Mário Lopes Neto - Há cerca de dois anos vislumbramos o ensino médio profissionalizante e, quando aprofundamos os estudos verificamos que havia uma evasão escolar na 8ª série e 1º ano. Nestes dois anos fizemos uma pesquisa no Núcleo Regional de Educação (NRE) e na Unioeste - parceiros do IDR. Na pesquisa identificamos problemas econômicos, porém os principais são os sociais. A partir deste diagnóstico, retomamos as atenções para o Ensino Médio Profissionalizante. Tivemos algumas reuniões e focaremos as atividades na Câmara de Mão-de-Obra para unir as três forças deste meio que são: mercado de trabalho, ou seja, a demanda por mão-de-obra a partir das empresas; os cursos profissionalizantes com sistemas, como SESI e SENAI e quais são suas necessidades para ocupar o mercado de trabalho.
Como fazer com que o curso técnico seja interessante perante a um problema social?
O projeto ainda está em fase inicial. Existe uma ideia e a partir dela o desenvolveremos. A ideia consiste em dizer para o jovem que tem uma vaga, e remuneração em uma determinada empresa. A partir daí falaremos que existem cursos que possam agregar conhecimento a ele para que se consiga ocupar aquela vaga. Uma das ideias do projeto é que além da oferta de vagas e a disponibilidade de cursos, nós criemos uma espécie de força-tarefa com profissionais da psicologia e do jurídico para que eles visitem as escolas e conversem com estes jovens e com família. Se unir as vagas de trabalho aos cursos profissionalizantes e aos jovens conscientizados encontraremos o caminho para diminuir a grande deficiência de mão-de-obra qualificada.
Atualmente, a deficiência de mão-de-obra qualificada se apresenta como empecilho para alavancar o nosso desenvolvimento? Que setores mais sentem este gargalo?
É uma reclamação recorrente das empresas do setor privado a falta de mão-de-obra qualificada. Um ponto que não será tratado no projeto, mas foi conversado entre a equipe é que o Ensino Fundamental é deficiente e no momento de qualificar esta mão-de-obra no Ensino Técnico está faltando a base. Esta deficiência compromete a aquisição de conhecimento técnico e por sua vez a inserção no mercado de trabalho. Mas esta é uma questão estrutural, mas que deve ser pensado também.
Com relação ao desenvolvimento, hoje com o mercado globalizado a produção das empresas tem aumentado. Lógico que por um período curto de tempo passamos por altos e baixos ou algumas crises que limitam a nossa capacidade produtiva, porém a longo prazo sempre existe demanda, a questão da oferta de trabalho sempre vai existir.
O IDR está desenvolvendo um projeto chamado Toledo 2030 que visa primeiramente identificar os pontos positivos de Toledo atualmente, e qual o potencial de Toledo até 2030. Diante disso, tentar elaborar um planejamento estratégico para o município. Se no município tem uma capacidade de ser pólo na área de agroindústria, então vamos criar cursos técnicos na área da agroindústria (...). Esta é uma das ideias de um projeto paralelo que o IDR vem fazendo, ou seja, visionarmos lá na frente a necessidade. Às vezes, gastamos energias e esforços gigantescos para criar um curso que não vai haver demanda (...). No gargalo de desenvolvimento tem toda a questão de infraestrutura que é outra conversa.
Na última reunião do IDR, os parceiros apresentaram algumas reflexões para subsidiar o projeto. O que pode ser adiantado destas discussões realizadas no IDR?
O ponto pacífico da equipe é que existe a demanda e a necessidade de profissionalizar os jovens e existe a necessidade de se atacar o próprio jovem com este apoio social, psicológico ou jurídico. A maneira com será realizada o desenvolvimento do projeto será no decorrer dos trabalhos. Pensamos em criar uma linguagem jovial e divulgar os cursos e convidar os empresários para conversar com os jovens e mostrar que há vagas e remuneração. Estamos focando alunos de 8ª séries, porque eles ainda vão ingressar no Ensino Médio e vão ter condições de fazerem suas escolhas.
A demanda por mão-de-obra sempre vai haver. Uma das condições que vislumbramos é que estes alunos vão ter a vaga garantida deste que se sobressaiam nos estudos. Desde que tenham uma média e um comportamento adequado, porque é a partir do primeiro ou meados do segundo ano do Ensino Médio que as vagas serão ofertadas. Pelos estudos, já conhecemos que o jovem é matriculado em uma escola e consegue uma colocação na empresa, mas não tem freqüentado as aulas. Nossa ideia é aproximar a empresa da escola.
A remuneração é um dos elementos apontados na pesquisa, onde os jovens não se sentem estimulados a seguirem os estudos por não terem uma diferença qualitativa e quantitativa perante alguém que concluiu os estudos. Como este fator está sendo conduzido dentro do projeto?
Este é um dos pontos principais do projeto. Por isso, queremos envolver o empresário diretamente, porque ele vai ofertar a sua vaga e vai expor para o jovem que se ele tiver um determinado curso será garantida uma remuneração maior do que para aquele que não possui o curso. Este é o diferencial do projeto, mas ainda estamos começando a conversar com os empresários. (...)
Quando este projeto deve ser concluído para iniciar a discussão com a sociedade?
A equipe ainda não estabeleceu prazos, porque ainda estamos no início do projeto, mas acreditamos que no segundo semestre o trabalho estará mais desenvolvido e poderemos divulgar as datas e os eventos.
Entrevista: Selma Becker
Texto: Graciela Souza