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OPINIÃO: Lavouras de trigo estão sendo semeadas. Mais uma vez a sorte está lançada

Final de abril e inicio de maio, é sempre um período de grande indefinição para os produtores de grãos da região oeste do Paraná e, porque não dizer, dos produtores do estado, uma vez que o Paraná continua sendo responsável por cerca de 60% do trigo produzido no país. Estas incertezas têm origem também na indefinição do governo acerca de uma política clara para o setor.

03/05/2011 - 18:23


Em dezembro último, o setor produtivo dos três estados do sul, capitaneados por lideranças de entidades como SEAB, FAEP e OCEPAR, foram até Brasília e, junto ao Ministério da Agricultura, depositaram uma série de sugestões visando melhorar a liquidez do grão, especialmente no mercado interno, fator que consideram  imperativo para estimular os produtores de trigo à permanecerem na atividade. Entre as reivindicações se destacam:

-Adoção de salvaguardas contra as importações;

-Aumento da tarifa externa comum – TEC, para o trigo e seus derivados para o mínimo 35%, em virtude dos pesados subsídios recebidos pelos produtores norte-americanos e canadenses, além do câmbio sempre desfavorável;

-Limitar as importações à 40% da demanda interna e não permitir que as mesmas coincidam com o período de comercialização da safra brasileira.

Até o momento, nenhuma das reivindicações foram atendidas. O resultado da falta de sensibilidade por pate do governo, é uma redução na área que já está sendo semeada no Paraná de 12%, informações apuradas até o momento pelo DERAL(Departamento de Economia Rural), órgão da Secretaria de Estado da Agricultura do Paraná, dados do dia 25 de abril último, isto é, as informações sobre estimativas de área só serão consagradas em meados de maio e a tendência é de uma queda ainda maior. Desta forma, já é esperada uma redução de 17% na produção de trigo no Paraná em 2011, ou seja, das 3,45 milhões de toneladas produzidas no ano passado, as primeiras estimativas são para este ano de no máximo 2,85 milhões de toneladas, uma redução de 600.000 toneladas, somente no Paraná.

Este cenário parece assustar somente os produtores. Mesmo com consumo externo aumentando, estoques reduzindo gradativamente face à uma demanda por alimentos extremamente robusta, de tal forma, que em alguns momentos nos últimos meses, a forte liquidez do trigo no mercado externo, foi fator de suporte para os preços da soja inclusive. No ano passado, nessa mesma época, eram os produtores de milho que estavam preocupados com os baixos preços. Hoje o governo tenta montar estratégias para segurar a maior quantidade de milho possível no mercado interno, estão surpresos com a alta repentina dos preços e preocupados com o abastecimento e é claro, com os índices de inflação. É bom então,  perceberem que a história pode se repetir e que todos países concorrentes importam a partir da produção e não o contrário.

 

João Luis Raimundo Nogueira

Técnico do DERAL/TOLEDO

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