Atualmente o Bom Jesus necessita de aproximadamente R$ 3,8 milhões mensais para o pagamento do quadro funcional, dos plantonistas, insumos e demais custos. O superintendente da Hoesp, Thiago Daross Stefanello, presente no encontro, detalhou as receitas e despesas do hospital, o acúmulo de dívidas, e a necessidade de alocação de recursos para custeio de forma urgente a evitar o encerramento completo das atividades. Segundo ele, a situação é recorrente há anos e só se agrava, pois a população aumenta e os atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) também, o que eleva a dívida entre os R$ 500 mil e R$ 600 mil a cada mês.
Um dos principais problemas é a falta de credenciamento dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) junto ao Ministério da Saúde (MS). Atualmente são repassados, de forma administrativa, uma diária de R$ 472,00 por leito. A luta é que este valor chegue aos R$ 800,00, valor pago pelo Ministério da Saúde para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e para as regiões metropolitanas de Curitiba e Londrina, no Paraná. Somente este aumento de repasse referente aos leitos de UTI equilibraria as contas do hospital.
Segundo o prefeito Beto Lunitti, as prefeituras integrantes do Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar) estão fazendo o possível para solucionar o impasse. “Sabemos da importância do Hospital Bom Jesus para todos os municípios da região. A situação é séria e estamos empenhados na busca por uma solução”.
Sobre a intenção do corpo clínico da Hoesp de parar com os atendimentos médicos devido ao não pagamento dos plantões, Beto pediu que a superintendência da casa hospitalar transmita a mensagem de que o Ciscopar e demais órgãos não estão medindo esforços para um bom termo.
A atitude demonstrou preocupação com a situação que levará a entidade ao fechamento já no mês de abril caso nada aconteça. “Em Toledo fizemos uma opção pelas políticas de saúde e vamos manter o nosso compromisso com esta escolha. No que depender do nosso Governo, o Hospital Bom Jesus continuará atendendo a população”.
A preocupação dos gestores municipais é mais uma vez a conta recair sobre as Prefeituras. “Os próprios municípios acabam, em algumas situações, absorvendo uma coisa que eles não têm programação financeira. Aconteceu isso no ano passado em relação ao pagamento de diárias de UTI e a gente protelou um problema que é eminente e que já vem rolando há muitos anos”, disse o prefeito de Santa Helena, Jucerlei Sotoriva. A população, segundo ele, não tem o entendimento de quais as competências do município, do estado ou da união. “Se perguntarmos em nossos municípios as pessoas vão dizer: o prefeito que resolva, foi eleito para isso”.
Politicamente esta solução é fácil, porém administrativamente ela é praticamente impossível. “A partir daí nós temos duas situações: municípios que possuem uma estrutura e conseguem dar conta do básico e municípios que investem no atendimento juntamente com à Hoesp e tem um atendimento mais expressivo, um número maior de encaminhamentos para o hospital”. O presidente do Ciscopar, o prefeito de Palotina Jucenir Stentzler, reforçou a afirmação. “Nossos representantes políticos estão lá batendo na porta do Ministério da Saúde (MS). Os municípios poderiam assumir estas despesas. Vontade não falta, o problema é a legalidade”, frisou.
A diretora da 20ª Regional de Saúde citou a ampliação de R$ 100 mil nos repasses mensais já realizados para o Hospital Bom Jesus. Em relação ao credenciamento dos leitos de UTI, uma reunião no Ministério da Saúde estava agendada para esta quarta-feira (17) envolvendo os deputados federais Sérgio Souza, Dilceu Sperafico, Alfredo Kaefer e Leandre Dal Ponte. O encontro não foi realizado, devido ao pedido de exoneração do ministro da Saúde, Marcelo Castro.