gado. Desde a crise de renda no campo, em 2005, os pecuaristas vem se desfazendo de suas vacas, o que implica redução de nascimentos e na oferta de bois para abate.
Essas ações não terão efeito imediato, já que um boi, mesmo precoce, demora quatro anos para ficar pronto par ao abate. A arroba do boi gordo mudou de nível de preço, saindo de R$
Na avaliação dos especialistas do governo, há forte pressão de demanda sem a devida resposta imediata da elevação da oferta de alimentos. Os preços devem ceder em maio, mas tendem a voltar com força no segundo semestre. O grupo especial BC/Agricultura constatou haver alta generalizada dos preços. Vários produtos agropecuários aumentaram de preço ao mesmo tempo.
João Luis comenta ainda sobre a necessidade da verticalização, mas sobretudo da diversificação desse processo para aumentar o ganho do produtor. Ele afirma que a margem de lucratividade do produtor é cada vez menor, e a verticalização pode ajudar melhorar esta realidade.
Confira entrevista completa em vídeo.
Por Rosselane Giordani