1144 x 150 anu%e2%95%a0%c3%bcncio casa de noti%e2%95%a0%c3%bcciasconstrua pre%e2%95%a0%c3%bcdios no biopark

SAÚDE

Baixa remuneração põe em xeque a formação de novos pediatras e a proliferação de cursos de medicina compromete qualificação profissional apontam médicos

A Comissão da Ordem Econômica e Social da Câmara de Toledo – COES promoveu nesta sexta-feira (6), um encontro com médicos, conselheiros da saúde e autoridades. O objetivo foi discutir as problemáticas da pediatria em Toledo. Questões como remenueração, comprometimento profissional, qualidade dos cursos de medicina e melhora no atendimento básico, como ações preventivas fizeram parte do debate.

07/05/2011 - 09:56


A falta de pediatras é tema recorrente na mídia nacional e é sentido no dia a dia na atenção básica nos quatro cantos do país. E esta realidade já preocupa profissionais e gestores públicos locais.

É baixo o número de estudantes de medicina que tem buscado a especialização na área da pediatria e esta realidade, segundo os médicos presentes na reunião da COES, entre eles o presidente da Associação Médica de Toledo, Claudio Hayashi este baixo interesse pela área está relacionado a remuneração paga a estes profissionais.

O médico Raul Xavier manifestou a preocupação com a qualidade da formação dos novos profissionais, segundo ele, há uma ação que expande excessivamente o número de cursos de medicina no país, por interesses políticos em detrimento da qualidade. “Estão criando faculdades de medicina em todos os cantos, faculdades de fundo de quintal, sem a mínima condição de dar uma formação ao indivíduo. A secretária (Denise Liell) sabe da situação de alguns colegas que chegam até aqui e que não são eles os culpados. Responsáveis são aqueles que formaram estes profissionais e quem votou lá em cima (Brasília) para criar este tipo de escola, até para baixar o custo e aí, vem o problema da qualidade do profissional que está sendo formado. Custa caro, os pais pagam achando que os filhos terão uma bela formação e os indivíduos saem da universidade sem saber nada e que tem medo de doente”, desabafou o médico.

Gelson Leonardi, o primeiro pediatra de Toledo, reforçou o argumento do colega sobre a baixa valorização da pediatria, que se manifesta na baixa remuneração destes profissionais. Leonardi avalia que a defasagem no preço das consultas faz parte das tabelas do SUS e também dos convênios, por isso, segundo ele, em Toledo 42 médicos já deixaram de atender aos planos de saúde. O pediatra vive basicamente de consultas. Ele não é cirurgião, não tem procedimentos, o pediatra não tem aparelhos, então ele vive da consulta. Geralmente uma consulta demora e é acompanhada pela família. O pediatra tem recebido uma remuneração muito baixa, tanto pelo SUS, quanto pelos planos de saúde, a remuneração nos últimos anos é praticamente a mesma”.

Os profissionais que participaram da reunião do COES também apontaram caminhos para melhorar o atendimento básico e dar início ao enfrentamento das dificuldades encontradas na área. Uma delas é que haja maior diálogo entre o poder público e o setor privado e a outra que seja desenvolvido ações de prevenção, para que possa diminuir a demanda nas unidades básicas.

O pediatra Gelson Leonardi apontou a importância da ampliação da licensa maternidade para todas as mães, pois na sua avaliação este contato e a amamentação materna é antídoto para diversas doenças. “Temos estudos que comprovam que a criança que foi amamentada, foi amada e esteve no seio de uma boa família ela jamais será violenta e jamais irá para o caminho das drogas”.

Leonardi destacou também que para melhorar a atenção básica é preciso ampliar o diálogo entre profissionais e o serviço público, pois segundo ele, é necessário ter uma proposta clara para o município de Toledo. “Deveríamos estabelecer uma campanha para que a licensa maternidade seja estendida para todas as empresas até seis meses de idade, em segundo lugar, os pediatras que atendem o serviço público devem estar comprometidos com a proposta da secretaria de Saúde. Devem saber o porquê estão lá naquele momento, atendendo aquela criança, que não é apenas mais um número e que não é apenas tratar sintomaticamente a febre fazendo uma injeção de dipirona. Ele precisa de um diagnóstico, ele precisa de atenção. Precisa de uma consulta completa e isso envolve atenção, carinho afeto e defender a proposta de saúde pública”, ponderou o pediatra.

Hoje, segundo a secretária de Saúde, Denise Liell o município conta com 18 pediatras e este número é o suficiente para atender a demanda e a remuneração dos pediatras está na média estadual. “Um médico de 20h recebe cerca de R$ 5 mil, o profissional contrato para 30 horas chega receber quase R$ 7mil já os médicos da Saúde da Família a remuneração é superior a R$ 11 mil”, revela a secretária.

A secretária afirmou que não há falta de pediatras nos plantões, exceto problemas esporádicos. Denise disse que o município tomou uma decisão administrativa de não remunerar os plantões. “Nossa meta é substituir todos os plantonistas por profissionais de carreira – é uma decisao administrativa – assim ampliamos a possibilidade de mais profissionais, mais emprego. Vamos manter o profissional recebendo o seu salário e se ele trabalhar no período noturno receberá adicional noturno, não só o médico, mas enfremeiros e técnicos em enfermagem. Já está vigorando - o profissional atua na sua carga horária contratada e se exeder esta carga receberá em hora extra, desde que haja um planejamento destas horas, ou seja, em que momento irá fazer estas horas e quantas horas, para que possamos ter um planejamento deste trabalho e a disponibilidade do recurso financeiro”.

O presidente da Comissão da Ordem Econômica e Social da Câmara de Toledo – COES, o vereador Leoclides Bisognin (PMDB) presidiu o debate e declarou que esta será a prática da Comissão. “Queremos fomentar o debate, nos antecipar aos problemas, conversar com quem está envolvido com o assunto para que possamos pautar nossas ações. Estou satisfeito com o resultado deste debate, ouvimos aqui não só o relato dos problemas, mas os médicos além de pedir mais diálogo apontaram caminhos, como a prevenção. O que num primeiro momento é visto como custo logo será possível ver os resultados. Campanhas de prevenção geralmente tem um baixo custo, mas trazem grandes resultados, por isso precisamos ouvir quem entende do assunto e a partir de agora rever as ações do município”, avaliou Bisognin.

Você acompanha a cobertura completa da reunião da COES, em vídeo.

Por Selma Becker

 

Sem nome %281144 x 250 px%29